No meio do deserto do Atacama, no Chile, estranhas flores metálicas parecem brotar isoladas na Planície de Chajnantor. Mas a imensidão do cenário engana: as pétalas voltadas para o céu são, na verdade, uma série de enormes antenas circulares de vários metros de circunferência. Juntos, os 66 sensores formam o maior observatório astronômico do mundo, o Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (Conjunto milimétrico/submilimétrico do Atacama, em inglês), ou somente Alma. A estrutura monumental é a grande promessa para futuras respostas sobre a origem do Universo e sobre a vida fora da Terra.
O plano de criar um ponto de observação mais poderoso que qualquer telescópio consumiu 15 anos de pesquisa e construção, além de US$ 1,4 bilhão, investido por diversas organizações do mundo. Parte das antenas foram construídas no Texas, e algumas foram da Holanda de navio. Outras, ainda, tiveram componentes construídos na França, na Espanha e na Itália antes de serem pré-montados e enviados para o Chile.
Na inauguração das instalações, ocorrida na última quarta-feira, o presidente chileno, Sebastián Piñera, afirmou que o observatório dará ;uma significativa contribuição à humanidade, possibilitará uma compreensão maior do Universo em que vivemos e talvez nos ajude a descobrir vida fora da Terra;. Com as antenas do Alma, os astrônomos poderão observar objetos e fenômenos visíveis somente do Hemisfério Sul, como o centro das Nuvens de Magalhães, galáxia-anã vizinhas à Via Láctea. A tecnologia de precisão inédita também pode ser capaz de analisar as moléculas de estrelas antigas e fazer descobertas em áreas até então distantes demais ou frias demais para serem examinadas.