O Barcelona de Guayaquil chegou a duas finais da Libertadores nas edições de 1990 e 1998, mas o boom do país começou no início do século 21 com a classificação inédita para a Copa de 2002, realizada no Japão e na Coreia do Sul. Até então, o Equador dividia com a Venezuela a fama de fiel da balança na América do Sul. A autoestima aumentou com a ida ao Mundial de 2006 e a passagem inédita às oitavas de final; e a participação no torneio disputado no Brasil em 2014. Das cinco copas disputadas no século, La Tricolor participou de três.
Paralelamente, os clubes equatorianos ganhavam respeito nas competições continentais. A LDU calou o Maracanã duas vezes nas conquistas da Libertadores 2008 e da Sul-Americana em 2009 — ambas contra o Fluminense. O time também faturou a Recopa em 2009 e em 2010. Em 2016, o Independiente Del Valle disputou o título da Libertadores contra o Atlético Nacional da Colômbia. No ano passado, arrematou a Copa Sul-Americana.
O Equador faz sucesso ainda nas competições de base. É o atual campeão do Sul-Americano Sub-20 disputado em 2019 e terminou o Mundial da categoria, na Polônia, em terceiro lugar. No Sub-17, ficou em quarto lugar no Sul-Americano de 2015. No mesmo ano, alcançou as quartas de final no Mundial.
O Independiente Del Valle era base da seleção equatoriana na conquista do Sul-Americano Sub-20 do ano passado. O elenco tinha cinco jogadores do clube da cidade de Sangolquí, a 18km de Quito: Ramírez, Chávez, Rezabala, Espinoza e Plata.
O clube virou uma usina de talentos para o país. Quase metade do elenco é formado na base. Em 2007, o time foi comprado por um pool de empresas lideradas por Michelle Deller, do ramo de construção civil, e Franklin Tello, gerente-geral da rede de fast food KFC no país, e atual presidente do time equatoriano. O modelo administrativo é baseado em quatro ideias: gestão empresarial, formação de atletas, infraestrutura e gestão de talentos. O sucesso tem impacto nas seleções de base e profissional do país.
Há uma intersecção entre o sucesso dos clubes e seleções do Equador e o Flamengo: a aposta em técnicos estrangeiros. O colombiano Francisco Maturana foi o primeiro a levar o país à Copa. Reinaldo Rueda trabalhou lá. Filho da lenda Johan Cruyff, Jordi assumiu o emprego neste ano. O argentino Edgardo Bauza brindou a LDU com o título da Libertadores. O uruguaio Jorge Fossati foi o mentor da conquista da Sul-Americana. A prancheta do Independiente Del Valle pertence ao espanhol Miguel Ángel Ramírez, cujo trabalho recebeu elogios do português Jorge Jesus após o empate por 2 x 2 na ida: “Impressionante”, resumiu o técnico do Fla.
Como se não bastasse o contexto recente do futebol equatoriano, o Flamengo tem desfalques e dúvidas para a final de hoje. Se Jorge Jesus não estiver blefando como em outras ocasiões, Bruno Henrique está fora da partida. Ele se recupera de contusão após choque com o goleiro Pinos no confronto de ida, em Quito.
Há um certo suspense quanto a Rafinha e Arrascaeta devido a lesões menos graves do que a de Bruno Henrique. Rodrigo Caio está vetado. A defesa será formada pelos recém-contratados Gustavo Henrique e Léo Pereira.
A chance de conquistar o terceiro título em 11 dias depende de vitória no lotado Maracanã. Por sinal, pode ser o primeiro título internacional do clube no estádio. Quem vencer leva a taça. Não há gol qualificado fora de casa. Logo, empate leva a decisão para a prorrogação. Em último caso, o troféu será decidido por cobranças de pênaltis.