Até o fim deste ano, serão vendidos 6,3 milhões de desktops contra 4,7 milhões de notebooks no Brasil, segundo a IT Data. No ano passado, foram comercializados no país 7,6 milhões de computadores de mesa e 4,1 milhões de notebooks. Por causa dessa perda de mercado, em 2010, as prateleiras de artigos eletrônicos vão ter mais dos chamados all-in-one. Também conhecidos como tudo em um, esses computadores são menos espaçosos, porque reúnem a torre e o monitor em uma peça só.
A vantagem é que o equipamento evita aquele monte de fios embaraçados, tem tela sensível ao toque e consumo de energia reduzido. Apesar de não serem tão práticos quanto um notebook, os tudo em um podem ser transportados com mais facilidade do que os desktops convencionais, além de deixarem a mesa de trabalho mais livre.
Pelo tamanho e pela praticidade, os all-in-one instauram uma nova maneira de interação entre o homem e a máquina. ;A tela sensível ao toque amplia a utilização de um computador, que pode ser usado na cozinha, por exemplo, para consultar agenda, pedir comida pela internet, verificar trânsito e previsão do tempo, além de se atualizar com as principais notícias do dia, enquanto a família toma café da manhã;, sugere Rodrigo Gruner, gerente de produto de desktops da Dell.
O Brasil pretende acompanhar a tendência. De acordo com Élcio Hardt, gerente de marketing da Digitron, em breve, a indústria nacional terá mais uma opção de desktops de pequeno porte. ;A Digitron fabrica placas-mãe há 23 anos e, até o primeiro semestre de 2010, pretende fabricar computadores all-in-one no Brasil;, garante.
Sobre a capacidade de processamento, Hardt explica que os novos desktops se assemelham aos netbooks. ;São máquinas simples de serem utilizadas, que têm um hardware parecido com o dos netbooks. Isso quer dizer que são indicados para tarefas simples do dia a dia, como checar e-mail, fazer uma pequena apresentação de slides ou trabalhar numa planilha simples. Além disso, podem ser colocados em qualquer lugar, o que facilita o local de trabalho;, explica.
No entanto, esse tipo de computador tem algumas desvantagens. Dante Avanzi, gerente de desktops de consumo da HP, explica que a capacidade de expandir do tudo em um é menor em relação a um computador convencional. ;Devido à arquitetura compacta do all-in-one, fica mais difícil trocar o HD, o monitor ou a placa de vídeo, por exemplo. Já uma pessoa que busca sempre usar o máximo da máquina pode fazer essas adaptações em um computador convencional com mais facilidade;, explica Avanzi.
Apesar de o all-in-one ser menor do que os computadores de mesa tradicionais, Avanzi não acredita que exista uma tendência à miniaturização dos desktops. ;O mercado é muito amplo. Cada consumidor tem um tipo de necessidade. Então, vai continuar existindo demanda pelas máquinas convencionais. Acontece que os fabricantes perceberam que também existe demanda por computadores menores. Tem gente que prefere um produto mais moderno e compacto, com tela sensível ao toque, mas também existe consumidor que exige mais da capacidade do computador e prefere uma máquina que permita expandir ou trocar peças facilmente;, esclarece.
Outro motivo que leva Avanzi a desacreditar na compactação dos desktops é uma nova utilidade dada aos tudo em um. ;O tamanho da tela não necessariamente será reduzido, até porque esses desktops podem ser utilizados como uma TV. Se a máquina tiver a placa necessária, o usuário pode até gravar programas;, revela.
Sobre o futuro dos desktops, Márcio Werlang, gerente de produto da Leadertech, acredita que o rumo que os PCs estão tomando não tem mais volta. ;A tendência é que os equipamentos consumam menos energia, produzindo menos calor. Não temos alternativa. A tecnologia verde é uma convergência sem volta;, defende.
Embora em alta no mercado, os all-in-one não são exatamente uma novidade. Em 1998, a Apple já havia lançado o primeiro tudo em um da marca no mercado de PCs. ;Foi também o primeiro all-in-one para usuário final a ter porta USB;, relata Fábio Ribeiro, engenheiro de sistemas da Apple.
Ribeiro garante que os all-in-one também servem para atividades mais complexas. ;Dá para editar fotos e vídeos. Já existem desktops compactos com capacidade de memória suficiente para fazer esse tipo de trabalho;, afirma.