Jornal Correio Braziliense

Tecnologia

Veja e ouça sem fazer download

A possibilidade de acessar conteúdo multimídia sem a necessidade de ter que descarregá-los no PC vem fazendo com que o streaming, cada vez mais, tome o lugar do download na rede

Se você acha que baixar vídeos e outros conteúdos multimídia, seja no computador ou no celular, é algo que o credencia como uma pessoa antenada ao que acontece no mundo virtual, é melhor começar a rever essa ideia. De acordo com uma pesquisa divulgada pela Ipoque, fabricante de equipamentos para provedores de serviços de internet que gerenciam o tráfego na rede, cada vez mais as pessoas estão preferindo apertar o botão de play - para assistir um conteúdo sem descarregá-lo na máquina -, em vez de clicar na opção de download. A Ipoque coletou dados anônimos de operadoras em diferentes regiões espalhadas pela Europa, Oriente Médio, África, América do Sul e Austrália, cobrindo cerca de 1,1 milhão de usuários. O estudo constatou que, em determinadas áreas, a quantidade de conteúdo trafegado por meio de redes de compartilhamento, apesar de ainda ser a grande maioria, vem caindo substancialmente. Na Europa Oriental, por exemplo, a quantidade de dados transmitido via P2P (do inglês, ponto a ponto) representou 83,4% do tráfego em 2007. Já no início deste ano, o fluxo havia caído para 69,9%. Na Europa Ocidental, a quantidade de transmissão de dados emitidos por redes como BitTorrent, eDonkey e Kazaa caiu de 63,9% para 54,4%. "O que o P2P está perdendo, os sites de streaming e hospedagem de arquivos estão ganhando", declarou o diretor executivo da empresa, Klaus Mochalsk. Essa tendência vem sendo acentuada, principalmente, com a chegada de uma nova geração que está crescendo em frente ao PC e se habituou a ver vídeos com transmissão em tempo real de sites como YouTube e grandes portais da internet, que oferecem parte da programação da TV para ser acessada a qualquer hora. Outro estudo, realizado pelo Ipsus Media CT, analisou o comportamento de jovens norte-americanos com idades entre 18 e 24 anos entre setembro de 2008 e abril deste ano e descobriu que a demanda por programas televisivos pela internet vem ganhando importância. No início da pesquisa, 26% dos internautas da faixa etária pesquisada assistiram a pelo menos um programa de TV na web nos últimos 30 dias. Seis meses depois, esse percentual já era de 51%. "A revolução do vídeo digital na internet não está centrada apenas em clipes curtos transmitidos pelo YouTube. A rede vem se tornando um importante canal de distribuição, no qual os vídeos com maior duração podem ser acessados imediatamente, sem o pagamento de taxas", explica o diretor senior de pesquisa da Ipsos MediaCT, Brian Pickens. Comodidade e segurança Atendendo (e agradando) a um número cada vez maior de usuário, os serviços de streaming de vídeos oferecem ao usuário a opção de acessar um conteúdo sem ter que recorrer a programas específicos de download, que muitas vezes demoram horas para puxar um arquivo da web. A advogada Roberta Monteiro de Paula, 25 anos, descobriu, há algum tempo, as vantagens da execução de conteúdo online. Quando sobra um tempinho entre o trabalho e os afazeres diários, ela corre para frente do computador para assistir noticiários e até séries norte-americanas - tudo em tempo real. "Quando eu vou assistir algum seriado na TV, já acho estranho ter que esperar os comerciais passarem. Na internet não tem isso", justifica, acrescentando algumas outras preferências na rede. Cômodo e seguro. Uma vez que os arquivos não precisam ser salvos no computador, eles não colocam em risco a segurança digital do usuário com uma infinidade de malwares que rondam a internet. "Hoje em dia, podemos ver um monte de coisas interessantes sem precisar ficar ocupando o disco rígido com arquivos que, muitas vezes, só são acessados uma vez", diz o estudante de direito Pedro Feliciano Rezende, 19 anos. "Gosto de assistir aos gols da rodada (do futebol). É uma ótima ferramenta, porque posso ver em qualquer lugar que tenha internet", festeja o estudante, que calcula gastar mais tempo na frente do computador do que da própria TV. No entanto, os dias do download estão longe de estarem contados. Para o analista da consultoria Gartner Paul O'Donavan, as duas vertentes podem atender a diferentes públicos. "Os dois podem coexistir, dependendo apenas do modelo de negócio adotado por cada tipo de serviço", opina. Entre as aplicações que podem fazer uso do streaming, podemos citar as emissoras de rádio e TV e os estúdios de filmes e games, para divulgação de trailers de seus lançamentos. Para que a tecnologia de reprodução online continue a crescer com força no mercado, porém, é preciso que as conexões na internet continuem evoluindo para acompanhar essa nova demanda, que requer cada vez mais velocidade de banda. "O incremento das taxas de transmissão fará com que o streaming cresça ainda mais", diz O'Donavan. Serviços populares # VÍDEO Stickam www.stickam.com O site, que se autointitula "a maior comunidade ao vivo", conta com milhares de membros e permite assistir e transmitir vídeos ao vivo Metacafe www.metacafe.com Site de compartilhamento de vídeos online, o serviço criado em Tel-Aviv, Israel, é produzido sob o foco da web 2.0 e conta com uma interface intuitiva, que facilita a leitura de informação dos vídeos Justin.tv http://pt-br.justin.tv/ A ideia do site é oferecer uma transmissão de vídeo parecida com a da TV, com uma lista de canais separados em diferentes conteúdos (comédia, tecnologia, esportes, etc.) # ÁUDIO MySpace www.myspace.com Criada em 2003, é a maior rede social dos Estados Unidos e a segunda do mundo, com cerca de 110 milhões de usuários. A crescente popularidade do site e possibilidade de hospedar MP3s fez com que muitas bandas e músicos se registrassem - fazendo, muitas vezes, das páginas de perfil um site oficial MuxTape http://muxtape.com Lembra quando você gravava suas músicas preferidas em fitas cassete? Bem, a proposta do MuxTape é parecida, mas adaptada ao mundo digital. O usuário pode fazer o update das canções preferidas, armazená-las no site e depois enviar o link para que outra pessoa as escute Last.fm www.lastfm.com.br Site com função de rádio online, que reúne uma comunidade virtual em torno da música. Fundado em 2002, no Reino Unido, é atualmente uma das principais plataformas sociais de música na internet, com mais de 20 milhões de usuários ativos em mais de 230 países As vantagens Sob demanda Possibilita acessar conteúdos, quando e onde o usuário quiser %u2014 desde que tenha acesso à internet Tempo O usuário não precisa esperar baixar o conteúdo para poder acessá-lo no computador Interatividade Mensagens customizadas podem ser introduzidas e alteradas durante uma campanha de vídeo Pirataria As possibilidade de reprodução ilegal do conteúdo são menores do que na opção do download Aplicações Transmissão ao vivo de eventos, treinamento corporativo, educação a distância e um vasto leque na área de entretenimento