O Facebook admitiu que o número de usuários afetados pelo compartilhamento ilegal de dados pessoais para a empresa britânica de consultoria política Cambridge Analytica é quase o dobro dos 50 milhões mencionados quando irrompeu o escândado, há duas semanas. ;No total, acreditamos que informações sobre 87 milhões de pessoas, a maioria nos Estados Unidos, podem ter sido compartilhadas de forma indevida com a Cambridge Analytica;, informou, em um comunicado, o diretor técnico do Facebook, Mike Schroepfer. Com bases nesses dados, a empresa britânica prestou serviços, em 2016, à campanha de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos e aos defensores da saída do Reino Unido da União Europeia, aprovada em referendo.
A revelação de Schroepfer coincidiu com a confirmação, para a próxima quarta-feira, do depoimento do CEO do Facebook, Mark Zuckerberg, perante o Congresso americano. ;A audiência de 11 de abril será uma importante oportunidade para lançar luz sobre as questões relativas à privacidade dos dados dos consumidores e ajudar a todos os americanos a entender melhor o que aconteceu com seus dados pessoais;, diz um comunicado pelos dois principais integrantes do comitê, o republicano (governista) Greg Walden e o democrata (oposição) Frank Pallone. ;Apreciamos que o senhor Zuckerberg deseje testemunhar e esperamos que responda as nossas perguntas.;
[SAIBAMAIS]Com cerca de 2 bilhões de usuários, o Facebook viu seu valor de mercado desabar, nas bolsas de valores, desde que o escândalo veio à tônica. Reportagens na mídia britânica e americana mostraram como a Cambridge Analytica se valeu de um ;questionário psicológico; respondido por 270 mil usuários da rede social para extrair dados sobre milhões de internautas, em 2014. Na época, os aplicativos autorizados por uma pessoa davam acesso aos dados de seus amigos no Facebook. Com base na análise dos interesses demonstrados por esses usuários, a consultoria ofereceu a políticos britânicos e à equipe de Trump modelos de perfil psicológico de eleitores e um cardápio de ações destinadas a influenciar decisões de voto.
Questionado ontem por jornalistas sobre o impacto do caso para o Facebook, Zuckerberg reconheceu os ;erros; na proteção dos dados dos usuários e renovou os pedidos de desculpas pela ;quebra de confiança;, mas insistiu que se considera ainda a pessoa mais adequada para comandar a empresa. ;Acho que viver é aprendert com os erros e descobrir os meios para seguir adiante;, afirmou o CEO. ;Quando se está construindo algo como o Facebook, que não tem precedentes no mundo, há coisas que você vai estragar;, ponderou. ;O que eu acho que as pessoas devem cobrar de nós é se vamos aprender com os nossos erros.;