O Facebook está no centro de um escândalo que poderia ameaçar até mesmo seu modelo comercial, após ser revelado que uma empresa britânica ligada à campanha de Donald Trump usou dados pessoais de milhões de usuários.
A ação do Facebook recuou 6,7% na sessão desta segunda-feira, (19/3), em Wall Street.
A notícia de que a empresa britânica Cambridge Analytica (CA), especializada em comunicação estratégica, tinha usado dados de 50 milhões de usuários do Facebook para desenvolver um software que prevê e influencia eleitores gerou protestos dos dois lados do Atlântico.
A conta da CA no Facebook foi suspensa, anunciou a rede social.
Facebook, mas também Twitter e Google, são acusadas há meses de servir como plataformas para manipular a opinião pública, particularmente por entidades vinculadas à Rússia durante a campanha presidencial americana, ou o referendo do Brexit em 2016.
"Esta é uma grande violação (de dados) que precisa ser investigada, e é óbvio que essas plataformas não podem se autorregular", disse a senadora democrata Amy Klobuchar, que integra um grupo que acredita que Mark Zuckerberg, CEO do Facebook, deve ir ao Congresso explicar o ocorrido.
No Reino Unido, o parlamentar Damian Collins, presidente da comissão que trata de assuntos digitais, também disse que Facebook e CA terão que se explicar.
A comissária europeia de Justiça, Consumidores e Igualdade de Gênero, Vera Jourova, disse que o uso indevido dos dados do Facebook por parte de uma empresa política seria "horrível", e anunciou que tratará do tema nesta semana em Washington.
A investigação conjunta do The New York Times e do The Observer indicou que a CA conseguiu criar perfis psicológicos de 50 milhões de usuários do Facebook usando um aplicativo de previsão de personalidade que foi baixado por 270.000 pessoas, mas também coletou dados de amigos da usuários.
A CA negou qualquer uso indevido de dados. O Facebook suspendeu a conta da empresa na sexta-feira, mas negou que fosse uma grande violação de dados, sugerindo que o problema afetaria um número muito menor de usuários.
O Facebook anunciou nesta segunda-feira que contratou a empresa Stroz Friedberg para realizar uma "auditoria abrangente" da CA.
Já a CA desmentiu as acusações. "Os dados do Facebook não foram utilizados pela Cambridge Analytica no âmbito dos serviços oferecidos na campanha presidencial de Donald Trump" e "nenhuma publicidade dirigida" foi realizada "para esse cliente", disse a empresa nesta segunda-feira.
A empresa foi financiada com 15 milhões de dólares por Robert Mercer, um empresário americano que fez sua fortuna em "fundos abutre" e é um dos principais doadores do Partido Republicano.