Para aprender um novo idioma não é preciso mais passar horas em uma sala de aula e dividir a atenção do professor com outros alunos. A internet trouxe a oportunidade de aprender uma nova língua a qualquer hora, em qualquer lugar e no ritmo certo para cada pessoa. A rede está repleta de sites ; gratuitos ou pagos ; que ensinam ao internauta a gramática, a conversação e os macetes de diversos idiomas. Dois desses cursos pela internet chamam atenção pela quantidade de usuários cadastrados. A EnglishTown, que oferece apenas o inglês, possui mais de 15 milhões de estudantes ; 25 mil deles só no Brasil. O Livemocha proporciona o aprendizado de 22 idiomas, desde o russo até o vietnamita, e tem 3,5 milhões de usuários no mundo.
O estudante Paulo Fernando Bispo precisou aprender inglês o mais rápido possível para preencher uma vaga na construção civil no Canadá em 2007. ;Tinha um mês para estudar a língua e conseguir essa vaga temporária no exterior. Como não tinha tempo para frequentar uma escola regular, busquei ajuda na internet e descobri vários cursos rápidos de idiomas;, diz. O gerente geral da EnglishTown, Pércio De Luca, explica que cada vez mais há alunos que só encontram tempo de estudar na frente do computador. ;O fato de o aluno entrar a qualquer momento na escola é um enorme benefício, principalmente por ele não precisar se deslocar para fazer a aula e por conseguir aproveitar períodos menores do dia, como o horário de almoço, para estudar;, afirma.
Paulo optou pelo site da Livemocha e decidiu pagar cerca de US$ 10 (o equivalente a R$ 17) na época por um curso de inglês rápido para turistas. ;Nem sempre pude ter o auxílio de professores do site, pois como são nativos na língua ficaria um pouco complicada a comunicação. Mas os vídeos e os arquivos de áudios ajudaram muito;, afirma.
O Livemocha também pode ser utilizado de graça, porém, oferece menos recursos multimídia e depende mais da ajuda de usuários da comunidade, o que nem sempre é sinônimo de um aprendizado correto do idioma. ;Em certo momento tive dúvidas se iria aprender mesmo a língua, mas ao chegar lá vi que funcionou. Sabia falar o básico e aprendi mais na convivência com amigos;, diz Paulo.
Em 2008, uma das escolas mais tradicionais de cursos de inglês no Distrito Federal optou por oferecer o aprendizado pela internet. A Casa Thomas Jefferson conta com 500 alunos matriculados e pretende expandir as opções de cursos neste ano. ;Percebemos que o ensino a distância está em franco crescimento e que tínhamos que desenvolver competências nessa área. Além disso, o público que procura um curso online tem um perfil diferente daquele do curso presencial e queríamos atender a eles também;, explica Isabela Villas Boas, coordenadora acadêmica geral da Thomas.
Redes sociais
Assim como o Livemocha e a EnglishTown, o curso da Thomas Jefferson oferece interatividade e recursos multimídia para o aprendizado. ;Utilizamos também os recursos educacionais gratuitos disponíveis na web, como wikis, blogs, nings;, explica Isabela. O curso para iniciante possui tudo que é utilizado em uma sala de aula: imagens, áudios, vídeos, prática de pronúncia, exercícios e avaliações, além de contar com marcação de tempo em cada lição e relatório de desempenho do aluno.
Para que o aluno não caia na tentação de navegar em outros sites enquanto estuda, os cursos criam métodos para estimular o interessado. A EnglishTown oferece acompanhamento personalizado do professor ao longo do curso, relatórios detalhados sobre o que o aluno realizou e aprendeu e, a cada nível completado, é dado um diploma atestado por uma universidade (ver quadro) e reconhecido pelo mundo.
O Livemocha criou um método de competição entre os alunos, e há, ainda, o encorajamento por parte de membros da comunidade. Já na Casa Thomas Jefferson, o foco é a interação. ;Em nossos cursos exclusivamente online, os alunos são inseridos numa turma virtual, na qual eles veem os rostos dos colegas e são estimulados a interagir com eles e com o professor;, explica a coordenadora acadêmica.
No entanto, o aprendizado de outro idioma na internet não depende apenas da quantidade de recursos do site, mas também da disposição e boa vontade do aluno em passar o tempo na frente do computador. De acordo com Pércio De Luca, uma pessoa que fica com preguiça de estudar em casa, com certeza vai ter mais preguiça de ir à escola. ;Claro, há os dois lados, o da conveniência que faz com que você aproveite o tempo melhor, por outro lado tem as pessoas que se acomodam. Depende da disciplina do aluno.;
"O público que procura um curso online tem um perfil diferente daquele do curso presencial e queríamos atender a eles também"
Isabela Villas Boas, coordenadora de cursos
Ouça Pércio De Luca, gerente geral da EnglishTown, que dá dicas para aprender um idioma na internet: