Jornal Correio Braziliense

Tecnologia

Redes sociais se multiplicam e alcançam números superlativos de usuários

Se fossem nações, estariam experimentando um boom alarmante de crescimento. Com a expansão, tornam-se forças de marketing impossíveis de serem ignoradas

Se a internet fosse como a Terra, que lugar as redes sociais ocupariam? Para muitos analistas, elas seriam verdadeiras nações, capazes de se tornar cada vez mais populosas. Não à toa, esse tipo de serviço se multiplica, com opções para todos os gostos. Tem rede social para músicos, para crianças, para quem quer fazer contatos profissionais (veja arte). Isso sem falar nas redes-ilhas, voltadas para públicos cada vez mais específicos: gente que gosta de ler, que quer doar sangue, que se considera mais bonita que a maioria das pessoas.

As estrelas, entretanto, ainda são as grandes redes. O Facebook, a gigante desse nicho, anunciou no mês passado ter alcançado a marca de 500 milhões de usuários ; é como se fosse o segundo maior país do mundo em número de habitantes, atrás apenas da China. Conseguiu um aumento de 62% no número de visitantes únicos entre junho do ano passado e junho deste ano. Dados da consultoria internacional ComScore mostram que o boom foi ainda mais impressionante no Brasil: tráfego quase 600% maior em 12 meses.

O Facebook, porém, está longe de desbancar o Orkut, a vedete dos brasileiros. O levantamento da ComScore aponta que o serviço, comandado pelo Google, registra 28 milhões de visitas únicas mensais, contra 8 milhões do Facebook. ;Até pouco tempo atrás, não havia versão em português do Facebook. A ferramenta é mais complexa, com recursos para brincar com amigos mais acessíveis às classes A e B da população;, comenta Sérgio Lima, um dos fundadores da agência de marketing digital AD Brazil.

O especialista afirma que quase todos os internautas têm perfis em mais de uma rede social, mas cada cadastro tem características bem definidas. Segundo Sérgio, usuários do Facebook, por exemplo, são mais cuidadosos na hora de se expor. O líder do setor também é mais utilizado por quem pretende manter relações de amizade com colegas de trabalho. ;Já o Orkut é um lugar para entretenimento, paquera, contato com a família. O site é bastante genérico, tem espaço para gente de todas as idades e classes sociais;, compara Sérgio.

No ranking mundial das grandes redes sociais aparecem, ainda, o Hi5 e o MySpace, ambos com perda de usuários entre 2009 e 2010. Em maio do ano passado, o Hi5 anunciou uma medida para tentar driblar a concorrência. Em vez de ser uma rede social, o site se classifica agora como um lugar para entretenimento. A mudança parece não ter agradado os usuários; em um ano, a quantidade de visitantes únicos mensais caiu 36%. A falta de audiência afeta também o MySpace, que concentra boa parte dos músicos no Brasil. Com 20 milhões a menos de visitas mensais, o site, que já foi o maior do setor, fechou metade dos escritórios espalhados pelo mundo, inclusive o brasileiro.

Fenômeno
Enquanto algumas redes afundam no mundo virtual, outras se tornam absoluto sucesso entre os internautas. O Twitter, por exemplo, cresceu 109% no último ano e mais ainda entre os brasileiros ; 320%. ;Nós somos muitos curiosos e acabamos experimentando todos os tipos de redes que aparecem;, diz Lima.

A cantora Elektra, 20 anos, vocalista da banda de pop rock Fake Number, reflete essa preferência nacional. A jovem tem perfis no MSN, no Orkut, no Facebook, no Flickr (serviço de fotos), no MySpace, no Formspring (rede de perguntas e respostas) e no Twitter. É nessa última, entretanto, que Elektra concentra o maior esforço. ;Assim que acordo, já coloco no Twitter o que estou fazendo e como será o meu dia. Uso o espaço também para divulgar os assuntos da banda;, conta a cantora. ;Eu acho que é uma ferramenta única e essencial. Sem o Twitter, eu não conseguiria viver;, exagera.

Por conta dessa audiência e tanto, a rede virou uma grande força de marketing. Isso porque as pessoas usam esse canal para relatar experiências negativas e positivas com produtos. Assim, a rede se torna um verdadeiro visor da percepção dos internautas. ;No Twitter, a informação é constante, é como um termômetro da situação. É muito mais eficaz do que controlar comunidades do tipo ;eu amo; ou ;eu odeio;, que podem ter sido criadas há muito tempo;, afirma Jairson Vitorino, responsável pela área de tecnologia da consultoria E.Life, que faz análise de mídia digital na América Latina e em Portugal.

O especialista lembra que a internet mudou a relação dos consumidores com as empresas. Antigamente, antes de comprar um carro, por exemplo, a pessoa perguntava a opinião dos amigos e da família. ;Hoje, há tanta gente escrevendo sobre tudo na rede, que é mais fácil checar um fórum ou uma comunidade do que conversar pessoalmente com alguém;, aponta Jairson. ;A rede ampliou o poder de decisão das pessoas.;


Ouça trecho da entrevista com Jairson Vitorino, da consultoria E.Life.