Jornal Correio Braziliense

Tecnologia

(In)segurança na hora da compra é principal fator para afastar internauta

Pesquisa mostra que a falta de confiança nos sites é o principal fator para o consumidor deixar de fechar negócio na web. No entanto, preços baixos e boas referências começam a reverter esse quadro


Medo de roubarem dados do cartão de crédito, de o produto não chegar como deveria e até mesmo de enfrentar complicações para trocar um produto estão entre os principais argumentos de quem não faz compras pela internet. De acordo com uma pesquisa do site de segurança Site Blindado, 30% dos internautas citam a falta de confiança como motivo para não comprar na web. Segundo a empresa, a razão principal da pesquisa foi entender por que há 40 milhões de brasileiros que acessam a conta bancária on-line, mas somente 17,6 milhões são e-consumidores.

Realizado com 4 mil internautas entre 18 e 40 anos, o estudo apontou que, depois do fator segurança, os principais motivos para deixar de comprar na internet são: medo de não receber o produto (18%); possíveis problemas com a troca (16%); e consumidores que não querem pagar frete (15%). ;Poucos sistemas de buscas mostram ao e-consumidor sites que oferecem selos de segurança. Por isso, o consumidor precisa saber identificar e conhecer os diferenciais de adquirir produtos por sites protegidos contra hackers e outras formas de roubo de dados;, disse Mauricio Kigiela, diretor da empresa, no lançamento da pesquisa.

Para a aposentada Angela Batista de Deus, 53 anos, o medo é de ter que fornecer informações como o número do cartão de crédito. ;A minha maior preocupação mesmo é com relação à segurança. Não me passa confiança o fato de fazer um compra on-line. De repente, posso ser surpreendida com o uso ilegal por outras pessoas do meu cartão, por exemplo;, afirma. Mesmo os preços mais baixos encontrados na internet, em relação às lojas do comércio, não são motivos suficientes para que a aposentada compre periodicamente na internet. ;Como boa mineira, sou bastante desconfiada. Eu prefiro ir ao local físico e pagar um pouco mais. Há muitas pessoas que agem de má fé, por isso, não gosto de usar;, aponta.

A única compra que Angela fez pela internet foi de passagens aéreas, mas porque a companhia não vendia mais em lojas. ;Até hoje, não gosto de comprar bilhetes, mas me vi forçada a fazer isso;, explica. Outra preocupação de Angela é quanto à entrega e às características do produto. ;Pode ser que a numeração venha errada, o objeto quebrado ou que não seja bem aquilo que se pensou;, ressalta. A aposentada reconhece que houve uma evolução no serviço e não descarta uma possível mudança de pensamento com o decorrer do tempo.

Sem medo
Apesar de a insegurança ainda dominar parte do cenário de quem não fez compras pela internet, a mesma pesquisa mostra que há fatores que ajudam na decisão da primeira compra on-line. Entre eles, o hábito de acessar extratos bancários e comparar preços em sites, experiências de compras de amigos e parentes também são referências para trazer novos usuários para o e-commerce. Além disso, a comodidade e o acesso 24h às lojas foram pontos destacados.

[SAIBAMAIS]O quadro de medo parece estar mudando com o tempo. Pelo menos é o que aponta a última pesquisa da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico (camara-e.net), em parceria com o site e-bit. Entre julho e agosto, o índice de confiança do consumidor foi de 87,29%. É o melhor desempenho desde fevereiro de 2009, quando começou a ser divulgada a pesquisa. A satisfação geral é avaliada levando-se em conta 10 quesitos: facilidade de comprar, seleção de produtos, informação sobre os produtos, preços, navegação, entrega no prazo, qualidade dos produtos, qualidade do atendimento a clientes, política de privacidade e manuseio e envio dos produtos.

A funcionária pública Ana Amélia Azevedo, 25, fez apenas duas compras na internet até hoje. ;Minha primeira compra foi em 2005, pelo Mercado Livre. Senti um pouco de receio por ser a primeira vez. Depositei o dinheiro na conta da vendedora e esperei para ver no que ia dar;, explica. A segunda aquisição ocorreu em um site de compras coletivas e também foi realizada com sucesso. ;A vantagem de comprar on-line é não ter que sair de casa, estar no conforto, olhar o produto e escolher e comprar. A desvantagem é ter que esperar, verificar se chegou inteiro e, se for roupa, por exemplo, se serviu;, afirma.

Mesmo com poucas aquisições feitas pela internet, a funcionária pública garante que pretende continuar comprando desse modo. ;Pretendo repetir a dose se encontrar algum produto que me interesse. A confiança aumentou;, ressalta. De acordo com o relatório da camara-e.net, o faturamento do comércio eletrônico deve fechar 2010 com R$ 15 bilhões, contra R$ 10,8 bilhões do ano passado e R$ 850 milhões de 2001.

PESQUISAR PARA COMPRAR
De acordo com uma pesquisa da TNS Research International, mais de 90% dos internautas pesquisam na web antes de comprar um produto ou contratar um serviço. Desses, 76% procuram dados em fóruns ou blogs, 50% deles já chegaram a mudar sua opinião sobre uma compra ao encontrarem uma opinião negativa e 28% fecharam a negociação baseados no relato de outros consumidores.

Dicas
Compras on-line com segurança

; Verifique se a loja tem alguma certificação de segurança

; Em telas que solicitam informações confidenciais, verifique se o endereço
no browser foi alterado para HTTPS e se o cadeado do browser foi ativado

; Utilize computadores confiáveis

; Mantenha o antivírus atualizado

; Abra somente e-mails de pessoas conhecidas, não clique em links de ofertas ou promessas

; Use senhas difíceis de serem descobertas (mais de oito caracteres, com letras e números)

; Verifique a reputação da loja virtual nos compradores e shoppings virtuais

; Acesse o sites de opinião para checar como está a avaliação da marca na web

Fonte: Site Blindado