Localizada no extremo leste da Alemanha, Dresden é um dos principais símbolos das perdas que a Segunda Guerra Mundial imprimiu à Alemanha. A charmosa cidade ; toda esculpida em arte barroca ;, capital da Saxônia, foi totalmente destruída nos bombardeios ocorridos em 13 e 14 de fevereiro de 1945.
A devastação de Dresden fazia parte da estratégia dos aliados em sedimentar a supremacia dos exércitos norte-americano e inglês sobre as forças germânicas. Todas as construções de Dresden foram postas ao chão, o que rendeu à cidade uma triste posição na história: o de local com o maior registro de destruição na Alemanha.
Tão incrível quanto o aniquilamento, no entanto, foi o poder de restauração. Há pelo menos três décadas, não só o governo alemão, mas outros países da Europa reúnem esforços para reerguer Dresden tal como ela era antes da guerra. O resultado atrai milhares de turistas à cidade, que ganhou o codinome de a Florença do Elba, pelas semelhanças que guarda com a cidade italiana.
A força-tarefa para recuperar as ruínas de Dresden é apenas um dos destaques. Lá também é possível fazer uma visita guiada pelo Memorial Gedenkst;tte Bautzner Strasse, a prisão da Stasi (polícia de segurança da antiga República Democrática Alemã, ou Alemanha Oriental). Em um discreto bairro de Dresden, a cadeia, outro exemplo de museu natural, preserva intactos os ambientes insalubres onde foram mantidos presos políticos considerados contra o sistema comunista. Centenas de cativos morreram doentes, pois ficavam expostos ao frio e a condições precárias de higiene e alimentação.
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Banho incompleto
Os detentos eram obrigados a permanecer em celas subterrâneas onde não batia sol, e a água gelada do inverno inundava os ambientes até a altura das canelas. Quando permitido, o banho não era completo. Os carcereiros ordenavam o retorno à cela ao perceberem que os subjugados tinham apenas se ensaboado. Especialistas em técnicas de tortura psicológica, os guardas mantinham os presos políticos totalmente isolados, sem que pudessem perceber a presença de colegas. A prática, confiava a Stasi, facilitaria os interrogatórios.
Pias, chuveiros, cadeiras, camas, grades, tudo está mantido como funcionava no período pós-guerra. Outro ponto de Dresden reserva chance de contato com a Alemanha comunista. A BStU abriga o gigantesco arquivo da Stasi.
No lugar, a Polícia de Segurança arquivava dossiês completos de milhares de pessoas consideradas suspeitas de atuar contra o sistema. Os arquivos, com mais de 13 milhões de referências, entre fotos, cartas e documentos interceptados, estão abertos à consulta de historiadores, jornalistas e personagens investigados durante a existência da instituição.
Diante do impacto que as investigações clandestinas tiveram na vida de milhares de alemães, o governo decidiu proibir que centenas de colaboradores da Stasi ocupem cargos públicos no governo ou assentos no Parlamento.