O passeio para observação do encontro das águas, na Amazônia, é indispensável para quem visita a região. O fenômeno ocorre na união do Rio Negro, de água escura, e do Solimões, que tem aspecto barrento. Ambos correm lado a lado, sem se misturar, por 14km devido a dois fatores: a diferença entre a densidade e a temperatura dos dois rios e a velocidade da correnteza.
O Rio Negro (22;C), cuja cor se explica pela decomposição do material orgânico em suas margens e pela presença de uma rocha de nome uatumã, corre a cerca de 2km/h. Já o Solimões (28;C), que nasce nos Andes e vem descendo com grande velocidade carregando sedimentos, flui com velocidade entre 4km/h e 6km/h.
A viagem dura seis horas (das 9h às 15h) e começa em Manaus. A gaiola ; nome dado ao barco usado no transporte ; sai do porto flutuante e segue pela margem esquerda do Negro em direção ao ponto em que ele se encontra com o Solimões. Do barco, tem-se outro olhar da cidade: avistam-se a prefeitura, o mercado municipal, os bares e as vendas flutuantes, tudo às margens do rio. No caminho, ainda se veem 20 postos flutuantes de combustível, chamados de Pontão.
Nessa hora, com sorte, o visitante terá a chance de avistar belos animais da Amazônia, como o boto cinza ou tucuxi (Sotalia fluviatilis), que pode pesar entre 45kg e 50kg, e o boto vermelho ou boto cor-de-rosa (Inia geoffrensis), cujo peso fica em torno dos 50kg quando o bicho chega à idade adulta. Além disso, bandos de araras e pássaros raros cruzam o céu.
Dezoito quilômetros após a partida, quando se chega ao encontro das águas, na linha da divisão dos rios ; de um lado, o rio mais claro; do outro, o rio de cor negra ;, a emoção é enorme entre os passageiros. Todos procuram um lugar para ver o mais perto possível o fenômeno da natureza. Mesmo com as explicações técnicas do guia, é difícil compreender como tanta água não se mistura.
O barco segue paralelamente à linha do encontro das águas, e é nessa hora que grande parte das fotos e registros são feitos. Os guias também costumam pegar dois copos com as águas de cada rio e mostrar como a diferença entre elas é clara. Está aí outra oportunidade de tirar mais algumas fotografias de lembrança.
Frutas
A embarcação percorre mais 25km para chegar à próxima parada do passeio: o Parque Ecológico Janauari, até uma comunidade ribeirinha que vive da pesca, do artesanato e do turismo. O barco faz parada no restaurante flutuante Valdecy, que fica no Lago do Janauari. Embora simples, o restaurante tem um diferencial. Nele, é possível almoçar sobre as águas, com vista para a floresta, saboreando uma comida de encher os olhos. Há grande variedade de peixes da região e sucos de frutas típicas ; como o cupuaçu, o taperebá e o açaí ; no cardápio.
Logo atrás do restaurante, há o Lago da Vitória Régia, uma das atrações mais interessantes do passeio. Entra-se floresta adentro por aproximadamente 100 metros sobre uma ponte suspensa ; por causa da época das cheias dos rios ;, até que se chega ao ponto de visitação das vitórias-régias ou lírios da Amazônia, como a espécie também é conhecida.
No local, pode-se apreciar a natureza e conhecer mais sobre essa joia amazônica. As vitórias-régias são consideradas as maiores plantas aquáticas do mundo. Seu diâmetro pode chegar a dois metros.
Depois de visitar o lago, chega a hora de explorar os igapós e os igarapés. Em canoas motorizadas, os viajantes partem para um contato direto com a floresta virgem e ficam bem próximos às árvores que cercam os igarapés. Essa visão marca o fim do passeio e o começo do retorno para Manaus.
O jornalista viajou a convite do hotel Caesar Business Manaus