;Não é apenas termicamente e eletricamente condutor, também é inteligente;, ressalta Carmel Majidi, professor-associado de engenharia mecânica e um dos criadores da solução, detalhada, semana passada, na revista Proceedings of the National Academy of Sciences (Pnas). O cientista compara a habilidade do material a reações humanas. ;Assim como recuamos ao tocar em algo quente ou afiado, o material detecta, processa e responde ao seu ambiente sem nenhum hardware externo. Por ter vias elétricas neurais, está um passo mais perto do tecido nervoso artificial;, diz.
Majidi é pioneiro no desenvolvimento de novas classes de materiais para uso em engenharia elástica e robótica macia. Ele e sua equipe criaram arquiteturas avançadas de materiais usando micro e nanogotículas de metal líquido deformáveis de índio e gálio. Agora, combinaram a técnica com elastômeros de cristal líquido (LCEs), um tipo de borracha maleável que se move quando exposta ao calor. A escolha da combinação se deu porque os LCEs têm funcionalidade promissora como material que muda de forma, mas não apresentam condutividade elétrica e térmica significativa. Segundo os criadores, a deficiência foi sanada com o uso de índio e gálio.
Danos
Outra característica importante do novo material é a resiliência e a resposta a grandes danos. ;Observamos as capacidades de autocorreção elétrica e de detecção de danos desse composto, sendo que a detecção foi além de materiais líquidos anteriores. Como o dano cria traços condutores que podem ativar a transformação de formas, o composto responde de maneira exclusiva a eles;, explica Michael Ford, pesquisador de pós-doutorado na universidade americana e principal autor do estudo.
Segundo Ford, a alta condutividade elétrica do material permite que ele faça interface com a eletrônica tradicional, responda dinamicamente ao toque e mude de forma quando necessário. Os criadores acreditam que ele poderá ser usado em qualquer aplicativo que exija eletrônicos elásticos, como os voltados para cuidados com a saúde, soluções de computação vestível e artefatos para missões espaciais.
Autocura
A mesma equipe da Carnegie Mellon criou um material de autocura, que se repara espontaneamente sob danos mecânicos extremos. Ele é composto por gotículas de metal líquido suspensas em um polímero mole. Quando danificadas, as gotículas se rompem para formar novas conexões com gotículas vizinhas e redirecionam os sinais elétricos sem interrupção. Os circuitos produzidos com traços condutivos desse material permanecem total e continuamente operacionais quando cortados, perfurados ou removidos. A solução foi apresentada, ano passado, na revista Nature Materials.