Imóvel na cama, o corpo quase não dá sinais de vida. Em conjunto com pernas e braços imóveis, a cabeça do paciente também permanece impassível, a não ser por um pequeno detalhe: os olhos continuam bastante vivos, resistindo como a única janela para uma mente ainda sã. Esse é o drama vivido por pessoas que sofrem da síndrome do encarceramento, uma rara condição normalmente causada por algum tipo de trauma cerebral e que praticamente impossibilita a comunicação com o mundo.
Entre as técnicas usadas para entrar em contato com a mente desses pacientes, estão exames de ondas cerebrais e próteses que podem ser bastante caros, complicados de usar ou invasivos. Mas um grupo de pesquisadores de universidades da Bélgica, da Austrália, dos Estados Unidos e da Alemanha acredita que é possível conversar com uma pessoa completamente paralisada somente com uma câmera e um computador. Para isso, interpretam justamente o comportamento dos olhos, um eficiente e visível canal de comunicação com o cérebro.
O que pode parecer um processo subjetivo é na verdade uma técnica baseada em cálculos matemáticos e medidas bastante precisas. A chave usada pelos pesquisadores é a pupila, o orifício que deixa passar a luz da córnea para o cristalino. Além de se expandir ou fechar de acordo com a luz ambiente, ela também abre quando ocorre uma grande atividade cerebral. O modelo de comunicação ocular, proposto na última edição da publicação Current Biology, procura estimular o pensamento do paciente para obter uma resposta a uma pergunta simples. O tradutor dessa conversa é a câmera, que acusa quando a pupila se dilata e quando permanece do mesmo tamanho.
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