São Paulo ; De olho no bom momento da economia brasileira e no real valorizado frente ao dólar, o mercado internacional de turismo envia cada vez mais representantes aos eventos do setor no país. Um deles é o 35; Encontro Comercial da Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa), que termina nesta sexta-feira (25/3), com número recorde de expositores estrangeiros: são 27 escritórios de promoção de países e cidades, ante os 14 vistos no evento de um ano atrás. A eles, somam-se os divulgadores de hotéis, serviços de receptivo, shoppings, parques de diversões e casas noturnas.
Polônia, Turquia, Uruguai e Equador estão entre os destinos que, pela primeira vez, apresentaram seus atrativos no encontro. O último ainda surpreendeu a organização ao investir US$ 70 mil e tornar-se um dos principais patrocinadores do evento. ;Para analisar a atuação do Equador, é preciso observar os números do mercado: segundo a Organização Mundial do Turismo, 900 milhões de pessoas viajam por ano; desse total, 80% são turistas que fazem percursos de até quatro horas de duração. O Brasil, que está próximo e tem quase 200 milhões de habitantes, torna-se um público-alvo interessante;, avalia o presidente da Braztoa, José Eduardo Barbosa.
A participação do Equador na Braztoa faz parte de um plano para transformar o turismo na principal fonte de renda do país. Atualmente, o setor ocupa o terceiro lugar na economia nacional, atrás do petróleo e das bananas. Para impulsioná-lo, o Ministério do Turismo ganhou orçamento de US$ 50 milhões para 2011, cifra bem diferente da média histórica da última década, de US$ 6 milhões. A entrega do novo aeroporto de Quito, prevista para este ano, e a remodelação de 80% das estradas do país completam a estratégia.
;A crise econômica global, por um lado, afetou enormemente o Hemisfério Norte e, por outro, fez com que o real se valorizasse. Vimos aí uma oportunidade de investir num turista que está aberto a conhecer novos destinos;, afirmou o vice-ministro de Turismo do Equador, Luis Falconi. ;O brasileiro conhece as Ilhas Galápagos, mas há ainda mais para mostrar, como a Avenida dos Vulcões (onde ficam os mais altos do país) e a rota das flores (que valoriza a produção de rosas);, emendou.
A meta é aumentar 20% o fluxo de turistas brasileiros ; atualmente, são 15 mil por ano ;, número que pode crescer caso o país consiga uma conexão aérea direta. Atualmente, o Equador aposta tanto nas negociações com a Lan, a Avianca e a Gol quanto na estatização da Tame, que já teve um vôo direto entre Quito e São Paulo.
Conexões
Os gastos crescentes dos brasileiros com viagens internacionais ; US$ 1,907 bilhão em janeiro e fevereiro deste ano, contra US$ 1,144 bilhão gastos nos dois primeiros meses de 2010, segundo o Banco Central ; também fizeram crescer os olhos dos poloneses. ;Acreditamos que a herança dos imigrantes do sul e a beatificação do papa João Paulo II sejam bons motivos para o turista daqui olhar mais atentamente para a Polônia;, comenta Anna Cichonska, diretora de marketing da Organização Polonesa de Turismo.
;Há outras razões que justificam uma ida ao país. O câmbio é favorável aos brasileiros porque não estamos na zona do euro, fala-se inglês em toda parte e há conexões a partir da Polônia para países do centro da Europa, do leste do continente e dos Bálcãs;, continua Anna Cichonska. Não há planos para a criação de um vôo direto entre o Brasil e a terra natal de João Paulo II, mas pode-se ir de Brasília a Varsóvia via Lisboa, pela TAP. Atualmente, 20 mil brasileiros visitam o país europeu por ano, segundo o escritório.
O órgão de promoção se uniu aos da República Tcheca, da Hungria e da Eslováquia ; formando a marca Quarteto Encantado ; para buscar novos negócios no encontro. ;Quando vai à Europa, o brasileiro não viaja só para um país. Dá para conhecer os quatro de uma vez e conhecer histórias e culturas riquíssimas no centro do continente;, explica József Németh, diretor do Escritório Nacional de Turismo da Hungria. ;Em dois ou três anos, o número de brasileiros visitando o país pode passar de 20 mil para 30 mil;, acredita.
Consolidação
Mesmo destinos já consolidados, como Argentina e Nova York, aumentaram os esforços para atrair os viajantes do maior país da América do Sul. Principais patrocinadores da 35; Braztoa, os hermanos tomaram um andar inteiro do centro de convenções do Shopping Frei Caneca (que conta com dois andares). Os estandes divulgam tanto os destinos ainda pouco conhecidos quanto os pacotes voltados para a Copa América de Futebol (em julho). Em 2010, 1 milhão de brasileiros visitaram a Argentina, número que deve crescer de 10% a 15%, segundo estimativas do Instituto Nacional de Promoção Turística.
Nova York, por sua vez, trouxe 12 empresários (na maioria, hoteleiros) para uma rodada de negócios com operadores de turismo do Brasil. ;O país já é o sexto maior mercado emissor de viajantes para lá. As lojas que antes se preocupavam em atender bem aos japoneses e aos chineses agora estão preocupadas em servir o brasileiro, porque sabem que ele gasta;, comenta Barbosa.
A jornalista viajou a convite da Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa)