São Paulo ; O poder da colaboração na internet é inegável. Cada vez mais, as pessoas sentem a necessidade de jogar a informação na redes seja sobre um acidente, seja uma festa, seja sobre a novidade no bairro onde moram. Foi pensando nisso que os brasilienses Cristiano Ramos, Alexandre Passos, Darlan Rodrigues, Jonathan Pimenta e Bruno Braz, que atuam em áreas totalmente diferentes, tiveram a ideia de criar a startup We Crowdcasting. O lançamento do aplicativo, de mesmo nome da empresa ; ainda em fase beta ;, foi na sétima edição da Campus Party Brasil (CPBr). ;Por ser um dos eventos de tecnologia mais importantes do mundo, escolhemos a Campus;, explicou Alexandre.
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No aplicativo, é possível postar texto, foto, áudio e vídeo e passar informações em tempo real. Antes disso, o usuário faz um cadastro, no qual fornece dados para que ele possa ser identificado e contatado, caso haja necessidade. O cliente ainda tem a oportunidade de personalizar totalmente o software para a empresa. O We Crowdcasting ; que contou com
R$ 40 mil provenientes de um investidor-anjo ; busca clientes, como veículos de comunicação. Eles pretendem posteriormente personalizar o aplicativo para empresas e personalidades.
Pela primeira vez, a CPBr criou um espaço destinado às pequenas empresas. Chamada de Startup, a área reuniu 300 equipes empreendedoras que apresentaram os projetos e buscaram investidores. A primeira a conseguir o capital foi a Over Power Studios, empresa mineira voltada ao desenvolvimento de jogos hardcore com gráficos de última geração para o mercado mobile.
;Os jogos hardcore são geralmente destinados a nichos específicos, como simuladores de corridas e combates aéreos, com riqueza de elementos e uma imersão viciante. No Brasil, não existe um estúdio que desenvolva esse tipo de projeto;, afirma o CTO da startup, Sebastião Liparizi Neto.
Sucesso
Boa parte dos empreendedores que estiveram na CPBr7 queriam saber como conseguir o sucesso com uma startup. ;Não é fácil, mas com muito trabalho, dedicação e seguindo alguns passos, o pulo para um futuro promissor se torna possível;, explica o consultor de marketing do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo (Sebrae-SP), Marcelo Sinelli. (confira Passos do sucesso).
;O ambiente no Brasil para empreendedores é hostil. Portanto, não existe um momento certo ou ideal para abrir uma empresa. Se for esperar por isso, nunca sairá do papel;, explica o consultor. Outro ponto frisado por Sinelli é o investidor-anjo. Para ele, é preciso avaliar bem o perfil de quem vai ajudar a empresa. A negociação deve ser benfeita e todos detalhes, registrados em cartório.
O prazo ideal, depois que o empreendedor segue os passos certos, para saber se a startup tem potencial é de um ano. E durante esse período, é preciso ter muita paciência e os pés no chão. ;O caminho é longo;, afirma Sinelli. Existem três erros cruciais para quem está começando nesse segmento: superestimar o mercado e ir com muita sede ao pote, centralizar muitas funções e crescer sem processos definidos. ;Para cada Mark Zuckerberg, existem 200 pessoas que não vão dar certo. O brasileiro é empreendedor por necessidade, não por oportunidade. Mas isso tem mudado com o tempo;, explica.
Passos do sucesso
; Criar um produto inovador, que tenha demanda no mercado.
; Fazer um roteiro e responder às perguntas: Quem é o cliente? Quem é o concorrente? Quanto vai cobrar? Tamanho do mercado? Qual o posicionamento do produto no mercado?.
; Trabalhar muito.
; Ter um propósito que não é exclusivamente vender o produto, algo que te mova a chegar ao sucesso, uma visão inspiradora.
; Se preocupar com as pessoas que vão formar a sua equipe. Ter uma relação profissional com o funcionário não apenas como parte da engrenagem, mas com um senso de missão. Fazer com que ela tenha orgulho de estar na empresa.
Personagem da notícia
Crânio por trás da Qranio
Ele não para. Nasceu com empreendedorismo no sangue. Começou a trabalhar ainda criança, vendendo picolé de isopor. Na adolescência, entrou no mundo da tecnologia e tirava em média R$ 3 mil por mês. Desde então, ele não saiu mais desse universo. Assim, Samir Iásbeck consegue cada vez mais colocar a Qranio ; empresa de quiz educativo com premiações ; em um patamar de exemplo.
Com a ajuda dos sócios, Giancarlos Menezes e Flávio Augusto, Samir comenta que ;se aposentou aos 26 anos, quando criou a Qranio;. Hoje, para ele, a startup é uma missão de vida. Aos 32 anos, ele veste a camisa da empresa e mostra que, mesmo com sucesso, o foco deve ser sempre o negócio. ;Não se pode deixar os ganhos subirem à cabeça. Esse é um alerta aos novos empreendedores;, disse.
Há oito anos, quando Samir administrava uma fábrica de software, surgiu a ideia de abrir a empresa voltada para educação. Ele investiu do próprio bolso no começo, mas em 2012, na quinta edição da Campus Party Brasil, os papéis se inverteram: a Qranio foi escolhida entre mais de 200 startups para aceleradora Wayra. O prêmio? R$ 100 mil. A estrela da empresa não parou mais de brilhar depois disso.
A meta de Samir é estar na primeira tela dos smartphones como o aplicativo referência em educação até o fim de 2017. Com mais de 980 mil usuários, em 117 países, somado à perseverança, à capacidade de superar obstáculos e à inteligência, é possível que ele alcance isso bem antes do que imagina.
Visão de um veterano
Ele já esteve em seis CPBr. Fernando Jorge, 22 anos, é analista de segurança e foi no evento que ele decidiu o que queria fazer na área profissional. ;Quando vi a palestra do Kevin Mitnick, em 2010, pensei que era isso que eu deveria fazer da vida;, conta o jovem. Mitnick ficou conhecido mundialmente na década de 1990 por ser o maior hacker a cometer delitos nos Estados Unidos. Hoje, ele faz palestras sobre segurança da informação.
Para Fernando, o foco da Campus Party mudou. Os campuseiros ficaram maduros e procuram obter conhecimento e aplicar de forma positiva. ;Antes, a galera marcava presença muito pela curtição e pela bagunça. Hoje, isso ainda existe, mas em menor quantidade;, explica.
O nerd acha que o evento melhorou no geral, mas a organização não acompanhou o crescimento. Problemas como segurança, calor e comunicação direta com a organização são os que mais incomodam o rapaz. Neste ano, uma barraca pegou fogo no camping, alguns roubos de notebooks, celulares, mochilas e assédio sexual de seguranças na saída do banheiro feminino foram registrados.
A jornalista viajou a convite da Qranio