Jornal Correio Braziliense

Tecnologia

Jogos de dança voltam às prateleiras para as festas de fim de ano

Novidades incluem modos multiplayer e criativo, nos quais o jogador inventa a coreografia



;Então, vai rolar uma festinha lá em casa, no sábado...vai ter churrasco, música e umas rodadas de Halo para animar.; Já ouviu algum convite assim? Bom, a menos que seus amigos sejam os personagens da série norte-americana The big bang theory, dificilmente esse será o jogo escolhido para a reunião. Para isso, existem os chamados party games, moldados especificamente para quem está mais preocupado em rir com os amigos do que em bater recordes de pontuação. A ideia é um dos conceitos-chave para a criação de plataformas como Wii, Kinect e Playstation Move.

De olho nas vendas de fim de ano, chegam às lojas dois games cuja essência é esse espírito festivo: Just Dance 3, da Ubisoft, e Dance Central 2, da Harmonix. A premissa é a mesma dos títulos anteriores ; basta se posicionar em frente ao sensor de movimento (ou pegar o controle, na versão para Wii), escolher a música e seguir os passos na tela. Lembra um pouco aquelas máquinas arcade de Dance Dance Revolution e os tapetes de dança que marcaram as décadas passadas, mas aqui não basta sapatear. É preciso bater palma, girar, pular e, às vezes, até se jogar no chão.

Embora partam do mesmo conceito, os títulos apresentam diferenças marcantes. Estreando nos consoles da Sony e da Microsoft, a série Just Dance traz novidades, como uma resposta precisa aos movimentos do jogador ; as versões anteriores pecaram bastante nesse quesito ;, e o excepcional modo de criação, exclusivo dos dois consoles. Nele, o jogador pode criar a própria sequência de passos e desafiar outros jogadores, estejam eles no mesmo recinto ou do outro lado do mundo.

Já a sequência de Dance Central segue fiel à fórmula original, com personagens cheios de marra e nomes engraçadinhos para cada passo. As novidades ficam por conta do controle de voz, da esperada opção multijogador e do modo campanha, em que o jogador precisa acertar a coreografia para derrotar os demais grupos de dança. Para quem precisava de uma desculpa para dançar em frente à televisão, contente-se com isso.

Estilos diferentes
As diferenças pontuais em cada aspecto marcam a escolha de cada título por uma faixa de público específica. Um exemplo claro dessa distinção está na lista de músicas disponível em cada game. Just Dance traz um cardápio variado e mais puxado para a cafonice, com direito a Earth, Wind and Fire, Bananarama e uma dança inspirada nos musicais indianos de Bollywood. Já Dance Central tem um repertório vasto, mas focado nos últimos lançamentos de R norte-americano ; 12 das 44 músicas são resultado de parcerias com algum rapper famoso.

A diferença sonora se reflete também nas coreografias, e na forma como elas são pontuadas. Enquanto o game da Harmonix traz dançarinos com pose de ;mano;, puxados para o street-style, o rival é povoado por seres hiperativos em roupas neon, e uma série de passos mais engraçados que estéticos. É como se Dance Central 2 representasse um estúdio de dança e Just Dance 3, uma festa após as 4h da manhã.

Tal distinção nos leva ao principal trunfo de cada jogo. A continuação de Dance Central traz uma variedade quase infinita de passos, e a escolha pelos diferentes níveis de dificuldade é mais significativa que no jogo anterior. Assim, a lista de 44 músicas se converte em mais de 100 rotinas de dança completamente distintas. O multiplayer simultâneo é simples, mas melhora em relação ao esquema utilizado no primeiro game, em que os jogadores precisavam se revezar em frente à tela.

Mas na batalha entre os modos multijogador, não existe páreo para Just Dance 3. Se os dois jogos anteriores já empolgavam o público com seus modos cooperativos, em que uma dupla de dançarinos interagia em frente à tela, desta vez foram criadas rotinas que envolvem até quatro players. Na música Night boat to Cairo, por exemplo, enquanto um jogador ;toca flauta;, os outros simulam a dança de cobras saindo de um cesto. Falando assim parece ridículo, mas na realidade... é ainda mais ridículo. Em todo caso, é justamente essa a ideia. Quem está dançando se diverte, quem está assistindo também, quem grava a performance e coloca na rede social se diverte mais ainda.

Com tantas comparações, o consumidor pode estar em dúvida: afinal, qual dos dois jogos é melhor? A resposta é simples. Os dois. Com propósitos e estilos tão contrários, a escolha vai depender da sua idade, do seu grupo de amigos ou parentes, da sua experiência com o mundo da dança e assim por diante. Se a dúvida persistir, leve os dois e alterne entre um e outro. Com certeza, a diversão da festa estará garantida até o fim da noite ; ou o fim da paciência do vizinho de baixo. O que vier primeiro.