Aline Brito*
postado em 05/10/2017 12:33
São Paulo - O futurecom 2017, o maior evento de Tecnologias da Informação e Comunicação da América Latina, ocorre desde segunda-feira, 2, à noite. O evento traz este ano como temática central ;inspirando inovação;, com forte abordagem na Internet das coisas (IoT). A abertura do congresso contou com a presença do presidente Michel Temer, do ministro da fazenda, Henrique Meirelles, e do ministro da ciência, tecnologia, inovação e comunicações, Gilberto Kassab.
Na ocasião, Michel Temer, afirmou, que os avanços tecnológicos devem ser voltadas para a questão social e estarem a serviço da cidadania, mas também que é preciso garantir que chegam a todas as pessoas. ;Então a tecnologia deve estar a serviço da cidadania. No mundo de hoje, a tecnologia é instrumento de participação nos debates públicos e até na participação política;, disse. Os avanços tecnológicos possuem ;uma função social extraordinária;, acrescentou.
O lançamento do Plano Nacional de Internet das Coisas marcou o primeiro painel sobre o tema. O Diretor de Planejamento e Pesquisa do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Carlos Alexandre da Costa, junto com o Secretário de Política de Informática (Sepin) do Ministério da Ciência Tecnologia Inovações e Comunicações, Maximiliano Martinhão, lançaram o plano intitulado ;Internet das Coisas: um Plano de Ação para o Brasil;, detalhando as políticas, o plano de ação e as estratégias de implantação das tecnologias que vão conectar dispositivos e equipamentos.
;Nós acreditamos que não haverá coisas sem internet. Então o termo Internet das coisas é uma transição para um mundo em que todas as coisas terão internet. É o futuro;, disse Carlos da Costa.
O IoT também está diretamente ligado aos 17 objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) da agenda 2030 proposta pela Organização das Nações Unidas (ONU). ;O estudo de Internet das Coisas tem um impacto de 43% nos objetivos de desenvolvimento sustentável. Então não estamos falando só de impacto econômico, estamos falando de desenvolvimento;, afirmou da Costa.
Aplicação
A tecnologia das coisas nada mais é que um conceito tecnológico em que todos os objetos da vida cotidiana estariam conectados à internet, agindo de modo inteligente e sensorial. Por exemplo, um automóvel informando o sistema de ventilação da residência que seu morador está chegando, o smartphone servindo como interface entre as pessoas e o sistema elétrico da residência para programar o horário de acender as luzes ou ligar o ar condicionado, ou até mesmo fazer o reconhecimento facial para acionar a abertura de um portão da garagem ou da fechadura de entrada.
A empresa Logicalis, por exemplo, desenvolveu uma tecnologia que integra toda a cadeia de valor do varejo, desde o agronegócio até a venda ao consumidor. Por meio da leitura de um QR Code, o cliente tem acesso a todas as informações sobre o produto perecível que está levando para casa.
O exemplo usado pela empresa foi a rota da carne, em que o consumidor poderá ter acesso à informações desde a ração consumida pelo rebanho, o modo como aquele animal foi abatido, processamento da carne, temperatura do transporte até a indústria, trajeto da carne até o supermercado e dados de como o estabelecimento comercial conserva aquele ,produto. Essas informações são captadas por sensores em cada etapa do ciclo de vida do produto e registradas em blockchain, garantindo assim a imutabilidade das informações.
Essa tecnologia foi pensada a partir da Operação Carne Fraca, em que deflagrou irregularidades na produção e comercialização de carnes da maior distribuidora desse produto. ;A tecnologia já existe, só depende da adoção do mercado. Assim, o consumidor pode ficar a par de tudo que aconteceu com aquele alimento que ele vai ingerir, garantindo segurança e confiabilidade;, ressaltou Rafaela Mancilha, Arquiteta de IoT.
Inteligência
A inteligência artificial foi desmistificada durante o Futurecom 2017. Paulo Ossamu, Sócio Diretor de Estratégia de Tecnologia da Accenture, contou que a preocupação de desemprego relacionado ao avanço da tecnologia nas diversas profissões e áreas de atuação é, na verdade, um mito. ;A inteligência artificial vem para potencializar o ser humano, facilitar sua mão de obra e aumentar a produtividade, não para substituir;, explicou. O mercado fica cada vez mais competitivo, então, naturalmente, as oportunidades vão surgindo para quem se adapta e se especializa.
Em relação ao avanço da tecnologia no Brasil, Ossamu afirmou que o Brasil está muito atrasado em comparação com o restante do mundo. ;A crise econômica freou o desenvolvimento da tecnologia no país. Estamos perdendo nossos talentos para empresas estrangeiras e não estamos aproveitando os especialistas que temos;, alertou. ;As empresas estão mais preocupadas em sobreviver do que investir em inteligência artificial que traria grande valorização e facilidade se ela usasse essas tecnologias;, disse Ossamu.
O avanço não é impossível, é possível acelerar o processo se forem feitas parcerias. ;Colaboração é a chave para o sucesso do negócio;, contou. ;Podemos acelerar o avanço tecnológico brasileiro se nos associarmos com empresas estrangeiras que estão mais à frente;, reiterou.
5G
Os caminhos para a chegada do 5G no Brasil também foi um dos temas apresentados em painéis e propostas de soluções de empresas. A Nokia trouxe mais fortemente essas soluções reunindo demonstrações que salientam os ganhos em performance e capacidade de gerenciamento em âmbitos diversos: ;5G Home Experience;, ;Banda larga de ultravelocidade;, ;Internet das Coisas;, ;Cloud; e ;Operações Automatizadas e Simplificadas;. Também apresentou uma demonstração de como o 5G, integrado aos carros autônomos, pode auxiliar no contexto do trânsito e na diminuição da latência- tempo de resposta- proporcionada pelo 5G.
Renato Bueno, customer marketing da Nokia, explicou que o 5G deve começar a chegar no Brasil em 2020 e trará uma experiência nova e única para o usuário. ;Até 2026 devemos ter 30 bilhões de dispositivos conectados em todo o planeta. Então o 5G e o IoT vem como uma solução para a nova geração;
A discussão sobre a transição para a tecnologia 5G no Brasil ainda está no início, mas os investimentos necessários já preocupam as operadoras de telecomunicações. Um dos fatores determinantes são as faixas de frequência em que o 5G vai operar. O Presidente da Anatel, Juarez Quadros, explicou que com a transição da TV analógica para digital, será liberada frequência para que o 4G possa se estabelecer e abrir caminhos para a chegada do 5G. ;A faixa de 700 megahertz será liberada e abrirá espaço para a internet 4 e 5G;, contou.