Jornal Correio Braziliense

Tecnologia

Sites de compras coletivas perdem o fôlego e buscam mercados específicos

Fechamento de mais de 25% dos sites de ofertas faz consumidor perder em variedade de produtos e promoções

Elas vieram mais rápidas e em maior quantidade que os indesejados spams. A toda hora, novas ofertas de sites de compras coletivas enchem a caixa de e-mails do internauta, que, animado com os descontos, faz o cadastro para aproveitar. Até o fim do ano passado, havia no Brasil pouco mais de 250 páginas desse tipo. Na metade de 2011, foram contabilizados quase 2 mil sites, oito vezes mais. No entanto, a febre das compras coletivas parece estar cedendo. Das páginas analisadas pela empresa Bolsa de Ofertas, especializada nesse mercado, 28% estavam inativas, danificadas ou desativadas. Além disso, 11% são caracterizadas por sites novos, os quais pedem para o cliente se cadastrar, mas não dão certeza de que entrarão no ar.

O Brasil segue a tendência do mercado norte-americano. De acordo com o Yipit, agregador de sites de compras coletivas norte-americano, enquanto 362 sites foram criados no primeiro semestre deste ano, quase a metade já fechou as portas nos Estados Unidos. Além disso, as visitas às páginas caíram 25% no período, segundo a consultoria Experian Hitwise. Para completar, o Groupon, maior empresa do setor, enfrenta uma crise, com perdas de US$ 102 milhões registradas no segundo trimestre de 2011.

;O consumidor vem perdendo o interesse pela novidade. As páginas oferecem uma oferta passiva, no qual o consumidor recebe vários e-mails de compras coletivas. As novas empresas que surgem já chegam imitando as maiores. Não dá para competir, pois os grandes grupos têm maior investimento;, explica Flávio Antônio Filho, especialista em soluções de internet e diretor da Buy2Joy, empresa especializada em e-commerce.

O problema em terras brasileiras atinge, principalmente, as pequenas e médias empresas que investiram nesse setor. De acordo com o e-bit, empresa de monitoramento de comércio eletrônico, cerca de 70% da receita do mercado de compras coletivas vêm das grandes companhias. ;Os sites menores que estão saindo do ar são justamente os que não tiveram geração de negócios. Há um reposicionamento no mercado para escolher os melhores;, explica Mariuza Rocha, diretora comercial do site de compras coletivas Imperdível.

Quem perde com isso é o consumidor. A falta de opções para conseguir bons descontos e a mesmice nas ofertas estão entre os principais problemas. ;O consumidor de compra coletiva não é fiel a uma empresa ou a um serviço. Ele está ali para aproveitar uma oportunidade. Com menos sites, o cliente sai prejudicado pela falta de ofertas, e os empresários, pela falta de opções para anunciar os produtos;, explica Flávio Filho.

Facebook desiste; Google investe
Após quatro meses de testes, o Facebook resolveu colocar um ponto final no Facebook Deals, o serviço de compras coletivas de empresa. De acordo com um comunicado, a rede de Mark Zuckerberg acredita que ;uma abordagem social para levar as pessoas ao comércio local tem bastante força; e que a empresa avaliará como atender melhor os negócios locais. Por outro lado, o Google está expandindo o Google Offers para outras regiões dos Estados Unidos. Lançado em maio, o serviço tenta se aproximar do Groupon, líder no país.