NOVA YORK - Grandes grupos tecnológicos internacionais sob a iniciativa do Facebook lançaram nesta quarta-feira (21/8) uma sociedade para favorecer o acesso à internet às pessoas de baixa renda, segundo um comunicado.
O projeto Internet.org busca principalmente diminuir o custo dos serviços de internet nos telefones celulares em países em desenvolvimento.
"Tudo o que o Facebook fez foi dar às pessoas no mundo a oportunidade de se conectar", declarou o presidente do Facebook, Mark Zuckerberg, na nota.
"Há grandes barreiras nos países em desenvolvimento para se conectar e se unir à economia do conhecimento. A Internet.org é uma sociedade global que trabalhará para superar estes desafios, entre eles tornar acessível a internet para aqueles que não podem custeá-la", acrescentou.
Atualmente, apenas 2,7 bilhões de pessoas, pouco mais de um terço da população mundial, tem acesso à internet, afirmou o comunicado, ao ressaltar que a quantidade de novos conectados permanece baixa.
A associação também inclui os fabricantes de telefones celulares Nokia (Finlândia) e Ericsson (Suécia), o gigante sul-coreano da eletrônica Samsung, os fabricantes de componentes Qualcomm (Estados Unidos) e MediaTek (Taiwan), e o navegador em internet norueguês Opera. As redes sociais Twitter e LinkedIn também irão colaborar, mas não como sócios completos.
A iniciativa buscará simplificar os aplicativos móveis para torná-los mais eficazes e melhorar os componentes dos celulares e das redes para que ofereçam um melhor rendimento e consumam menos energia.
O projeto também prevê desenvolver smartphones a baixo custo, mas de alta qualidade, e formar associações para estender o acesso à internet a zonas que ainda não estão conectadas.
O Internet.org foi projetado seguindo o modelo de outra iniciativa do Facebook, Open Compute Project, lançado em abril de 2011 para democratizar e melhorar os materiais utilizados nos centros de dados. Embora no início tenha sido recebido com receio, o projeto seduziu pouco a pouco os gigantes da indústria informática.
A ideia do Facebook surge num momento chave para o mercado tecnológico: os mercados maduros encontram-se saturados e já não apresentam um potencial de crescimento importante, enquanto regiões como África, América Latina e alguns países da Ásia surgem como campos férteis.
Projeto altruísta ou propaganda?
Os analistas, em geral, se mostraram críticos diante da nova iniciativa. "Isso é propaganda", disse Trip Chowdhry, analista de Global Equities Research. Para ele, o Facebook e seus sócios lançaram este projeto para ganhar novos mercados em países com potencial de crescimento.
Os países ricos estão saturados, enquanto as áreas pobres como África, América Latina e alguns países asiáticos são campos férteis para novos clientes.
"Na Índia, apesar de apenas 1% das pessoas ser rica, isso representa 10 milhões de pessoas. As multinacionais como Starbucks estão muito interessadas em chegar até elas", disse.
Segundo o especialista, se a iniciativa do Facebook e seus sócios fosse verdadeiramente altruísta deveria se centrar principalmente em investir em eletricidade. "Muitas áreas pobres têm acesso à eletricidade apenas durante três a quatro horas por dia. Você pensa que vão aproveitar para entrar no Facebook?".
O site de analistas 247wallst.com qualifica o projeto como pouco realista. "Dar acesso à internet a 5 bilhões de pessoas é como levar alimentos, água e acesso a educação a elas. A logística e os custos desafiam o poder financeiro de empresas como a Qualcomm, ainda mais quando estão em problemas como a Nokia".
"Seria preciso injetar bilhões de dólares para criar a infraestrutura necessária", sobretudo, porque muitos dos governos dos países em questão "não querem que seus cidadãos estejam conectados à Internet", disse o 247wallst.