Mark Zuckerbeg, CEO da rede social, defende há meses em nome da liberdade de expressão uma abordagem mais flexível que a do Twitter e do Youtube sobretudo no que se refere ao discurso de personalidades políticas.
Mas ele mesmo deu detalhes sobre o endurecimento de sua posição.
A plataforma agora suprimirá os anúncios que digam que as pessoas de determinadas origens, etnias, nacionalidades, gênero e orientação sexual são uma ameaça para a segurança ou a saúde dos demais, disse Zuckerberg, em um comunicado divulgado em seu perfil no Facebook.
A maior rede social do mundo recebe há semanas uma enorme pressão por parte da sociedade civil, assim como de alguns dos seus funcionários, usuários e clientes, que exigem que a plataforma seja mais dura na forma de lidar com os conteúdos de ódio.
Organizações como a Liga Anti-Difamação (ADL) e a Associação Nacional para o Progresso das Pessoas de Cor (NAACP) pediram aos anunciantes que boicotassem o Facebook como forma de pressioná-lo a verificar melhor o conteúdo dos grupos que usam a rede social para incitar ao ódio, ao racismo ou à violência.
A solicitação foi respondida pela gigante de alimentos e cosméticos Unilever, a empresa americana de telecomunicações Verizon, a sorveteria Ben & Jerry's, e empresas de artigos esportivos como Patagonia, North Face e REI, além da agência de vagas de emprego, Upwork.
Nesta sexta, a Coca-Cola, que investe enormes quantias de dinheiro em anúncios, anunciou a suspensão por pelo menos 30 dias sua publicidade nas redes sociais como parte de uma campanha contra o racismo nestas plataformas.
"Não há lugar para o racismo no mundo e não há lugar para o racismo nas redes sociais", disse James Quincey, diretor-executivo da gigante mundial em um breve comunicado.
Quincey exigiu que as redes sociais mostrem maior "transparência e responsabilidade", depois que outras marcas decidiram retirar seus anúncios para obrigar estas plataformas a suprimirem conteúdos que incitem o ódio.
A Coca-Cola aproveitará este período para "fazer um balanço sobre (suas) estratégias publicitárias e ver se precisa revisá-las", explicou o diretor-executivo.
Mais cedo, o comediante Sacha Baron Cohen, crítico da rede social, pediu às empresas "que gastam mais dólares em anúncios do Facebook" que se unam ao movimento. Ele citou Procter&Gamble, Walmat, Microsoft, Amazon, o jornal New York Times e outros.
- Advertências -
A segunda decisão tomada pelo chefe do Facebook está relacionada com o incidente que acendeu as discussões no fim de maio.
Nesta sexta, Zuckerberg falou sobre a preparação da plataforma para as eleições presidenciais de novembro, e disse que as medidas tomadas são o resultado "direto das sugestões recebidas de uma organização que defende os direitos humanos".
"As eleições de 2020 já se anunciavam quentes, e isso sem mencionar as complexidades relacionadas à pandemia e aos protestos que pedem justiça racial em todo o país", afirmou o CEO.
Zuckerberg prometeu que suas equipes foram mobilizadas para combater qualquer tentativa de impedir a votação (principalmente das minorias).
Mesmo sem menção explícita, ele comentou o incidente que provocou protestos contra o Facebook.
Ao contrário do Twitter, no final de maio essa rede social se recusou a moderar controversas mensagens do presidente Donald Trump, uma sobre votação por correio (que denominou de fraude eleitoral) e outra sobre os protestos após a morte de George Floyd, um homem negro que morreu ao ser sufocado por um policial branco em Minneapolis.
O Twitter decidiu ocultar os comentários do presidente e reduzir a circulação em potencial do que ele escreveu, embora permitisse a visualização do tuíte.
A partir disso, o Facebook se posicionou no meio do caminho entre remover conteúdo e não intervir nas publicações, como era sua política até agora.
"Os usuários poderão compartilhar esse conteúdo para criticá-lo, mas colocaremos uma etiqueta para informar às pessoas que o conteúdo compartilhado pode violar nossas regras", informou Zuckerberg.