É possível encontrar quase tudo na internet. Perfumes, filmes, revelação de fotos. É só fuçar que lá estará o produto a um preço muitas vezes bem mais acessível que nas prateleiras das lojas. E, embora o comércio eletrônico não esteja mais registrando o crescimento de alguns anos atrás e enfrente hoje algumas dificuldades com o fechamento de portais, ainda há oportunidades no mercado.
A expectativa para o ano todo, segundo dados da e-bit, empresa especializada em informações do setor de comércio eletrônico, é que o e-commerce brasileiro movimente R$ 20 bilhões até o fim de 2011, 30% a mais do que em relação a 2010. E, um dos grandes responsáveis é o consumidor com renda menor. De acordo com a e-bit, 61% dos novos compradores no primeiro semestre de 2011 possuem renda familiar igual ou menor a R$ 3 mil.
No intervalo de dois anos, cerca de 5 milhões de novos consumidores da classe C ; também chamados de nova classe média ; aderiram a esse tipo de comércio. Em 2009, essas pessoas correspondiam a 44,6% do total de compradores na internet. Em 2011, o percentual subiu para 46,5%.
Para o técnico Lucas Mesquita, 23 anos, que tem salário compatível com esses dados, uma das principais vantagens é que os sites oferecem maiores facilidades de pagamento e preços mais acessíveis do que nas lojas. ;Compro de tudo: celular, roupas, tênis. Comecei a ficar de olho nos perfumes porque são mais baratos e não preciso sair andando à procura do produto;, conta. ;Um desses perfumes custava R$ 350 no comércio; adquiri por R$ 120 pela internet;, completa.
O estudante de direito, Antônio Borges, aproveita os sites para fazer uso do salário de estagiário. ;Duas vezes por mês, eu compro. A maior vantagem é poder comparar preços e produtos;, analisa. A última aquisição do jovem foi um jogo do vídeo game Playstation 3 que, importado do Reino Unido pela internet, ficou mais barato do que no comércio brasiliense. ;No Brasil, custaria uns R$ 200; pela internet, incluindo o frete, saiu por R$ 80;, conta.
Opções
Atentas a esse nicho de mercado, as empresas investem. Por exemplo, a Tutudo, firma americana com investidores brasileiros, funciona como uma carteira virtual. A ideia é que o consumidor use um cartão pré-pago que pode ser carregado com dinheiro em 200 mil postos credenciados pelo site. Por meio dele, é possível comprar nos mais de 80 sites credenciados da Tutudo. ;O sistema permite que a pessoa sem cartão de crédito faça compras e que o processo corra com total segurança;, explica Pierre Schurmann, CEO da Tutudo.
Dos cerca de 100 mil usuários, dois terços são consumidores da nova classe média. ;Esse público é mais fiel, têm frequência maior e tíquete (média de gastos) menor;, avalia Schurmann. ;Focamos muito em jogos sociais e em outros bens virtuais, como músicas e vídeos;, completa.
A diretora do portal de compras coletivas Peixe Urbano, Leticia Leite, conta que o perfil dos consumidores mudou ao longo dos anos. ;Quando lançamos o site, o público-alvo eram pessoas que já tinham acesso à internet e a cartão de crédito. Eram pessoas antenadas na tecnologia, o que ajudou o modelo a se expandir;, conta a diretora. ;Hoje, cada vez mais, pessoas que nunca tinham feito compras on-line estão fazendo pela primeira vez. Elas estão com poder aquisitivo incrementado e maior acesso a internet;, comenta.
A consolidação do site obriga a equipe a manter a criatividade. ;Quando completamos um ano, fizemos 100 ofertas a um centavo para agradecer os usuários e alcançamos um publico mais amplo;, conta. Um dos serviços oferecidos pela empresa nessa promoção foi a revelação de 40 fotos, o que significou vendas de 150 mil cupons. ;Quanto mais baratas as ofertas, mais pessoas atraímos;, afirma.
Perfil
; 61% dos novos consumidores do e-commerce no primeiro semestre de 2011 têm renda familiar igual ou menor a R$ 3 mil;
; 44,6% do total de e-consumidores do mercado pertenciam à classe C em 2009. No primeiro semestre de 2011, esse mesmo número subiu para 46,5%;
; R$ 20 bilhões é o valor que o e-commerce brasileiro vai faturar até o final de 2011.
Fonte: e-bit