Sua trajetória de sucesso começou logo após a universidade. Destacando-se com uma das melhores notas do curso de economia, Sheryl conseguiu emprego com o professor Lawrence Summers no Banco Mundial. O segundo trabalho foi na empresa de consultoria McKinsey, que ela largou para ser novamente funcionária de Summers em 1996, quando o ex-mestre tornou-se secretário do Tesouro dos EUA, entre o fim do primeiro mandato de Bill Clinton e o início do segundo (em 1997). Em 2001, o então diretor-geral do Google, Eric Schmidt, a convidou e insistiu para que a economista entrasse para a companhia. Foi uma decisão sábia. Sheryl foi uma das pessoas que implantou o sistema de publicidade nos resultados de busca no site, responsável por 97% dos lucros do Google, e que rende cerca de US$ 30 bilhões por ano (cerca de R$ 54 bilhões).
Para resolver a questão de como tornar o Facebook um negócio rentável sem cobrar dos usuários pelo serviço, a diretora de operações se inspirou na estratégia adotada no Google e desenvolveu uma ferramenta de publicidade direcionada. Os anúncios são mais personalizados, ligados ao gosto do usuário e aos contatos dele no site. Foi mais uma estratégia certeira. De acordo com estimativas do banco Goldman Sachs, a rede social, que tem 31 milhões de usuários no Brasil, lucrou US$ 1 bilhão (R$ 1,79 bilhão) no ano passado.
Papel diferente
Segundo a especialista em sistemas de informação e bases de dados Mirella M. Moro, professora do Departamento de Ciências da Computação na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a importância de Sheryl para o mundo da tecnologia é diferente da usual, já que não tem ;background técnico; em informática ou computação. ;Na posição atual no Facebook, ela conseguiu transformar um produto técnico de qualidade em algo de excelente rentabilidade. A economista tornou a rede social ;da moda; um negócio lucrativo. Foram essas ações que a colocaram, desde 2008, na lista da Forbes das 50 executivas mais poderosas do planeta;, afirma Mirella.
A mestre em engenharia da computação Alessandra Garcia, professora de gestão em tecnologia da informação da Faculdade Cambury, de Goiânia, e especialista em processos empresariais, admira a competência e a paixão de Sheryl pelo próprio emprego. ;Eu até arriscaria brincar que, ;quando eu crescer, quero ser igual a ela;;, diverte-se. Para Alessandra, a COO do Facebook é uma pessoa centrada e objetiva, que consegue cumprir as propostas de seu trabalho e trazer o que todo empresário almeja: lucro e reconhecimento no mercado.
Alessandra ressalta que a tecnologia não é composta apenas pela área técnica da computação em si. ;Para um projeto dar certo e se tornar realidade, é necessário o envolvimento de áreas como gestão de pessoas e recursos, administração, finanças e muitas outras. É um trabalho em equipe com demanda de mão de obra qualificada;, diz. Mirella completa o raciocínio da colega: ;Acho que a mensagem principal é que, para manter uma empresa de produtos tecnológicos, é necessário ficar de olhos bem abertos para o negócio da companhia. Não adianta o produto ser fabuloso se não houver a pessoa certa para transformar tal produto em rendimentos. E foi esse o papel da Sheryl tanto no Google quanto no Facebook;.
Lições
Alessandra Garcia assegura que mulheres como Sheryl Sandberg são inspirações para como lidar e administrar bem a rotina de profissional, mãe e mulher. ;Ela é exemplo de que é possível ter carreira, casamento e filhos ao mesmo tempo, sem precisar abrir mão dos sonhos;, destaca, lembrando que Sheryl é mãe de um menino de 6 anos e de uma menina de 2.
Em novembro, Mirella teve oportunidade de assistir a uma palestra de Sheryl no evento Grace Hopper Celebration of Women in Computing ; em Portland, nos Estados Unidos ; sobre a relevância das mulheres na área da tecnologia.
;Entre várias coisas interessantes, ela disse que é muito tarde para a geração dela mudar a cultura dominantemente masculina que existe na nossa carreira e no mundo. Sheryl contou que o mundo precisa de nós, das gerações novas, para ser transformado;, recorda.
Ela e Alessandra relatam que, em palestras, Sheryl adverte que o número de mulheres ocupando posições de destaque no mercado, inclusive no de tecnologia, é de menos de 15%. ;Uma solução é, como pais, encorajar nossas filhas a usarem o computador e demais tecnologias tanto quanto encorajamos nossos filhos. Nós, pais, podemos ter medo da tecnologia, mas, se formos honestos realmente, nós estamos protegendo nossas filhas em função dos nossos medos;, conclui a especialista em sistemas de informação, com base nos ensinamentos da economista norte-americana.
Ambas as professoras consideram que redes sociais como o Facebook têm grande importância atualmente. ;As redes sociais mudaram drasticamente a maneira de as pessoas se comunicarem, assim como o e-mail tem feito desde a década de 1990. É um paradigma de comunicação completamente diferente, no qual é possível comunicar-se não apenas com amigos, familiares e conhecidos, mas com o público em geral. É um meio de comunicação que veio para ficar e que está evoluindo rapidamente;, detalha Mirella.