Praia do Forte (BA) ; Se um dispositivo eletrônico não teve trégua durante os últimos três anos, esse foi o PC. Os computadores pessoais ; categoria que inclui desktops, notebooks e netbooks ; sofreram a forte concorrência dos tablets, dos smartphones e até mesmo das smart TVs. A investida foi tão grande que as três principais consultorias do mundo tiveram que rever os números de vendas dos PCs para baixo, claro. No entanto, os PCs conseguiram dar a volta por cima e se recuperaram bem dos ataques sofridos pelas novas tecnologias, demonstrando toda a força de quem completou 30 anos de vida em 2011. Em relação ao ano passado, os PCs tiveram um aumento superior a 10% nas vendas com quase 390 milhões de unidades vendidas no mundo, segundo a Gartner.
A expectativa fica ainda melhor para o ano que vem, com previsão de aumento de 13,6% (o que corresponde a 440,6 milhões de unidades). Daqui a quatro anos, serão 2,25 bilhões de desktops no planeta, impulsionados, principalmente, pelos países emergentes, como Brasil, Rússia, Índia e China, que contabilizarão 800 milhões de PCs em 2015. Aliás, o mercado dos computadores pessoais por aqui ultrapassou o Japão no segundo semestre em número de unidades vendidas ; foram 95 mil a mais que no país do outro lado do mundo. ;O computador pessoal é reconhecido no Brasil como sinônimo de tecnologia. Ele está mais vivo do que nunca e cresce muito na América Latina;, explica Cássio Tietê, diretor de estratégia e novos negócios da Intel.
Em uma pesquisa feita pela empresa de tecnologia em quatro países (México, Brasil, Colômbia e Argentina) com mais de 170 consumidores das classes A, B e C, mostrou que o PC, ao lado do telefone celular ; os simples e não os smartphones ; , são os dispositivos mais próximos e valorizados pelos consumidores. Os tablets e os videogames, por exemplo, ainda aparecem longe das principais necessidades dos usuários.
No estudo, os jovens brasileiros foram que os demostraram ter um vínculo emocional com os computadores e que ;sem eles poderiam até morrer;. ;Os PCs oferecem um centro de experiência de conexão com a internet e permitem criar conteúdos com mais facilidade. Isso acontece mesmo dentro das classes A e B. É o PC que as pessoas acreditam ser o dispositivo mais útil;, aponta Tietê. Entre os aparelhos, o que mais se destaca ainda é o notebook. Para as pessoas ouvidas na pesquisa, esse dispositivo é um item de prestígio que oferece ;portabilidade, praticidade e versatilidade;.
Já os desktops são reconhecidos por serem mais sólidos, robustos e confiáveis, além de passar a sensação de poder e servir para lidar com vários programas e tarefas. Quem não anda bem são os netbooks, que são percebidos como produtos com ;menos glamour;, mas pequenos, leves e fáceis de serem transportados. ;Os brasileiros querem tecnologia e acesso e o PC continua sendo o dispositivo de maior procura no Brasil. Eles vão continuar assim mesmo com a crise econômica;, afirma Steve Long, diretor-geral da Intel para América Latina.
Futuro
A convergência dos dispositivos eletrônicos e a evolução contínua dos processadores, HDs e memórias são as apostas das empresas para continuar com o ritmo de vendas dos computadores pessoais. ;Os consumidores clamam pela união, pela conectividade ubíqua, independemente de qual dispositivo ela está utilizando;, explica Tietê. Para isso, o plano é investir na integração com os serviços em nuvens para que o usuário que tenha mais de um dispositivo em casa possa utilizar da computação continuada, sem que, por exemplo, tenha que transferir por e-mail arquivos importantes do notebook para o desktop.
Oferecer computadores mais leves e mais poderosos também está nos planos das empresas para conter o avanço das pranchetas digitais ou, pelo menos, competir com atributos semelhantes. Três companhias já anunciaram ; até o fim de dezembro e o começo do ano que vem ; a chegada dos ultrabooks, como são chamados os computadores com essas características. A Acer, a Asus e a HP oferecem PCs com espessura menor que 18mm, peso de 1,4kg e processadores de última geração. No entanto, o preço ainda deve ficar bem acima dos tablets, com opções a partir de R$ 2,8 mil. A expectativa da Intel é que até o fim de 2012, 40% do mercado de computadores serão dominados por essa categoria.
O jornalista viajou a convite da Intel
O primeiro
O IBM 5150 PC foi o precursor dos computadores pessoais no mundo. Em 1981, a IBM divulgou em Nova York que o 5150 teria uma memória RAM de 16KB, dois drivers de disquete de cinco polegadas e rodava DOS. O preço era alto para a época, US$ 1.565. A criação do primeiro PC foi para tentar barrar o crescimento da Apple, que já havia lançado o computador Apple II com relativo sucesso.
40 anos do processador
Quem diria que de uma calculadora sairia o primeiro processador para computadores pessoais do mundo. Foi assim que o Intel 4404 surgiu em 15 de novembro de 1971 e, um ano depois, já era capaz de processar ;incríveis; 8 bits de dados. Para efeito de comparação, o 4004 rodava a 740 kilohertz, hoje são 4GHz. Se a velocidade dos carros tivesse aumentado no mesmo ritmo, levaria-se cerca de um segundo para viajar de São Francisco (EUA) até Nova York. Foi só em 1982 que os processadores se popularizaram com a chegada do 286, que teve fabricação em massa.