O funcionamento de um órgão humano completo simulado em apenas um microchip. Essa é a base do trabalho de um grupo de pesquisadores do Instituto Wyss para Engenharia Biologicamente Inspirada, da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. A equipe do professor de bioengenharia Donald Ingber foi responsável, há dois anos, pelo desenvolvimento do primeiro pulmão em chip, nome dado por eles a um microdispositivo capaz de imitar fielmente as funções de um pulmão humano. No artigo publicado nesta semana na revista científica Science Translational Medicine, os cientistas dão um passo à frente na fabricação de órgãos eletrônicos. Conseguiram, pela primeira vez, imitar nesse instrumento os efeitos de um problema pulmonar e, com isso, testar os efeitos de futuras medicações.
Normalmente, um medicamento desenvolvido em laboratório pode levar no mínimo duas décadas para chegar ao uso clínico. Antes de ser aprovado e receitado por médicos, precisa ser submetido a uma série de testes de segurança, de eficiência, de possíveis efeitos colaterais em animais e em humanos. A ideia dos dispositivos criados por Ingber é substituir a etapa com animais ou, pelo menos, fazer com que o tempo de experimento seja reduzido com o teste prévio de substâncias.