Corpo de supermodelo, óculos de aro grosso, sotaque britânico e... superpoderes. É clichê, parece ridículo, mas não poderia ficar melhor para a protagonista do game homônimo Bayonetta. É claro, existem outras coisas boas no jogo, em especial o ritmo rápido e fluido dos combates, mas o que faz você continuar olhando para a tela é a bruxa de pernas longas e revólver nos pés.
Bayonetta é a última remanescente dos Umbra, seguidores da escuridão, dizimados após um conflito contra os Lumen, defensores da luz. Após um sono de 500 anos, a bruxa desperta sem memória. Enquanto tenta relembrar seu passado, é caçada por criaturas angelicais. Nada que ela não possa enfrentar, claro. Além de perícia com diversos tipos de armas, a bruxa consegue invocar criaturas monstruosas com seu cabelo, que também serve de roupa para a heroína. Ou seja, quanto maior a técnica, menor o traje.
Não tente encontrar sentido no enredo de Bayonetta, porque não existe. A proposta do jogo é dar toques de humor a um enredo aparentemente sério. E nesse contexto a sensualidade da personagem se encaixa como uma luva. A heroína estraçalha anjos, destrói tudo o que se coloca no caminho e sai desfilando como se fosse Gisele Bündchen, enquanto toca uma adaptação pop japonesa de Fly me to the moon, música eternizada pela voz de Frank Sinatra. Tudo é exagerado e, felizmente, a intenção é ser engraçado em vez de tentar mostrar qualquer coerência.
Quando chega a hora de jogar, Bayonetta tem ação desenfreada o tempo todo. Essa é a melhor parte do game, pois a bruxa tem uma lista grande de golpes, quase sempre com animações únicas. A maioria das combinações é feita apenas com dois botões, o que permite a qualquer um fazer sequências enormes de socos e chutes sem muita técnica. Quando a personagem adquire novas armas, como uma espada, as lutas ficam ainda melhores.
A animação também impressiona. É um prazer observá-la debulhar os adversários como se estivesse dançando, com uma excelente fluidez de movimentos. Bayonetta tem também ataques especiais, chamados de Torture Attack, onde invoca todo tipo de forma brutal para destruir o inimigo: de guilhotinas a dragões feitos de cabelo. Para ativá-los, é preciso encher uma barra desferindo golpes.
Quem é mais familiarizado com esse tipo de jogo encontrará muitas influências de outro título famoso, Devil May Cry. As semelhanças não são coincidência, pois o diretor japonês Hideki Kamiya foi o responsável pela criação de ambas as franquias. Só o fato de o game ter uma mulher no comando da ação é positivo. Bayonetta é o bendito fruto de um gênero onde os protagonistas masculinos sempre foram a maioria.
É possível dizer que Bayonetta é um sucessor espiritual de Devil May Cry, com uma jogabilidade melhorada, pois os comandos são fáceis de aprender, mas difíceis de dominar. A chave é fazer os comandos no tempo certo. Ao desviar dos ataques de inimigos na última hora, é ativado o Witch Time. Os movimentos deles ficam em câmera lenta, enquanto a bruxa luta normalmente. Algumas batalhas se passam só nesse modo. Quando o jogo está no fim, esse recurso é essencial para não morrer.
Bayonetta é daqueles games onde as diferenças entre plataformas atrapalham. Os gráficos no Xbox 360 são mais polidos e a ação é fluida. No Playstation 3, o jogo trava um pouco nas cenas de ação, e demora mais para carregar até na hora de acessar os menus. Pelo menos o console da Sony já tem uma atualização que permite ao usuário instalar um arquivo no disco rígido do videogame, para diminuir essa lentidão.
Independentemente da plataforma, Bayonetta é um jogo que, por baixo da cabeleira de sua carismática protagonista, esconde uma mecânica de combate impressionante. Excelente para os ávidos por desafios e engraçado para quem só quer curtir. O único jeito de estragar a diversão de Bayonetta é levá-lo a sério.
Confira a videoanálise do game Bayonetta:
Bayonetta
Produção: Sega
Desenvolvimento: Platinum Games
Disponível para Xbox 360 e Playstation 3 Número de jogadores: 1
Preço: R$ 229,90