Se você ainda não ouviu falar no nele, aguce os ouvidos (ou abra os olhos): começam a chegar ao Brasil as primeiras unidades do Kindle, aparelho para leitura de livros eletrônicos. Uma versão internacional do produto, que já é vendido nos EUA desde 2007, foi anunciada pela Amazon.com para começara a ser vendida desde ontem. Chega ao país, contudo, custando pelo menos R$ 1 mil, contra os US$ 279 do preço original. A diferença do valor se deve às cobranças das taxas de entrega, cobradas pelo site de comércio eletrônico e ainda os impostos de importação.
Outro ponto que murcha a bola da entrada imediata do Kindle nos hábitos de leitura em larga escala, por aqui: a princípio, só será possível baixar edições em inglês. O modelo de negócios do Kindle é atrelado à loja virtual da Amazon. Você compra o aparelho e também os livros eletrônicos, que saem a partir de US$ 9, a unidade. O dispositivo se conecta à web, via rede sem fio ou rede de telefonia 3G, embora a Amazon.com ainda não tenha divulgado a compatibilidade com as operadoras brasileiras.
Jeff Bezos, o nome por trás da Amazon, não vê muito problema na falta de oferta em idiomas nativos. Assim como no Brasil, pessoas de outros 99 países mundo afora vão começar a receber seus Kindles nesta semana. ;Temos milhões de clientes em países ao redor do mundo que leem livros em inglês;, defende Bezos.
Para quem não integra esse grupo, o Kindle, contudo, também suporta outros formatos, como arquivos de Word e PDF. É essa a brecha para que livros, em língua portuguesa, de outras origens, possam ir parar no dispositivo ; via cabo USB ou conexão wireless. Isso, enquanto as editoras nacionais decidem pela adesão (ou não) ao novo formato.
Indecisão nacional
O Kindle, de acordo com os entusiastas, pode fazer com os livros o que o iPod fez com as músicas. As versões eletrônicas das canções só emplacaram quando surgiu um aparelho fácil de usar que as contivesse. Fãs do LP e do CD resistem bravamente, mas a praticidade do MP3 já fala mais alto e faz tremer as bases da indústria fonográfica.
De maneira parecida, as edições virtuais de obras literárias já existem desde os anos 1990, faltando uma maneira simpática que garantisse uma leitura confortável. As editoras podem aprender com o exemplo do MP3 e pensar em soluções para sair na frente da pirataria, que parece irrefreável quando os seus produtos viram dados de computador, fáceis de manipular, copiar, colar e jogar na rede.
Enquanto as editoras nacionais decidem se vão se render ao novo formato, a sugestão para quem quer ler livros em português no Kindle é fazer a própria pesquisa, por outros meios. Como o aparelho permite a leitura de documentos em .PDF, as bibliotecas virtuais existentes são a solução. Bom exemplo é o acervo do site www.dominiopublico.gov.br, a biblioteca digital do governo federal. É um jeito criativo de achar e-books em língua portuguesa. A oferta fica limitada às obras de domínio público, como os trabalhos completos de Machado de Assis e Fernando Pessoa, ou as traduções de Shakespeare. O aparelho tem tela mono-cromática de 6 polegadas, tem 9,1mm de espessura e pesa pouco mais de 280 gramas. A Kindle Store Internacional oferece acervo de mais de 290 mil títulos.
10 motivos para dar atenção ao Kindle
Conheça os recursos do leitor de livros eletrônicos da Amazon
1 ; Quase cabe no bolso
Com quase um centímetro de largura e pesando menos de 300 gramas, o Kindle tem a finura de um lápis e é mais leve do que um livro em brochura (de capa mole)
2 ; Conectado
Será possível comprar na Kindle Store e fazer o download de
livros em menos de 60 segundos ; sem necessidade de computador: ele se conecta direto à internet. Se o cliente estiver fora da área de cobertura 3G, poderá transferir o conteúdo por meio de USB
3 ; Imitando o papel de verdade
Com seis polegadas (15,24cm) e em tinta eletrônica, a tela do Kindle apresenta as palavras como se fossem impressas em papel, já que o display funciona usando tinta real e não há luz de fundo, o que elimina o esforço visual e também a claridade que fere a vista, como ocorre em outros tipos de tela
4 ; Até 1,5 mil livros
Os 2GB de memória do Kindle armazenam até 1,5 mil livros. A empresa ainda promete o backup automático dos livros
5 ; Duas semanas com uma só carga de bateria
O display de papel eletrônico consome pouca bateria. Assim, com uma carga única, o usuário pode ler por mais de duas semanas (se o wireless for desligado) e por até quatro dias (se o wireless permanecer ligado)
6 ; Leitura em voz alta
Com o recurso experimental Text-To-Speech, o aparelho lê a maioria dos documentos em voz alta. A empresa não comenta a eficácia desse recurso em outros idiomas, além do inglês
7 ; Sincronização automática
A tecnologia Whispersync faz a sincronização automática da última página lida ; ou dos bookmarks, notas e marcadores usados ; com o Kindle, com o Kindle DX e com dispositivos compatíveis com Kindle, como o Kindle para iPhone
8 ; Documentos pessoais transferidos sem fio
O aparelho envia, recebe e lê documentos de texto em diferentes formatos, tais como Word e PDF
9 ; Bookmarks, notas e marcadores
Usando o teclado, é possível acrescentar anotações ao texto, salientar e recortar as principais passagens e páginas de bookmark para consulta futura
10 ; Escolha o tamanho do texto
Oferecendo seis tamanhos de texto, o Kindle permite que o leitor personalize sua preferência
Os concorrentes
LÁ FORA
Estados Unidos e Japão já têm versões de aparelhos leitores de e-books
Pequenino
A versão popular do leitor do Sony Reader Pocket, à venda nos EUA, sai por US$ 199, não tem teclado e o monitor é de 5;.
Em cores
O leitor de e-books da Fujitsu, o Flepia, disponível no Japão por cerca de US$ 1 mil, tem tela colorida e é bem maior que o aparelho da Amazon.
NO BRASIL
Duas empresas já anunciaram a produção de e-readers brazucas, previstos para 2010
Cartões de memória
O BR-100-TX terá a mesma tecnologia de tinta eletrônica do Kindle e será compatível com cartões de memória SD, para aumentar a capacidade de livros armazenados. Deve custar a partir de R$ 400.
Na escola
Conexão sem fio e teclado fazem do Mix Leitor-D um dos modelos mais parecidos com o Kindle. Aplicações educacionais são a promessa. A partir de R$ 650.