São Paulo - A Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa) anunciou ontem, na abertura da 36; edição de seu encontro comercial, uma campanha para flexibilizar a exigência de vistos para o brasileiro que visita os Estados Unidos e para o norte-americano que visita o Brasil. Apoiada por entidades como a Associação Brasileira das Agências de Viagem (Abav), a Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH), a Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos (Abremar) e a Fecomércio, entre outras, a iniciativa tem um detalhe no mínimo ambicioso.
;Queremos conquistar isso antes da Copa do Mundo de 2014;, comentou o novo presidente da Braztoa, Marco Ferraz. ;Apesar de os EUA não serem tipicamente fãs de futebol, foram o país que mais mandou turistas para o mundial da África do Sul, em 2010. Não podemos perder esses viajantes quando chegar a nossa vez;, continuou ele, que tomou posse ontem.
[SAIBAMAIS]O assunto esteve na pauta de um encontro que a Braztoa e outras instituições do setor tiveram com o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, no fim de julho. Agora, os representantes do mercado tentam uma reunião com o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, para discutir a questão, que depende de um acordo bilateral entre Brasil e Estados Unidos.
O site da campanha (www.visawaivernow.com.br) traz uma série de dados, atualizados em tempo real, sobre os prejuízos econômicos acarretados pelas exigências atuais. Segundo a Braztoa, o Brasil deixa de receber pelo menos 640 mil turistas norte-americanos e R$ 1,24 bilhão por ano. Os hotéis do país, por sua vez, poderiam ganhar o equivalente a 2,24 milhões de diárias se os visitantes dos EUA tivessem menos dificuldades de obter um visto de entrada para o maior país da América do Sul.
Atualmente, os Estados Unidos são o segundo país (em primeiro lugar, está a Argentina) que mais manda visitantes para o Brasil: são 640 mil (ao ano), que deixam cerca de US$ 2 mil (por pessoa). ;O fim da exigência representaria mais 15 mil empregos diretos e indiretos;, explicou Marco Ferraz.
;No Brasil, para criar um emprego, são necessários 26 turistas; quando se fala só dos turistas americanos, esse número cai para 20, pois eles gastam mais do que a média", detalhou Jeanine Pires, presidente do Conselho de Turismo e Negócios da Fecomércio.
;Década perdida;
Quando o assunto é a entrada do Brasil no programa Visa Waiver (resumidamente, uma lista de países que não exigem visto para viagens de até 90 dias), os participantes do setor contam com um aliado poderoso na terra do Tio Sam: a US Travel Association, representante local da indústria do turismo. Vem dessa associação uma série de números e argumentos que justificam a necessidade de facilitar a obtenção (ou acabar com a exigência) de vistos de viajantes do Brasil, da China e da Índia.
;Nos próximos 10 anos, o maior crescimento no mercado mundial de turismo ocorrerá em países onde os Estados Unidos não conseguem mais suprir a atual demanda por vistos. O sistema atual está acabando com a nossa capacidade de lutar pelos recursos trazidos pelos viajantes internacionais;, defende a associação em relatório divulgado em maio deste ano. No documento ; que chama de ;década perdida para o turismo dos EUA; os anos entre 2000 e 2010 -, a US Travel retrata ainda outra agonia bem brasileira: no país, o tempo médio para obtenção de um visto é de 145 dias.
A jornalista viajou a convite da Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa)