Jornal Correio Braziliense

Tecnologia

Remasterização de Resident Evil relembra por que game é divisor de águas

Título traz, em mecânicas, temática, e com o auxílio das novas animações e modos de jogo, boa lembrança de por que popularizou o survival horror na época em que foi lançado

[SAIBAMAIS]Dos últimos anos para cá, a indústria de games tornou o gênero Survival Horror cada vez mais obsoleto. Por vezes, o termo cobria um jogo de tiro em primeira ou terceira pessoa com zumbis, fantasmas ou um jogo de ação com a mesma temática. Há tempos, a essência do gênero, o real sentimento de impotência perante o que está acontecendo naquele universo ou se sentir verdadeiramente assustado, não tem um bom representante - salvo boas exceções, como Outlast e Amnesia.

Na falta (e inclusive após um dos piores Resident Evils, o 6), a Capcom teve a boa ideia: por que não lançar uma versão re-remasterizada para a nova geração? E não à toa, o jogo foi o título da companhia japonesa que mais vendeu na América do Norte e na Europa, e quebrou o recorde de maior número de vendas no dia do lançamento. Isso é ótimo, mas ao mesmo tempo traz uma preocupação: será que precisamos relançar clássicos para manter Survival Horror um gênero com bons títulos?

Para começar a responder essa pergunta, é necessário definir o gênero. O conceito abriga algumas características especiais, como protagonista vulnerável, ambientes aterrorizantes/opressores, espaço de inventório limitado, pouca munição (táticas de game design para fazer o jogador focar justamente na sobrevivência). E isso a versão de Resident Evil lançada recentemente traz muito bem.

Além de ter uma ambientação aterrorizante na clássica mansão abandonada, Resident Evil mostra em alguns outros elementos o porquê de ser o pai do gênero. O primeiro é a capacidade que o jogador tem de combinar elementos, uma boa alternativa para liberar espaço no inventário e, ao mesmo tempo, ser um catalizador dos desenvolvedores para o player focar na sua sobrevivência. O outro elemento é a própria mecânica de combate. Nela, o jogador foge ou mira. Não há como fazer os dois ao mesmo tempo. É possível mirar em três partes do seu alvo: para cima, para frente, e para baixo, uma excelente alternativa para aterrorizar o jogador na hora do combate - pela simples indecisão de onde atirar.

Uma característica clássica ; e incrível ; é como as transições de cômodo são uma experiência de tensão. Quando o jogador abre uma porta, seja para sair ou para entrar em um novo cômodo, há uma pequena animação dela se abrindo lentamente e, das duas, uma: ou você morre de susto com o zumbi que te espera do outro lado ou a sua tensão foi à toa. De qualquer forma, é uma demonstração de como o terror em jogos survival horror pode se construir com pequenos detalhes.

À lá jogos antigos, o modo de salvar Resident Evil depende de um item e locais específicos. Não é possível apenas apertar o start e a opção salvar. Um outro detalhe para deixar o jogador cada vez mais atento.

Remasterização

Resident Evil consegue manter-se elegante mesmo depois de quase 20 anos. E o mérito disso é de toda a equipe desenvolvedora (dos programadores pela mecânica clássica à equipe gráfica). Claro que as limitações gráficas ao remasterizar um jogo são muitas, mas na versão lançada para a nova geração, isso não pareceu um problema para a Capcom.


Agora, o resultado é visível no aprimoramento das texturas, e na resolução 1080p suportada pelo game. Há a opção de jogá-lo tanto em widescreen como no tamanho de tela antigo. Outra novidade nesta versão é a alternativa de dificuldade Super Easy, para os jogadores iniciantes.

Alguns momentos específicos em RE são aterrorizantes de verdade. Esse foi um dos únicos jogos a causar pavor em uma exploração de cenário, quando, ao ver uma grade que dá para uma escada, que por sua vez, termina em um corredor escuro, o jogador ouve um grito agonizante.

Depois de 19 anos (do lançamento original) e 13 (da versão remasterizada para Game Cube), continua sendo incrível notar como Resident Evil foi um game essencial para o gênero survival horror, dando lições de game design e de como detalhes são relevantes. Mesmo que o gênero não traga bons jogos por algum tempo e continue dependendo de games independentes para sobreviver, a esperança sobrevive por um único motivo. Sempre poderemos voltar às nossas bibliotecas digitais e relembrar como Resident Evil foi e continua sendo impecável.

- Jogabilidade: 2,5
- Entretenimento: 2,5
- Gráficos: 2,5
- Som: 2,5
- Nota final: 10

Informações técnicas


- Publicação: Capcom
- Desenvolvimento: Capcom
- Plataformas: PlayStation 4, Xbox One, PC, Xbox 360, PlayStation 3
- Classificação: Não recomendado para menores de 16 anos
- Jogadores: 1
- Preço: R$ 40,99 (PSN), R$ 39 (Xbox Live), R$ 39,99 (Steam)