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Gerente de e-sports da Riot explica sucesso de League of Legends no Brasil

Os principais eventos do game deste ano no Brasil foram presenciais, o que antes era privilégio apenas dos fãs asiáticos, europeus e norte-americano

postado em 12/11/2013 16:07
No ano passado, a norte-americana Riot decidiu investir no mercado de jogadores brasileiros, que se mostrou cada vez mais forte com o aumento dos usuários daqui em servidores estrangeiros de League of Legends. Foi isso que resultou no lançamento oficial do jogo no Brasil, e a vinda de servidores brasileiros para Cotia, São Paulo. Além disso, os principais eventos deste ano no Brasil foram presenciais, o que antes era privilégio apenas dos fãs asiáticos, europeus e norte-americano. Sucesso meteórico, a game agora se prepara para avançar ainda mais em terras brasileiras. Em entrevista ao Correio, o gerente de e-sports da Riot no Brasil, Bruno Vasone, contou mais detalhes da presença de League of Legends no Brasil.

O e-sport já é um fenômeno lá fora. Como o público brasileiro está recebendo a atividade com a presença do maior jogo on-line da atualidade, League of Legends, no país?

O League of Legends competitivo é uma novidade no Brasil. A gente tem países em que o e-sport é um fenômeno há algum tempo, principalmente na Ásia. A gente soube que o público do ocidente gostaria muito de interagir e ter como experiência o seu jogo ser jogado de maneira competitiva, incluindo os brasileiros. O League of Legends tem isso no seu DNA. Essa competitividade é do jogo mesmo, são partidas de cinco jogadores contra cinco jogadores de duram de 20 a 40 minutos. O que acontece é que a gente, recebendo isso, tem esse compromisso de trazer essa experiência esportiva e criar esse ecossistema no Brasil também.

A Riot assumiu esse compromisso, e tem dado super certo. O público tem acompanhado e tem respondido, como é feito com nossos jogadores especificamente, eles também gostam e a gente fala a língua deles. Tanto que cada vez mais nós estamos as equipes mais organizadas, elas já têm torcidas. Nosso público tem engajado cada vez mais esse tipo de experiência esportiva no League of Legends e a gente continua e vai estar cada vez mais investindo para proporcionar essa experiência para eles.

Os principais eventos do game deste ano no Brasil foram presenciais, o que antes era privilégio apenas dos fãs asiáticos, europeus e norte-americano

O que chama atenção é o apoio da Riot desde os menores eventos, em que jogadores se reúnem em bares para assistir os jogos, até os de grande porte que lotam estádios. Qual a importância disso para a marca?
Nosso plano é construir algo que vai durar por décadas. Não é um planejamento de curto prazo, e sim de longo e a gente sabe que não vamos conseguir fazer isso sozinhos, inclusive. Temos que construir uma base duradoura para isso, e a única maneira de construir essa base é junto dos jogadores e junto da comunidade. A gente tem programas de suporte para campeonatos amadores, por exemplo. Acontecem de 30 a 50 campeonatos desse tipo todo mês no Brasil, envolvendo mais de 2 mil times, sempre oferecendo suporte. Os jogadores e fãs que querem reunir uma galera em um bar para assistir um campeonato, por exemplo. A gente dá suporte para esses caras também. Tanto equipes como organizadores que começam a ter um pouco mais de impacto e ter uma base um pouco maior de seguidores, fãs, times participando, nós temos uma equipe dedicada para ajudar esses caras a se profissionalizar mais rápido.

Nós temos muita sorte de termos uma base que é tão envolvida, com uma série de jogadores que são empreendedores natos - a gente vê esses rapazes crescendo e aprendendo coisas que vão levar para a vida deles. Isso faz parte desse ecossistema. Mesmo assim, temos o compromisso de ter alguns eventos e ligas principais, aonde mostramos o caminho para onde a gente está indo e para todo mundo seguir, e onde conseguimos oferecer qualidade para um grande número de nossos jogadores, que é a diferença que a gente quer. Mesmo o campeonato brasileiro foi um reflexo disso. A gente fechou o WTC Golden Hall, tivemos 3 mil pessoas por dia assistindo o campeonato fisicamente e além disso foram mais de 110 mil simultâneas acompanhando a final, e em todos os dias de evento somamos um público de 1 milhão.

É um resultado muito bacana de envolvimento, onde as equipes já tem torcidas. Vimos na BGS, os fãs encontrando jogadores profissionais e chorando, se emocionando. Eu vi isso mais de uma vez no evento.

Já existe todo um cenário fora de League of Legends, onde enquanto equipes rivais disputam clássicos, as torcidas vibram com seu time e vaiam o adversário, por exemplo. Também há a narração em tempo real, e todo esse fanatismo que circunda os vencedores. Podemos considerar o LoL o futebol dos PC Gamers?
Sim, temos a CNB e-sports club e a PaiN Gaming, que são o Palmeiras e Corinthians do LoL. E o interessante é que quanto mais profissional essas equipes ficam, elas têm uma estrutura por trás que não é o que você vê na tela, onde você olha apenas os jogadores. No máximo os técnicos. Mas existe toda uma equipe por trás, de 10, 12 pessoas de suporte. É o cara da contabilidade, o cara que conversa com os patrocinadores, o que monta a estrutura, o que cuida do treinamento. Tem o psicólogo que é importante para o acompanhamento da integração dos jogadores.

Os principais eventos do game deste ano no Brasil foram presenciais, o que antes era privilégio apenas dos fãs asiáticos, europeus e norte-americano

Como é o preparo desses jogadores?

Hoje, temos quatro ou cinco equipes que já têm o próprio centro de treinamento, e eles estão todos juntos, treinando no mesmo lugar. Isso possibilita que os jogadores não precisem nem mais falar durante uma partida, por exemplo. Tem muitos momentos que eles, por terem uma sinergia tão grande, já atuam com ;o mesmo corpo;, o que é basicamente o que acontece com o futebol. Os jogadores estão juntos o tempo todo na concentração, e eles não precisam ficar se comunicando tanto durante o jogo. Eles já sabem, e conhecem a personalidade de cada um. Esse é um dos sinais da profissionalização no Brasil também.

Eu participei dos primeiros eventos e organizei as primeiras WCGs, e uma das diferenças é que, até então, o que muitos desenvolvedores estavam fazendo era tentar fazer um evento para um público que não era gamer. Para ganhar relevância você deveria expandir sua área de atuação e fazer algo que fosse palatável para o grande público. No caso de League of Legends é o contrário. O que acontece é que quando você acaba diluindo desse jeito, acaba tornando um pouco bobo para quem joga de verdade. Você não está falando a mesma língua, e a gente que é gamer acaba achando um pouco bobo. A Riot tem uma base forte, e isso possibilita que a gente consiga fazer algo que é específico para o jogador, então essa é uma das principais força. Você não tem essa necessidade de expansão, e a gente pode focar no nosso jogador que eles vão os principais propagadores da marca. Então ter esse público base ajuda muito a construir isso e eles acabam ajudando esse crescimento.

O diferencial da Riot é que como a gente tem esse foco em ser uma empresa com o foco no jogador, isso permite com que a gente faça algo especificamente para ele, com a linguagem dele. Não algo diluído. Então a gente consegue como empresa, e jogo, cumprir esse compromisso de trazer essa experiência, pois você não precisa depender de parceiros e de outras empresas para fazer esses campeonatos. Se é isso que o jogador está pedindo, por que não vamos investir? É isso inclusive que ajuda o League of Legends a ter uma longevidade. Quando você tem as equipes que tem uma história, e grandes clássicos. Isso é uma das maiores forças de LoL e ajuda o jogo a durar bastante tempo.

Durante muito tempo as empresas estavam de fora, assistindo o seu jogo ser jogado competitivamente e deixando essa responsabilidade na mão de terceiros. A Riot, em primeiro, vem puxando esse caminho de criar a diferença que outras empresas estão seguindo.

Você comentou sobre fãs que choram quando veem os jogadores favoritos, e torcedores que estão o tempo todo gritando nas partidas. Qual foi a parte da Riot na construção dessa ;paixão; dos fãs brasileiros?
A paixão já é inerente dentro do público brasileiro. O fã daqui é mais vidrado em competição, por um histórico cultural. No começo do ano, na Campus Party, foi a primeira vez que equipes brasileiras enfrentaram equipes internacionais. Teve uma partida que foi muito emblemática, quando uma equipe brasileira competiu contra uma sul-coreana e foi a única que o Brasil ganhou. Você via a emoção dos jogadores gritando, e o público acompanhando junto e era tão alto, que todo mundo que estava assistindo a transmissão internacional se surpreendeu e começou a falar assim: ;O Brasil mostrou para o mundo porque League of Legends é um esporte de verdade;. Como as pessoas se envolvem, o volume da torcida quando acontece uma boa jogada; Um dos segredos do sucesso é ter certeza que estamos ouvindo isso. No Brasil, especificamente, o e-sport tem muito potencial.

Não é também ter só alguns eventos específicos, é ter um calendário regular. Até então os jogadores profissionais não sabiam quando ia acontecer um campeonato, então isso dificulta arrumar patrocinador, ou até prever qual a visibilidade que você terá naquele ano. Por isso um de nossos objetivos é ter um calendário regular com competições acontecendo o ano inteiro sem parar.

Atualmente duas grandes empresas de tecnologia, Razer e Kingston, apoiam as duas principais equipes do Brasil no e-sport. Isso é importante para o dissenimento da modalidade?
É fundamental. A gente precisa mesmo ter esse investimento. Ajudamos inclusive a organizar reuniões com potenciais patrocinadores. Temos esse foco em trazer os patrocinadores para as equipes e prepar as equipes para recebê-los.

Com informações de Álvaro Viana

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