Enquanto os aparelhos que integram a televisão e a internet, como o Google TV e o Apple TV, não chegam aos espectadores de todo o mundo, o consumo de vídeos na web continua em um vertiginoso processo de ascensão. A força das produções na rede é tão grande que, de acordo com a consultoria comScore, em agosto, 178 milhões de usuários da internet dos Estados Unidos assistiram a vídeos on-line. No Brasil, junho e julho foram os meses recordes. Mais de 35 milhões de brasileiros estavam ligados na programação da web, representando, aproximadamente, 85% do total da população on-line.
O estudo relatou que os brasileiros assistiram a um total de 6,7 bilhões de vídeos durante esses dois meses. De acordo com a comScore, a Copa do Mundo da África do Sul foi a mola propulsora. ;O consumo de vídeos on-line claramente se tornou parte essencial da experiência do consumidor digital no Brasil, com cerca de seis entre cada sete usuários da internet em casa ou locais de trabalho visualizando vídeos on-line; disse Alex Banks, diretor executivo da comScore no Brasil e vice-presidente na América Latina.
Uma outra pesquisa realizada pela Havas Digital Brasil identificou as principais características dos espectadores do conteúdo da rede no Brasil. No estudo, 96% dos entrevistados que consomem vídeos on-line assistem os de curta duração, sem restrição de dia, seja no YouTube ou em sites de notícias e entretenimento. Para 56% dos entrevistados, a principal motivação é a disponibilidade a qualquer momento. A pesquisa também mostrou que os telespectadores digitais não rejeitam as propagandas, desde que esses vídeos possuam publicidade relacionada ao conteúdo veiculado.
Uma ideia na cabeça
A internet surge como solução para incluir o conteúdos que não encontraram reconhecimento no mundo real. Foi assim que surgiram as webséries. Assistir a qualquer hora e quantas vezes quiser são as principais vantagens dessas produções. ;Acompanhamos isso há seis anos e é impressionante como as pessoas querem mostrar cada vez mais seu talento para os outros ;, afirma Ariel Alexandre, um dos criadores do site Videolog.
Entre os conteúdos, algumas webséries conseguem destaque por serem produções dignas da TV; no entanto, a maioria ainda espera maior visibilidade para continuar o projeto. ;Geralmente, os primeiros episódios das séries são feitos apenas com amor, sem dinheiro. Depois de alcançar certa visibilidade vem o retorno financeiro;, explica Ariel.
No circuito internacional, as webséries são sofisticadas e ganham patrocínio de grandes marcas. A produção The Guild já foi vista por mais de 50 milhões de pessoas e tem o apoio da Microsoft. A websérie conta a história de um grupo de jogadores de vídeogame on-line. O seriado começou em 2007, e a primeira temporada foi financiada por doações. A partir da segunda temporada, a websérie passou a ser distribuída pela Live do Xbox 360.
Com as webséries voltam à cena os vlogs ; uma abreviação de video blogging ; que, ao contrário dos blogs, utilizam as gravações como posts. ;Temos muitos casos de sucesso no site. Isso porque já se foi o tempo em que as pessoas utilizavam os blogs apenas para ganhar dinheiro. Hoje, elas vão para a frente das câmeras e, por meio de histórias vividas, falam de serviços e produtos. Com vídeos bem produzidos, estão sendo reconhecidos e observados por grandes empresas;, explica Ariel.
Publicidade on-line
Uma pesquisa da BrightRoll, empresa especializada em propaganda na internet, revelou que 94% dos responsáveis por agências pretendem gastar mais com publicidade nesse formato. O motivo é simples: 83% afirmaram que estão conseguindo mais retorno que há um ano. De acordo com o estudo, os gastos com publicidade em vídeo para a web neste ano devem ser de 40%, próximo ao registrado no ano passado.
Para o vice-presidente executivo de marketing e inovação da Vivo, Hugo Janeba, não é possível comparar o resultado da pesquisa com a realidade do mercado brasileiro. ;O Brasil ainda tem um nível de hábito de consumo de TV muito alto. O que está acontecendo é a combinação das duas mídias. Não é impossível que uma campanha toda seja feita na rede. Depende também do projeto, do alvo e do retorno que se quer atingir;, explica.
;A disputa das mídias tradicionais com as novas deve ser estudada com cautela. Elas são complementares. Há formatos da mídia que melhor se adequam a internet;, explica Janeba. Apesar de ainda ser cedo para falar sobre uma campanha completa na internet, o vice-presidente de marketing deixa claro a importância da web. ;É um grande perigo não considerar esse momento e todas as áreas de marketing do país devem estar pensando em como se pode trazer resultados;, afirma.
VIDEOS E PROFISSÃO
; A consultoria IDC apresentou um estudo sobre o comportamento dos profissionais de Tecnologia da Informação (TI) na hora de assistir a vídeos on-line. De acordo com o IDC, a conclusão é de que as produções da internet se destacaram como uma das ferramentas mais utilizadas na hora de informar-se sobre um produto ou serviço de TI. De todos os pesquisados, 70% assistem a vídeos na web relacionados com a profissão. No Brasil, o percentual foi de 58,33%, considerado pela empresa um número bastante expressivo de pessoas interessadas em obter informações em formato de vídeo.