A crescente preocupação da sociedade em torno de ações que minimizem danos ao meio ambiente atingiu em cheio as empresa de tecnologia da informação (TI). Aos poucos elas começam a aderir ao movimento verde, ao desenvolver produtos e adotar posturas ecologicamente corretas. Essa corrente que ganha cada vez mais força e a adesão de grandes companhias atende pelo nome de Green IT (ou TI verde).
Para incentivar (ou mesmo pressionar) as fabricantes a adotarem polÃticas que levem em consideração as questões ambientais, a organização não governamental Greenpeace lança, três vezes por ano, o Guide to Greener Electronics, no qual reúne as marcas do setor que mais se mostram comprometidas com os conceitos de sustentabilidade. A ideia é que as companhias sigam alguns critérios, como a redução de componentes tóxicos utilizados na fabricação de equipamentos, além de aumentar a eficiência energética dos produtos e se responsabilizar pelos itens depois de usados.
De acordo com a ONG, a empresa finlandesa Nokia encabeça a lista e se destaca por ter um programa que conta com quase 5 mil pontos de recolhimento de celulares usados em 84 paÃses (160 só no Brasil, entre assistências técnicas e lojas de vendas). "De 65% a 80% dos nosso celulares são passÃveis de reciclagem", explica o diretor de serviços da Nokia Brasil, Gustavo Jaramillo, contando que a preocupação com o tema vai além da coleta.
"Temos uma atenção especial com a cadeia como um todo, que começa na cobrança de nossos fornecedores por material que cause o mÃnimo de impacto ao ambiente até a otimização da distribuição de nossos produtos", diz, citando que a fabricante tem reduzido gradativamente o tamanho das caixas, o que aumenta a eficiência no transporte e diminui o uso de papelão. "Acreditamos que esse é um caminho sem volta. O planeta tem recursos limitados e é nosso dever preservá-los, oferecendo produtos com o máximo possÃvel de materiais recicláveis", pontua Jaramillo.
Um dos elementos que vem sendo combatido por governos e organizações pelo forte impacto que causa ao ambiente e à saúde das pessoas é o chumbo, que, devido às suas propriedades mecânicas e elétricas, tem sido utilizado durante décadas por companhias do setor de eletrônicos. Na busca por materiais substitutos, as corporações estão investindo em conhecimento e enfrentando desafios técnicos para trocar o famoso metal. A Intel, por exemplo, anunciou que todas as placas produzidas baseadas no padrão 45 nanômetros seriam 100% livres de chumbo. A Sony também eliminou a presença do metal nas ligas de soldas utilizadas no processo de manufatura e montagem de TVs.
Conscientização
A adoção de polÃticas e estratégias empresariais focadas na conscientização do uso correto dos produtos e serviços também é outro item levado em consideração pelo ranking do Greenpeace. A organização espera, assim, incentivar o lançamento de campanhas educativas que ensinem o consumidor a usar equipamentos de modo mais sustentável. A Lexmark, tradicional fabricante de impressoras, por exemplo, há sete anos promove uma ação junto aos clientes corporativos com a intenção de reduzir o número de impressões num equipamento.
"Em vez de gastar papel imprimindo uma relação de documentos de clientes, a empresa pode, com um scanner, digitalizar todas as informações, sem correr qualquer risco. Com isso, todos saem ganhando", opina o diretor-geral da empresa no Brasil, Carlos Bretos. A marca tem um programa de coleta de cartuchos onde, depois de juntar três tonners e se cadastrar no site da fabricante, um funcionário vai até a casa do cliente para recolher os itens e oferecer um bônus para a compra de um novo produto. "Os fabricantes têm que desenvolver mecanismos para acompanhar o ciclo de vidas de seus produtos e, lá no final, se responsabilizar quando eles forem jogados fora", diz.
De acordo com uma pesquisa encomendada pela Lexmark International e conduzida pela Ipsos com 10 mil pessoas de 21 paÃses, aproximadamente 84% dos consumidores estariam mais dispostos a comprar um produto se o fabricante mostrar mais respeito pelo ambiente. "Hoje, as empresas veem a questão da TI verde como um diferencial, mas amanhã isso será um fator que definirá a própria sobrevivência das companhias no mercado", conclui Bretos.
Ouça Carlos Bretos, da Lexmark Brasil, falando sobre como pequenas ações podem ajudar o meio ambiente