O semestre letivo é, sem dúvida, uma correria. Não dá para perder tempo - o jeito é enfiar a cara nos livros e estudar para vestibulares, provas, e fazer todos os trabalhos pedidos pelos professores. Para isso, porém, nem sempre é preciso desligar o computador e abandonar o vício da internet. Eles podem ser até mesmo grandes aliados da aprendizagem, inclusive dentro da sala. É que a tecnologia cada vez mais se expande para todas as esferas do cotidiano - e na educação não poderia ser diferente.
Uma aplicação da tecnologia na educação é o software Eureka, da Designmate, trazido ao Brasil pela absolut technologies. Com um projetor especial, instalado em sala de aula (a partir de US$ 900), é possível aprender os conteúdos em 3D. "O professor precisa de muita paciência e de lábia para explicar de forma que todos entendam. Mas, se você vir um experimento em realidade virtual, vai entender de forma mais intuitiva, e brincando", argumenta o diretor presidente Hans Ulmer.
Para aulas sobre o ciclo da água, por exemplo, Ulmer descreve que a aplicação funciona inserindo o aluno no processo, como se ele mesmo fosse uma gota próxima às nuvens, passando por transformações. "Hoje, há materiais educativos em 3D para computadores, projetores e óculos a preços acessíveis. Então, chegamos ao ponto em que as escolas podem adquirir", garante.
O diretor acrescenta que um projeto será apresentado ao governo para a aplicação da sala de aula 3D em todas as escolas públicas do país, antes da Copa do Mundo de 2014. Na Copa da África, uma projeção em três dimensões foi feita pela empresa no pavilhão do Brasil.
A tecnologia já tem sido, de fato, presença constante em centros de ensino. No Dínatos COC, por exemplo, foram colocados neste ano laptops para os alunos nas salas de aula. São mais de 13 mil equipamentos conectados à rede wireless simultaneamente, sendo aproximadamente 9 mil para os estudantes do 6; ano do ensino fundamental e para a 1; série do ensino médio. O objetivo do projeto é ampliar a abordagem dos conteúdos para temas da atualidade. A escola também utiliza lousas digitais interativas nas classes. Modelo similar foi o adotado pelo colégio Albert Sabin, em São Paulo. Em cada sala do segundo grau, foram colocados um projetor multimídia e um computador com acesso à rede, para uma melhor visualização dos conteúdos ensinados, os quais também ficam acessíveis aos alunos por e-mail.
Um sistema desenvolvido pelo Cespe - a Universidade de Brasília (UnB) é a primeira instituição pública brasileira a adotá-lo - é o da prova digital. Nela, as questões são escolhidas de acordo com o desempenho do aluno. Ao acertar um item, aparece outro, com um nível mais complexo. Em caso de erro, a próxima questão selecionada é mais simples. O candidato já fica sabendo se foi aprovado assim que termina de fazer a avaliação, e ainda recebe dicas de estudo para se aperfeiçoar. Mais de 600 alunos responderam às perguntas das provas de proficiência de inglês I e II pelo novo programa, que deve ser estendido às outras disciplinas.
Para o professor da Faculdade de Educação da UnB Gilberto Lacerda, a chegada da tecnologia na educação tem grande relação com os próprios hábitos atuais. "Ela se adequa ao estilo de vida da sociedade da informação, dá conta desse grande fluxo", explica. Porém, para ele, os estudantes, multimídias, ainda vivem uma realidade linear dentro da escola.
O problema seria o uso incorreto dos recursos. "Do ponto de vista de aparato tecnológico, em grandes centros urbanos a presença é cada vez maior, mas a capacidade de utilizarem ainda é uma enorme lacuna. Então, a tecnologia acaba não sendo utilizada na educação, mesmo em escolas equipadas, por falta de didática."
Segundo Lacerda, essa realidade também pode ser evidenciada em Brasília, e não se restringe às escolas públicas. "Os professores vêm dos mesmos lugares. As particulares têm equipamentos mais novos, mais bonitos, mas também não são utilizados corretamente. Esse ainda é um desafio muito grande na educação do Brasil."