Washington - O desejo inevitável pela mobilidade de aparelhos eletrônicos remodelou a indústria, uma mudança que se refletiu na maior feira de tecnologia para consumo do mundo.
Fora da CES International 2013, que será realizada de 8 a 11 de janeiro em Las Vegas, estão gigantes como a Microsoft, enquanto empresas de tecnologia de longa data como Intel e Hewlett-Packard ocupam um papel secundário em relação àquelas focadas em aparelhos portáteis.
A feira contará, é claro, com grandes e deslumbrantes telas de TV que estarão mais inteligentes e ousadas. Contudo, o principal foco provavelmente estará nos dispositivos móveis, mas podem continuar conectados à nuvem da internet, de tablets a relógios de pulso, passando por óculos de esqui com conexão wi-fi.
"Há uma troca de guarda", afirmou Danielle Levitas, analista em tecnologia para consumo da empresa de pesquisas IDC.
"A mudança que observamos nos últimos anos tem sido nos aspectos móveis da tecnologia versus entretenimento caseiro. Isso continua acelerando", acrescentou.
Um sinal emblemático da mudança é a escolha do palestrante principal, o diretor executivo da Qualcomm, Paul Jacobs.
"A maioria das pessoas nunca ouviu falar da Qualcomm. Elas devem saber que há um estádio com esse nome em algum lugar", brincou Roger Kay, analista de tecnologia e consultor da Endpoint Technologies.
A empresa de semicondutores Qualcomm superou silenciosamente a Intel em valor de mercado em 2012, um sinal da crescente importância dos chips para aparelhos móveis que reduzem a duração da bateria e são muito populares em smartphones e tablets, a maioria com tecnologia ARM licenciada pela ARM Holdings com sede no Reino Unido.
"A Qualcomm é o oposto da Intel", disse Kay, que destaca a relutância da empresa em seguir a estratégia de sua rival de marcar seus aparelhos com o logo "Intel Inside".
"A empresa tem ficado tímida diante dos holofotes e quer que seus parceiros recebam todo o crédito. Ela é um herói relutante. Tão importante e ainda tão desconhecido".
Com aparelhos móveis ganhando espaço, "as pessoas estão interessadas em serviços ligados a eletrônicos na feira", disse Kevin Spain da Emergence Capital Partner, entre as empresas de capital de risco presentes.
Spain disse que a disponibilidade de vídeos em aparelhos móveis está apenas começando, abrindo novas possibilidades de negócios.
"As pessoas estão interessadas em compartilhar conteúdo através de uma variedade de aparelhos e a nuvem tem um papel integral nisso. Os consumidores esperam ter diversos conteúdos disponíveis sob demanda: vídeo, música, a qualquer hora em qualquer lugar", afirmou.
Outro foco da CES estará nas baterias melhores e carregadores de todos os tipos de aparelhos móveis, de acordo com Stu Lipoff, membro do Institute of Electrical and Electronics Engineers.
"Uma das maiores limitações de aparelhos portáteis é que eles estão se tornando menores e com possibilidade de fazer mais, então as pessoas estão descobrindo formas inovadoras e criativas de recarregá-los", disse ele.
Segundo Liposs, a CES apresentará uma série de ;powerpads; (carregadores sem fio) em que um aparelho poderá ser colocado para recarregar, mas outras empresas se concentram em tecnologias "em que você coloca um transmissor no ambiente e isto basta para recarregar o aparelho" a vários metros de distância.
James McQuivey, da Forrester Research, afirmou que a CES evoluiu de uma feira em que os fabricantes vendiam seus artigos a um evento de marcas.
"(A CES) está se mudando para (um evento com) uma visão de longo prazo ou abstrata da tecnologia", disse. "É uma questão de ;branding; (atrair consumidores para sua marca), de demonstrar que você está inovando para o futuro", emendou.
McQuivey afirmou que empresas da velha guarda como a Hewlett-Packard e a Dell, que vêm lutando em meio à mudança de tendência para aparelhos móveis, devem demonstrar que elas ainda são parte do futuro.
"Google, Amazon, Microsoft e Apple estão criando plataformas em que todos estão inovando," disse ele.
"A CES está vivendo na sombra dessas grandes plataformas", acrescentou.
A CES 2013 terá um espaço de exposição de 170 mil metros quadrados, com cerca de 3 mil expositores, mostrando aparelhos digitais para a saúde, carros conectados, aparelhos inteligentes para casas, além de uma ampla gama de equipamentos de comunicação e entretenimento.
"Com o maior espaço de exposição da história, mais tecnologias e serviços inovadores serão lançados na CES 2013 que em qualquer outro lugar do mundo", disse Gary Shapiro, presidente e diretor executivo da Consumer Electronics Association, que organiza a feira.