Jornal Correio Braziliense

Tecnologia

Pane generalizada no Twitter deixa usuários do mundo todo surpresos

Ao contrário do que ocorre com os vírus normais, bastava passar o mouse sobre um link infectado para que ele fosse repassado para todos os seguidores

Sem distinguir contas mais ou menos populares, uma pane (o famoso bug) planetária deu dor de cabeça a milhões de usuários do Twitter na manhã de ontem. Logo cedo, quem fez o login no microblog encontrou links com linhas de código no lugar dos tuítes, barras coloridas espalhadas pela página e janelas de diálogo com saudações. A falha foi corrigida pelos administradores do Twitter no fim da manhã, o que não evitou constrangimentos até mesmo para usuários mais célebres. A esposa do ex-primeiro-ministro britânico Gordon Brown, por exemplo, foi uma das vítimas do bug. O especialista em segurança Graham Cluley contou em seu blog () que o Twitter de Sarah Brown ; com mais de 1 milhão de seguidores ; estava levando a um site pornográfico japonês. ;Não toque no tuíte anterior. Tem algo muito estranho acontecendo nesse post!”, tentou avisar a esposa de Gordon Brown a seus seguidores. E Sarah não estava exagerando. Não era preciso sequer clicar no link para chegar à página japonesa. ;O bug aconteceu por causa de um recurso chamado onMouseOver, que abre janelas no navegador assim que o usuário passa o mouse pela região;, explica Rafael Silva, um dos autores do Tecnoblog (). Além disso, ao passar o mouse, o link infectado era retuitado para todos os seguidores da conta. A Panda Security, empresa especializada em segurança de computadores, calcula que o bug afetou 100 usuários do microblog a cada segundo. Eduardo D;Antona, diretor da área corporativa e de tecnologia da informação da Panda, afirma que esse foi o primeiro grande ataque à rede. ;A falha se espalhou em milhares de perfis, criando uma série de vulnerabilidades que ainda não foram calculadas. A porta foi aberta, mas não se sabe ainda quem entrou;, diz Eduardo. É pouco provável, contudo, que o bug tenha provocado contaminações mais sérias. Isso porque, apesar de se espalhar tal qual um vírus, o ataque não provocou a instalação de arquivos nas máquinas dos usuários. ; Leia matéria completa na edição impressa do Correio O problema atingiu internautas que utilizam todos os navegadores. Também não fez distinção entre portadores de Macs ou PCs. Algumas pessoas, porém, não perceberam a falha. ;O onMouseOver é uma função do JavaScript, programa que costuma ser desativado pelos mais paranoicos por segurança; comenta Rafael Silva, do Tecnoblog. O JavaScript é um programa de computador executado dentro dos navegadores ; Internet Explorer, Mozilla, entre outros. Ele permite que o browser ganhe funcionalidades, como animações e formulários. O JavaScript funciona mais ou menos como os cookies, ferramentas que coletam hábitos de navegação dos usuários. ;Ao permitir a execução de um JavaScript, você está dando autorização para que esse programa tenha acesso à sua memória e ao seu HD; , esclarece a professora Priscilla Barreto, chefe do Departamento de Ciência da Computação da Universidade de Brasília (UnB). ;Não é recomendável que a pessoa autorize essa execução, a menos que ela já conheça a página em que está navegando;, reforça. Eduardo D'Antona, diretor da Panda Security, fala sobre o bug que atingiu milhões de contas no Twitter na manhã desta terça-feira Priscila reconhece que a maioria dos internautas não sabe dessas fragilidades. Mesmo com o risco, esse tipo de ataque não costuma gerar problemas graves aos usuários. ;Na verdade, o ataque de um hacker é um pouco mais elaborado. Eles usam códigos maliciosos dentro de aplicações que parecem corretas. No caso do JavaScript, qualquer usuário um pouco mais experiente percebe que há algo errado;, diz a professora da UnB. Responsabilidade Talvez por isso a tese de que o problema começou ;sem querer; seja bastante aceita. Até o fechamento desta edição, o Twitter não havia se pronunciado sobre a origem do bug. A Panda Security informou, em nota, que ;a origem do malware parece ser de uma conta criada no Twitter, com o nickname Rainbow;, nome que, inclusive, batizou a falha. Uma matéria do The New York Times trazia outra versão sobre o erro. Segundo o jornal, Magnus Holm, usuário norueguês da conta , postou uma mensagem com o comando onMouseOver com o único objetivo de verificar a possibilidade de criação desse worm ; o programa de computador que se autorreplica na conta dos seguidores. A ideia de Magnus Holm, no entanto, acabou caindo nas graças de usuários mal-intencionados, que aproveitaram o recurso para espalhar os tais links maliciosos. Apesar de todo o barulho, Eduardo D;Antona não acredita que o Twitter seja altamente vulnerável. ;Nenhuma rede social é 100% à prova de invasões. Ao mesmo tempo que nós temos um time de engenheiros trabalhando em antivírus, há uma enorme quantidade de hackers tentando atacar esses sistemas a todo o momento;, diz. ;E, atualmente, eles não buscam fama no mundo virtual, mas sim formas de roubar informações pessoais;, alerta.