A universalização do acesso à internet no Brasil, desejo da equipe da presidente Dilma Rousseff, só será possível se o governo reduzir a carga de impostos sobre os celulares e televisores, segundo conclusão de estudo divulgado ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Para o pesquisador Rodrigo Abdalla Filgueiras de Sousa, responsável pelo levantamento, o preço da banda larga popular, de R$ 35, anunciado pelo governo, é inacessível para boa parte da população.
Para o Ipea, o custo ainda alto evidencia a necessidade da ampliação da oferta de planos pré-pagos e de preços fracionados para acesso à internet. Sousa defendeu que, em vez de planos mensais, sejam oferecidas tarifas por faixas de horário ou capacidade de tráfego. ;A inclusão digital das famílias na base da pirâmide também depende da criação de modelos de negócios inovadores, condizentes com sua disponibilidade de renda;, disse.
O Ipea propôs que a redução de carga tributária seja feita em continuação às políticas de desoneração que, atualmente, já beneficiam computadores, tablets e equipamentos para a infraestrutura de telecomunicações. Os pesquisadores estabeleceram uma relação entre a cobertura do serviço de tevê a cabo e a base de clientes de banda larga. Segundo os números do Ipea, a presença de uma empresa de tevê por assinatura aumenta em 35% o número de potenciais usuários de internet. O motivo está no fato de que a infraestrutura construída para levar o sinal de tevê a cabo também serve para estabelecer conexões da web.
Mobilidade
O Ipea sugeriu ainda o aumento do número de telecentros públicos e o incentivo a novas formas de acesso à internet para a população de baixa renda, como o telefone celular. No entender dos pesquisadores, tais iniciativas precisam ser coordenadas com programas de capacitação, para garantir que a população de baixa renda domine as ferramentas on-line. Com relação à infraestrutura de rede, o instituto propõe que seja financiada por meio da aplicação de uma tarifa diferenciada para o uso das redes já instaladas.