Cida Barbosa
postado em 04/01/2012 09:04
Situada às margens do Rio Sena, Rouen é uma sedutora cidade no norte da França, com 120 mil habitantes. Localizada a 122km de Paris, a capital histórica da Normandia ficou conhecida também por ter sido o local dos últimos dias de Joana D;Arc (leia o Para Saber Mais), a jovem heroína que liderou a luta francesa contra a ocupação da Inglaterra, na chamada Guerra dos Cem Anos, e que foi queimada viva, acusada de bruxaria.Capturada em Compi;gne, Joana D;Arc foi levada, em 1430, a Rouen, então controlada pelos ingleses. O prédio onde foram tomadas as decisões sobre o destino da guerreira está bem preservado. Mas o que atrai mesmo os turistas é o local da morte da Donzela de Orleans, como ficou conhecida. Uma cruz marca o ponto exato da fogueira que a queimou viva, aos 19 anos, na Place du Vieux-Marché (Praça do Velho Mercado). As cinzas acabaram jogadas no Rio Sena, numa tentativa de evitar que a jovem mártir fosse venerada.
Na praça, há uma igreja em homenagem àquela que se tornou uma das santas protetoras da França. Com design moderno, foi construída em 1979. Tem o teto no formato de um casco de navio e belos vitrais, herdados da Igreja de San Salvador, que existia no lugar e cujas ruínas ainda podem ser vistas parcialmente do lado de fora. Também na parte externa, há uma estátua representando Joana D;Arc, em tamanho natural, e um bem tratado jardim.
A cidade, no entanto, é muito mais do que o local do martírio de Joana D;Arc. Um dos prazeres de que o turista pode desfrutar é passear pelas estreitas ruas medievais, observando os prédios históricos de arquitetura normanda ; com estruturas em madeira ;, muito preservados. Há, também, várias lojinhas de cerâmica feita a mão. As peças são caras, mas não deixam de atrair os visitantes.
Pinturas
Ainda no centro histórico, um dos pontos imperdíveis é a Catedral Notre-Dame de Rouen, uma obra-prima do estilo gótico, construída entre os séculos 12 e 15. Tem 137 metros de comprimento e 24 de largura. A nave principal chega a 28 metros. Na fachada, há portais com esculturas que representam passagens bíblicas. As obras eram um artifício necessário para conhecer as escrituras sagradas, pois, à época, apenas 5% da população sabiam ler.
Chamam a atenção também as duas torres, de São Romão (de 77 metros, à esquerda) e de Manteiga (80 metros, à direita). Acima da lanterna da torre central foi construída, entre 1825 e 1876, uma agulha neogótica em ferro fundido, para substituir a anterior, destruída por um incêndio. Com a modificação, a igreja se tornou o edifício mais alto do mundo até 1880.
A beleza da catedral fascinou o impressionista Claude Monet. Do seu ateliê, logo em frente ; hoje o prédio funciona como escritório de turismo da cidade ;, ele passou um ano, de 1893 a 1894, retratando a fachada da igreja. Pintou 28 telas, em vários horários e de pontos de vista diferentes. Quis mostrar que a influência da luz pode interferir na percepção da realidade.
Outro grande símbolo de Rouen é o Le Gros Horloge, o Grande Relógio, localizado na rua que liga as praças da catedral de Rouen e do Velho Mercado. O relógio astronômico está instalado num campanário de estilo gótico, construído no fim do século 14. A fachada dele, feita de madeira e gesso (esculpido de forma a imitar as propriedades da pedra), é banhada em ouro. O funcionamento, com um único ponteiro, hoje se dá por meio de um sistema elétrico, mas o antigo mecanismo também foi preservado. Uma esfera logo acima dos ponteiros tem a cor metade prata e metade preta, e marca as fases da lua e das marés.
O Museu de Belas Artes também deve ser incluído no roteiro em Rouen. Apresenta uma rica coleção de pinturas e esculturas datada dos séculos 15 a 20. Há obras do próprio Monet, de Caravaggio, Degas, Renoir e Modigliani, entre outros, que podem ser apreciadas em cerca de uma hora e meia de visita. O local recebe cerca de 150 mil turistas por ano.
A jornalista viajou a convite da Atout France ; Agência de Desenvolvimento Turístico da França
Conflito de 116 anos
Um dos maiores e mais sangrentos conflitos da Idade Média, a Guerra dos Cem Anos foi um duelo entre França e Inglaterra, então principais potências europeias, por territórios e poder econômico. Durou, na verdade, 116 anos, de 1337 a 1453.
Sacrifício da quaresma
Construída no século 15, a torre teve parte do custo bancada por doações. O povo foi convencido de que, ao invés de evitar a carne na quaresma, teria de se abster de manteiga. O dinheiro para comprá-la deveria ser revertido para a construção da torre. Veio daí o nome.