Flávio Resende - Especial para o Correio
Os precursores foram Alcione e Papete. Depois deles, vieram Rita Ribeiro e Zeca Baleiro para mostrar ao Brasil e ao mundo um pouco das maravilhas do Maranhão. O estado, embora conhecido pela adoração ao Guaraná Jesus e ao reggae, tem várias outras facetas a mostrar.
Viajar para São Luís do Maranhão é como voltar ao passado. As marcas coloniais estão por toda parte no centro histórico, o que justifica o apelido de cidade dos azulejos, embora a conservação deixe a desejar. A limpeza merece atenção por parte da administração pública. Patrimônio Histórico da Humanidade desde 1997, tem 107 mil metros quadrados de área urbana tombada, envolvendo cerca de 1,2 mil edificações, constituindo o mais extenso e valioso conjunto de arquitetura colonial portuguesa do século 19. Os casarões e as ruas ludovicenses (nome dado ao que é relativo à cidade) guardam histórias peculiares. Só estando lá e interagindo com o povo para saber.
Esses grandes sobrados de arquitetura tipicamente portuguesa ; estão classificados 3,5 mil edifícios, que o governo do estado vai recuperando, aos poucos, por meio do projeto Reviver ; ficam alojados na retina do viajante. A ideia é restaurar o casario colonial do centro da cidade e instalar iluminação pública de época. Um trabalho demorado, mas louvável.
Não dá para ignorar verdadeiros crimes contra o projeto arquitetônico da área antiga da cidade, como o edifício da década de 1950 cravado no centro histórico, onde até alguns anos atrás funcionava a sede de uma autarquia pública. Hoje desativado, o prédio destoa da beleza colonial do lugar.
Festa
Trata-se de uma capital de culturas distintas, com influências portuguesas, holandesas e francesas, somadas ao substrato nativo dos índios tupinambás. São Luís exibe ainda hoje fortes traços oriundos da África, pois foi depósito de escravos noutros tempos (confirme-o numa visita à Cafua das Mercês, hoje Museu do Negro). São Luís é, inclusive, uma das mais negras cidades do Brasil, atrás de Salvador (Bahia) e do Rio de Janeiro. E condensa numa só ilha muito do que de mais genuíno o Brasil tem para oferecer.
São Luís já foi apelidada de ilha do amor por quem não esquece o belo pedaço habitado por gente calorosa; Atenas brasileira, pela intensa atividade na área das letras; Jamaica brasileira, pela cultura do reggae; ou ainda cidade dos azulejos, pelos mosaicos trabalhados e coloridos, que cobrem os casarões urbanos. Os azulejos são, aliás, o símbolo principal da capital maranhense.
O PODER DO ARTESANATO
Outro lugar aonde não se pode deixar de ir é a Galeria Reviver, no centro histórico, onde se comercializa o artesanato produzido no estado. Repare, por exemplo, na barraca Lua e Mar. Ali são vendidas peças de cerâmica esmaltada, cuja renda se destina a um grupo de adolescentes carentes, responsáveis pela confecção de jarros e enfeites em geral, com o toque da cultura maranhense. As peças custam caro, mas são originais e bem produzidas.