O primeiro passo depois que se decide comprar um computador novo é determinar para o que a máquina servirá. Senão, corre-se o risco de se comprar um canhão para matar uma muriçoca, ou de não conseguir realizar as tarefas pretendidas. Segundo pesquisa feita pela Intel com consumidores de 12 países, os brasileiros são os que menos pesquisam antes de decidir o que levar para casa. Enquanto em países desenvolvidos, como Alemanha e Inglaterra, o índice de consumidores que pesquisam antes de comprar chega a 80% e 73%, respectivamente, apenas 64% dos brasileiros se informam antes de fechar negócio. ;O resultado confirma uma tendência do Brasil, que prefere ouvir conselhos de conhecidos, que se informar com uma fonte impessoal;, acredita Elber Mazaro, da Intel.
Ainda segundo o estudo da companhia, os brasileiros acabam levando, em média, 15 dias para bater o martelo sobre o produto que quer ter em casa. Mas o período para fechar o negócio varia de acordo com o perfil de cada consumidor. Os mais experientes em tecnologia chegam a gastar 21 dias, contra 18 dos que trocaram de PC com a simples justificativa de que precisavam de uma máquina nova.
Características como essas acabam por acentuar a possibilidade de erros na hora de comprar um computador novo. ;No Brasil, o mercado é muito sensível ao preço. Por isso, alguns fabricantes acabam diminuindo algumas configurações. Em vez de vender com 2GB de memória RAM, vende com 1GB. Mas o consumidor tem de aprender que a diferença não é tão grande assim no preço: uns R$ 5 a mais nas parcelas. No entanto, muda bastante na experiência do usuário;, defende Roberto Brandão, da AMD.
Papo de vendedor
E a desinformação, na maioria das vezes, vai estar à espera do consumidor desavisado. Num passeio feito pela reportagem por lojas e hipermercados que vendem computadores, a falta de preparo dos vendedores ficou evidente. Tanto que, em várias oportunidades, o funcionário do comércio evita se aproximar do cliente que para em frente aos produtos de informática. Atitude pouco comum nesse tipo de negócio.
[SAIBAMAIS]Num hipermercado, por exemplo, uma consumidora olhava por um computador específico. Foi orientada a comprar outro, com a mesma configuração, mas que saía mais barato por vir com uma versão de Linux, sistema operacional gratuito. ;A senhora leva assim e depois troca pelo Windows por qualquer R$ 50;, sugeriu o atendente.
Em outra rede, o vendedor até que começou bem, quando outro consumidor buscava um computador mais robusto, para os jogos dos filhos. ;Aqui não temos um computador específico para isso, pode não rodar os mais modernos;, explicou e mostrou sua máquina com melhor configuração (3GB de memória RAM, HD com 250GB de espaço e placa de vídeo dedicada de 256MB). Mas, para influenciar o cliente na hora de tomar a decisão, mudou seu veredicto. ;Aquele que eu mostrei é ótimo para jogo, sim. Pode levar;, afirmou.