Londres, Reino Unido - O Facebook anunciou nesta segunda-feira a comercialização do "Portal", uma tela conectada que permite realizar chamadas de vídeo graças a uma câmera grande angular equipada com inteligência artificial, uma mutação estratégica para essa rede social que passa por momentos difíceis.
"É uma guinada", disse à AFP Andrew Bosworth, vice-presidente do Facebook encarregado de equipamentos de consumo.
O grupo americano comprou em 2014 a empresa de capacetes de realidade virtual Oculus, mas é a primeira vez que a gigante da internet desenvolve internamente um dispositivo de consumo.
"As chamadas de vídeo não param de aumentar no Messenger ou WhatsApp. Mas os equipamentos atuais, no telefone ou computador, são limitados. Então percebemos que se quiséssemos continuar a cumprir nossa missão, deveríamos fabricar nossos próprios aparelhos", explicou Bosworth.
A partir desta segunda-feira nos Estados Unidos, os consumidores poderão encomendar com antecedência estes monitores de alta definição, projetados para ser instalados em uma sala e fazer chamadas de vídeo sem ter que ficar em frente ou segurar o telefone com a mão.
"Portal" existe em dois tamanhos, de 10 e 15 polegadas, que serão vendidos nos Estados Unidos por 199 e 349 dólares, respectivamente. Para ativá-lo, o usuário pede que ele ligue para um de seus contatos, iniciando a frase com "Oye Portal".
O dispositivo também permitirá falar com "Alexa", a interface vocal da Amazon, para fazer compras ou manipular alguns aparelhos conectados.
Ele também vai dispor de um conjunto de aplicativos para música (Spotify), vídeos (Facebook Watch), contar histórias para crianças com efeitos de realidade aumentada (Story Time), ou verificar o tempo e notícias.
Os sistemas de inteligência artificial integrados permitem que a câmera aplique zoom automaticamente para incluir alguém que acabou de chegar ou, se o rosto de uma pessoa for selecionado, segui-la em seus movimentos ou priorizar o som de sua voz sobre ruídos ambientais.
"Um diretor de cinema nos ajudou a tornar os movimentos da câmera naturais", explica Nick Fell, diretor de marketing da equipe.
"Queremos fazer videochamadas tão boas que os usuários tenham a impressão de compartilhar o mesmo espaço físico", diz ele.
Em termos de segurança, Facebook promete que sua tela funcionará em circuito fechado, diminuindo o risco de ataque cibernético.
O Facebook, que no final de setembro teve de 50 milhões de contas hackeadas, está mergulhado há meses no escândalo da Cambridge Analytica, uma empresa britânica acusada de ter coletado e explorado sem consentimento os dados pessoais dos usuários para fins políticos.
A rede social foi acusada de não ser transparente quanto à gestão dos dados pessoais disponíveis, nos quais se baseia seu modelo econômico de propaganda seletiva.