A ideia surgiu na cidade catarinense de Concórdia, durante oficinas preparatórias para um evento de solução para gargalos cotidianos. Depois de cinco meses de estudos e testes, a ferramenta ficou pronta. Com ela, o usuário não precisa ter o cuidado de saber os tipos de materiais presentes em cada saco de lixo. A mistura entra no separador inteligente por meio de uma esteira e, logo na primeira etapa, recebe um jato de ar que separa papéis e plástico do processo.
Em seguida, um sistema de ímãs é acionado e os metais permanecem no compartimento, enquanto o restante dos resíduos prossegue na máquina. Uma bobina eletromagnética transporta os objetos metálicos para um outro compartimento depois que esses estão totalmente separados dos outros materiais. A operação é completada em uma cuba cheia de água, onde objetos de baixa densidade flutuam. Os mais pesados afundam e são retidos depois que o líquido é escoado em peneiras.
As fases do separador de lixo lembram aparelhos dignos dos cientistas malucos de desenhos animados. No entanto, o protótipo, com cerca de 3m de largura, é fruto de muita pesquisa e resultados tecnológicos que prometem revolucionar a separação de materiais inorgânicos. ;A ideia foi dos alunos e não foi algo tão simples. Eles tiveram de apresentar um pré-projeto, que foi analisado minuciosamente até que se confirmasse a viabilidade da máquina, mesmo com os ajustes necessários e algumas lacunas nas pesquisas em um primeiro momento;, afirma o professor Oldoni.
O orientador lembra que os estudantes decidiram pela pesquisa com o intuito de ajudar a região, que abriga diversas fábricas de reciclagem. Segundo o professor, o uso do separador inteligente de lixo é mais seguro que o processo manual realizado atualmente na cidade. ;A máquina vai ajudar a amenizar um problema extremamente grave do planeta que é o destino dado ao lixo. Estou muito orgulhoso pelo resultado e me sinto bastante útil por envolver os alunos em uma questão tão importante como essa;, ressalta.
Sem ferimentos
O estudante Gilian Dal Poso, 17 anos, é integrante do grupo que desenvolveu o separador inteligente. Ele conta que o projeto surgiu da preocupação com o meio ambiente e dos constantes problemas de saúde ocupacional na região. Pesquisas dos alunos revelaram que muitas das pessoas que separam o lixo acabam se machucando com pedaços de vidro e objetos pontiagudos. ;Isso sem falar na quantidade absurda de lixo que deixa de ser reciclada no Brasil. A máquina é uma oportunidade de expor os problemas e mostrar que há soluções. No início, nós pensamos que não fôssemos conseguir, mas está pronta e funciona muito bem;, diz, orgulhoso, o jovem.
Dal Poso e o restante da equipe estão trabalhando agora em uma segunda versão do separador de lixo. A ideia é corrigir falhas observadas no primeiro protótipo e apresentar um novo modelo para possíveis investidores que viabilizem a produção do separador em escala industrial. De acordo com o estudante, os donos de algumas empresas têm gostado do resultado e as perspectivas das negociações são muito boas. ;A nova versão deve custar pouco mais de R$ 2 mil. O preço deve cair quando uma quantidade maior de aparelhos for produzida;, acredita Dal Poso.
"A máquina vai ajudar a amenizar um problema extremamente grave do planeta que é o destino dado ao lixo"
Rogério Oldoni, orientador do projeto
Rogério Oldoni, orientador do projeto