O 29 de janeiro foi marcado por ter games vendidos pela metade do preço em algumas lojas e sites brasileiros, como uma forma de mostrar o excesso de impostos sobre estes produtos. A data foi escolhida pelo Jogo justo, uma campanha que reúne diversos setores da indústria brasileira com o objetivo de reduzir a carga tributária sobre jogos eletrônicos no Brasil. Além dos descontos em lojas, o movimento também mostrou seu próprio jogo, produzido por uma empresa da capital federal.
O webgame Jogo justo na ilha dos impostos, um título de plataforma com diversas alegorias ao problema tributário dos games no país ; o personagem principal passa por fases com nomes de impostos e enfrenta leões e piratas ;, foi feito pelo estúdio brasiliense Give me Five, fundado em setembro de 2010.
Com quatro meses e apenas dois títulos no portfólio, a empresa firmou espaço com um modelo específico de desenvolvimento: o de transformar notícias em games. Antes do Jogo justo na ilha dos impostos, a Give me Five ganhou notoriedade com o Dilma adventure, outro jogo de plataforma para navegadores em que a então candidata à presidência Dilma Rousseff precisa coletar votos, escapar de zumbis com o rosto de José Serra e, como habilidade especial, fazer Lula aparecer no cenário.
Acompanhar a pauta nacional tem sido a estratégia para promover a empresa. ;Vi na internet um jogo sobre o Obama, no estilo do Super Mario, quando ele era candidato à presidência dos Estados Unidos. Chamei o grupo e sugeri que trabalhássemos nesta ideia;, relembra Alex Leal, diretor do estúdio.
No caso do game oficial do Jogo justo, o convite veio do próprio idealizador do projeto, o empresário Moacyr Alves Jr. A empresa também teve ajuda da banda Gameboys, que toca temas clássicos dos games e ficou responsável pela trilha sonora.
Origem
A Give me Five é fruto de uma parceria que nasceu no curso de jogos digitais do Centro Universitário do Distrito Federal (UDF). Em maio do ano passado, os alunos Roberto Guedes, Raphael Nunes e Felipe Vieira se juntaram a um professor, Alex Leal, para produzir um webgame de futebol como trabalho de faculdade.
Daí, surgiu a ideia para fazer o Dilma adventure e, em seguida, de montar a empresa. O professor Alex virou diretor geral, enquanto Roberto, Raphael e Felipe passaram a cuidar, respectivamente, das áreas de marketing, programação e arte/animação. ;Temos quatro semestres de curso e já estávamos na metade. Era hora de começar a fazer jogos;, aponta Raphael.
Nos três projetos, a receita do estúdio foi adotar um ritmo rápido de produção, algo essencial para lançar games. Para isso, no momento inicial, eles prezam por objetividade. ;É mais importante o jogo ser feito do que ser perfeito;, explica Roberto. Tanto o webgame de futebol quanto o de Dilma Rousseff foram produzidos em apenas uma semana. Já o Jogo justo na ilha dos impostos foi desenvolvido em cerca de um mês.
Agora, os quatro encaram um desafio difícil: o de produzir games em um país cujos jogadores quase não têm contato com a produção nacional. Mas eles já veem um pouco de mudança nessa situação. ;Temos os mesmos softwares que as empresas de fora e temos material humano. Mas não adianta ficar planejando uma revolução sem publicar nenhum trabalho. Precisamos simplificar e fazer benfeito;, aponta Alex.
A empresa quer continuar apostando no modelo que deu certo, mas não descarta fazer novas parcerias com outros estúdios de desenvolvimento, principalmente em São Paulo e Rio de Janeiro, onde se concentra a produção de games nacional. A ideia é ver outros estúdios como parceiros, em vez de concorrentes. ;Nós fomos ao Brasil Game Show ano passado e vimos lá um senso colaborativo grande para fazer novos trabalhos;, acrescenta Roberto.
; Jogue os games da Give me Five: