Jornal Correio Braziliense

Turismo

Fotos mostram um novo olhar sobre a maior metrópole do país

Exposição no Ibirapuera mostra, com ferramentas interativas, o que acontece com os recursos hídricos do planeta e qual é a responsabilidade dos seres humanos


Uma exposição montada no Parque do Ibirapuera, em São Paulo, traz um novo olhar sobre a maior metrópole do país. Água na oca fica em cartaz até 8 de maio e convida não só a observar o imponente espaço verde da capital, mas a pensar na importância de cuidar melhor de um recurso natural cada vez mais escasso.

No último domingo do mês, quando a entrada é franca, a fila se torna quilométrica. E haja paciência para visitar a exposição. A dica? Fugir desse dia e pagar o ingresso. Pode apostar: vale cada momento passado dentro do Pavilhão Lucas Nogueira Garcez (a Oca), pela inventividade da mostra, pela quantidade de informações e pelo show de tecnologia empregado nas instalações. Reserve pelo menos duas horas para a visita. Segundo o curador científico da mostra, Mário Domingos, 47 anos, mais de 90 mil pessoas já passaram por lá desde a abertura, em novembro.

Moradora de São Paulo há pouco mais de um ano, a mineira Marília Coutinho, de 25 anos, deliciou-se com as duas horas em que percorreu os três andares da exposição. ;Saí de lá com a sensação de que cada pessoa pode fazer a diferença para conservar o que a humanidade tem de mais precioso, que é a água;, disse a advogada, que adorou também a interatividade em todos os cantos da mostra.

Aquários
Marília se divertiu na máquina de calculágua, na seção Mundo d;Água, onde os visitantes podem descobrir quanto líquido gastam em suas atividades diárias e o que podem fazer de diferente para economizar. Já na balança d;água, a brincadeira é tentar equilibrar o dispositivo com unidades que contenham porcentagens parecidas às do líquido no corpo. Assim, aprende-se, por exemplo, que uma mulher adulta tem o mesmo percentual de água que uma barata: 60%.

Dali é possível observar a faixa de aquários com mais de 60 peixes que vivem em sete ecossistemas diferentes: do Rio Negro, no Brasil, à Bacia do Congo, na África. Em outro aquário, virtual, uma montagem apresenta os minúsculos bichos que habitam ambientes aquáticos, como mangues. Há também canoas, remos e miniaturas de embarcações de várias épocas. No mesmo espaço, as janelas redondas da Oca, um dos prédios projetados por Oscar Niemeyer para o parque, servem para projeção de vídeos sobre energia do mar, o novo curso do Velho Chico, as correntes de navegação, a água encontrada no espaço, etc.

Um dia no parque
Ele é a mais famosa atração da zona sul e está integrado à vida dos paulistanos que fazem ali suas caminhadas diárias. Aos domingos, é programa gratuito para milhares de pessoas que gostam de ficar na grama sem fazer nada ou aproveitam para andar de bicicleta ou skate e até treinar esgrima. O parque abriga a Fundação Bienal, o Museu de Arte Moderna ; com acervo de mais de 3,5 mil peças ; e o Museu Afro Brasil, boa surpresa. Nesse último, você terá uma aula sobre a contribuição do negro na cultura do país e do mundo, ficará impressionado ao ver fotos e documentos da época da escravidão e saberá mais sobre as divindades africanas.

Visite

Água na Oca
Pavilhão Lucas Nogueira Garcez (Oca). Parque do Ibirapuera, Vila Mariana, portão 3.

Horários
Terças, quartas e sextas-feiras, das 9h às 18h (bilheteria até as 17h); quintas-feiras, das 9h às 21h (bilheteria até as 20h); sábados, domingos e feriados, das 10h às 20h (bilheteria até as 19h). Fecha às segundas-feiras.

Ingressos
Inteira: R$ 20. Meia-entrada para estudantes e professores. Menores de 7 e maiores de 60 anos não pagam. No último domingo de cada mês, a entrada é franca.

Quem faz
Curadoria de Marcello Dantas. Realização do Instituto Sangari e do Museu de História Natural de Nova York. Apresentada por IBM, Petrobras e Movimento Cyan. Patrocínio do Bradesco e copatrocínio de Volkswagen e Tejofran.

Na internet



Estética e conteúdo se destacam
Outra divisão interessante da mostra é A Última Fronteira, no segundo andar, onde o visitante se deita em colchões d;água e assiste a um vídeo que o transporta a várias áreas de nossos oceanos. Há desde cenários com milhões de peixes coloridos até zonas abissais, com suas criaturas luminosas. No fim do vídeo, há uma mensagem educativa sutil: uma montanha de lixo, com sacolas plásticas caindo do alto, mostra que o fundo do mar está sendo povoado por algo bem menos inocente do que seres marinhos.

Na seção Infiltração, a mostra apresenta a relação entre a água e a cidadania, as políticas ambientais e a fragilidade do ser humano diante das catástrofes que podem ser evitadas se cada um fizer sua parte. Na Casa de Água, erguida com caixotes de papelão e madeira, o visitante tem a sensação de estar em meio a uma enchente. Nesse ponto, os monitores (são 40) explicam às crianças que um simples papelzinho de chiclete jogado da janela de um carro vai parar na boca de lobo, entupir as galerias pluviais e ajudar a provocar as enchentes.

No subsolo, a seção Desaguar dá lugar à criatividade de artistas plásticos, com instalações belas e lúdicas. O Zero hidrográfico, por exemplo, dos artistas Leandro Lima e Gisela Motta, mostra o movimento das ondas do mar, numa montagem luminosa. As crianças são as que mais se esbaldam com a instalação Água, de Rejane Catoni, Raquel Cogan e Leonardo Crescenti, que permite deslizar descalço sobre uma superfície que lembra um lago congelado.

A exposição não trata somente de problemas. Há saídas apontadas, por exemplo, para gastar menos água no banheiro. ;A preocupação desta exposição é mostrar o papel de cada um. As pessoas saem sensibilizadas, acredito que o retorno seja muito positivo;, afirma Mário Domingos. (MT)