Jornal Correio Braziliense

Tecnologia

CES 2015: Internet personalizada conquista a feira eletrônica

Cada vez mais invenções expostas no CES se vinculam a formas de cuidar da saúde ou ainda recursos para tirar melhor proveito de carros ou outros dispositivos

Las Vegas- A nova tecnologia está ficando mais pessoal. Tão pessoal que avança para a conectividade e a análise de nossos movimentos, nossa saúde, nosso cérebro e nossos aparelhos de uso diário, como roupas, automóveis, lâmpadas e eletrodomésticos.

[SAIBAMAIS]Bem-vindo à chamada "internet of Me" ou internet personalizada, um dos principais temas do Salão Internacional CES-2015 de Las Vegas. Mas o desafio que os desenvolvedores enfrentam é fazer com que esta comunicação seja útil.

Cada vez mais invenções expostas no CES se vinculam a formas de cuidar da saúde (como treinadores ou nutricionistas digitais) ou ainda recursos para tirar melhor proveito de carros ou outros dispositivos, comentou Shawn DuBravac, chefe de economia da Associação de Consumidores de Artigos Eletrônicos.

"A chave de tudo isso é que o que ocorre no espaço físico é digitalizado por nós para, em seguida, ser introduzido de volta ao espaço físico", disse. "O foco não está mais no que pode ser feito tecnologicamente, mas, sim, no que é tecnologicamente significativo", acrescentou.

Alguns dos novos dispositivos em exibição incluíram aplicativos para monitorar e melhorar a qualidade do sono, uma mamadeira para medir o consumo nutricional infantil e sensores para analisar as próprias tacadas de golfe e compará-las com a dos profissionais.

Roupas inteligentes, detectores de fumaça conectados e dezenas de novos relógios inteligentes e dispositivos para treinamento físico também estão na mostra.

A próxima fase da internet

Relógios inteligentes e outros dispositivos eletrônicos "vestíveis" são mais proeminentes na feira do que antes. Estas novas tecnologias "mantêm a tendência de levar a inteligência ao uso pessoal", disse DuBravac. "Nada se torna mais pessoal do que as peças de uso", acrescentou, referindo-se aos vestíveis.

Ele disse que isto representa uma "terceira fase da internet", depois de computadores pessoais e dispositivos móveis, a peças de uso e outros objetos conectados. "Estamos levando a internet agora de 2 bilhões de smartphones a 50 bilhões de objetos", disse.

"A internet está se deslocando para outros lugares, por exemplo o punho. E veremos isto em toda a mostra (...) Não se trata apenas de distribuição e difusão da informação, mas a forma como usamos a internet vai mudar".

A CES-2015, que oficialmente abre na terça-feira (4/1), é uma das maiores feiras de comércio do mundo dedicada à tecnologia, com cerca de 36.000 expositores e um público estimado em 160.000 pessoas. O evento também apresenta novos aparelhos de TV de tela grande em alta resolução e uma série de drones para uso pessoal e industrial. Também inclui seções para tecnologia robótica e de automação.

A exposição abre em meio a uma confusa perspectiva econômica para a indústria tecnológica global. A Associação de Consumidores de Artigos Eletrônicos (CEA), que organiza o evento, indicou que os gastos em tecnologia aumentaram apenas 1% em 2014 para alcançar 1,024 trilhão de dólares, embora ainda seja muito cedo para saber qual será a tendência para 2015.

O mercado está sendo orientado por uma forte demanda de novos produtos com tablets e telefones inteligentes em economias emergentes na Ásia e por economias de crescimento moderado na América do Norte.



O panorama não está claro devido à estagnação econômica na zona do euro e no Japão e pelas "expectativas frágeis" em grandes economias emergentes, como o Brasil, explicou o analista da CEA, Steve Koenig. A Rússia, outra grande economia emergente, é atingida por sanções econômicas que poderiam afetar os gastos com tecnologia.

A CEA previu uma queda de 5% na Europa e na América do Norte e permanece pouco claro se o resto do mundo tomará seu lugar. Koenig acrescentou que as vendas de telefones inteligentes e tablets estão crescendo em bom ritmo na China e em outras economias desenvolvidas e a demanda por novos aparelhos de TV está sendo orientada por um "ciclo robusto de atualização" às de "ultra" alta definição.