Os números de vendas de smartphones, tablets, laptops e netbooks se superam a cada instante. A União Internacional de Telecomunicações (UIT) constatou que, até o fim desta década, estarão em funcionamento mais de 55 bilhões de dispositivos de comunicação móvel, sendo 12 bilhões esses smartphones, tablets; Começa, assim, a década da mobilidade. Três poderosos elementos já contribuem para que o título se confirme: o Wi-Fi, o 3G e o Bluetooth. ;Por um lado, há o crescimento da cobertura de hotspot (pontos de acesso) em aeroportos e restaurantes. Por outro, o custo da mensalidade é cada vez menor para o 3G, mesmo sem velocidades fantásticas, embora com melhor estrutura;, afirma Taciano Pugliesi, diretor de produtos da D-Link Brasil.
As redes sem fio ganham destaque. Segundo a consultoria ABI Research, a venda de equipamentos com chips que proporcionam o acesso a conexões sem fio representou 38% do mercado em 2010 ; um aumento de 50% em relação ao ano anterior. A previsão, estima a empresa In-Stat, é de que daqui a cinco anos quase 1,7 bilhão de produtos com Wi-Fi sejam vendidos. Disputando a liderança no segmento, estarão os celulares inteligentes, os aparelhos de Blu-ray, os leitores digitais e a televisão digital. ;O Wi-Fi vai se caracterizar e dividir por aplicação. Por exemplo, em uma aplicação residencial, vamos ter um roteador que dará acesso a todos os outros dispositivos. O centro da rede continuará cabeado, mas os usuários vão se conectar cada vez mais sem fio. Em empresas é muito mais prático o uso do sem fio;, explica Pugliesi.
A velocidade de conexão, antes considerada um problema, também está em franca ascensão, para a felicidade dos usuários. Atualmente, o padrão utilizado nos dispositivos é o IEEE 802.11n (veja quadro). Ele proporciona taxas de transferência de 65Mbps até 600Mbps. Mas já está em teste o IEEE 802.11ac, que promete entregar velocidade de 1Gbps. Com isso, será possível fazer o download de um arquivo de 700MB, por exemplo, em apenas 10 segundos. O novo padrão está previsto para chegar ao mercado no fim de 2012. ;Teremos streaming de vídeos. Em casa, o usuário poderá assistir no tablet e no smartphone a um vídeo que alugou pela internet;, ressalta.
Enquanto não é apresentado oficialmente, estudiosos trabalham para aprimorar o padrão n. A Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, encontrou uma maneira de dobrar a velocidade de transmissão de dados. Os pesquisadores conseguiram desenvolver um conjunto de transmissor sem fio full duplex ; no qual a velocidade de download e upload é a mesma, algo considerado impossível até hoje ; com três antenas que minimizam as interferências e aumenta a velocidade da rede. ;Esse novo sistema muda completamente nossa noção de como as redes sem fio podem ser feitas;, comentou, em nota, Philip Levis, professor assistente de ciência da computação e engenharia elétrica da universidade.
Troca de arquivos
A mobilidade não seria completa sem os dispositivos equipados com o Bluetooth. A tecnologia mais conhecida pela troca de arquivos entre smartphones evoluiu e já equipa carros, produtos relacionados a saúde e aparelhos encontrados em casa. A Bluetooth SIG, organização formada por 13 mil empresas, estima que mais de 5 bilhões de produtos trazem a praticidade dessa tecnologia. ;Hoje, o Bluetooth está pronto para monitorar batimentos cardíacos e alertar aos médicos quanto a alterações bruscas, além disso, um equipamento em uma academia pode automaticamente ajustar as opções personalizadas, por meio do Bluetooth, a partir do momento que o usuário começa a utilizá-lo;, afirma, em nota, Michael Foley, diretor executivo da Bluetooth SIG. A mais recente versão do Bluetooth que equipa alguns dispositivos no mercado faz com que os aparelhos consumam 90% a menos de bateria quando a tecnologia estiver ativa.
Se não fosse pelo 3G, a década da mobilidade estava fadada ao fracasso. Dados da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) mostram que, em fevereiro, o Brasil teve 23,6 milhões de acessos à internet pela banda larga móvel. No mundo, a ABI Research calcula que mais de 2 bilhões de pessoas utilizam o 3G. Os investimentos na área concentram-se na tecnologia 4G (LTE ou WiMAX), e as empresas começam a anunciar velocidades que chegam a 1Gbps. No Brasil, a Oi foi a primeira a anunciar testes em parceira com Alcatel-Lucent, Nokia, Huawei e ZTE. A Anatel deve liberar o leilão pelas faixas de frequência de 2,5Ghz ; utilizada pelo LTE ; ainda este ano e prevê que até 2014 o Brasil esteja com a rede pronta para a Copa do Mundo.
Barreira para a rede
De acordo com uma pesquisa da Epitiro, empresa especializada em redes de comunicação, os consumidores perdem até 30% da velocidade da Wi-Fi por conta da interferência de outros aparelhos eletrônicos, como micro-ondas e telefones sem fio. Barreiras como paredes, móveis e portas também contribuem para a queda da transmissão de dados.