Jornal Correio Braziliense

Superesportes

Competição ao estilo rural

Brasilienses Theresa Amorim e Marcos Santarosa buscam o título nacional em disputa que se baseia em movimentos do campo





O Pelé do hipismo brasileiro é Rodrigo Pessoa. Campeão olímpico em Atenas-2004 e tricampeão mundial, o cavaleiro deu maior visibilidade para a categoria que conta com diversas modalidades. Com a participação de 20 conjuntos, a primeira edição do Campeonato Brasiliense de Equitação de Trabalho ocorreu em setembro. Os dois melhores colocados estão qualificados para o Nacional, neste domingo, em Itapira, São Paulo. Theresa Amorim, campeã, e Marcos Santarosa, vice, representam a capital do país na disputa.

A equitação de trabalho começou a se desenvolver na década de 1990, mas somente neste ano saiu do estado de São Paulo. É um esporte que une diferentes raças de cavalos, objetivando o bem-estar do animal. Equilíbrio, sintonia e disciplina ditam o ritmo das provas. Os obstáculos são do cotidiano do trabalhador do campo.

A prova é dividida em três fases. Primeiro, o ensino, composto por movimentos harmônicos para mostrar que cavalo e cavaleiro estão em sintonia. Em seguida, a maneabilidade, em que o conjunto deve superar obstáculos que imitam dificuldades da vida rural. Para fechar, a prova de velocidade, com exercícios cronometrados.

;A modalidade simula o trabalho realizado no campo, utilizando bases da equitação clássica, tornando os movimentos do cavalo mais elaborados. A pontuação é atribuída pela classificação em cada fase. Ao final, somam-se os pontos e se tem o vencedor;, explicou Theresa Amorim, 46 anos, campeã brasiliense.

Visando ao torneio nacional, Theresa e Marcos levaram próprios cavalos para São Paulo e estão na expectativa pela maior competição do Brasil. ;Levei minhas duas montarias um mês antes para ambientação e treinamentos. Estou há 10 dias aqui para treinar. A rotina de um atleta desta categoria é se manter em boas condições físicas gerais por meio de exercícios aeróbicos e anaeróbicos, montando pelo menos três vezes por semana, cada um dos animais;, contou o cavaleiro.

A amazona de 46 anos fez como Marcos e encaminhou os cavalos antes de ela mesma ir para a capital paulista. ;Em razão do longo tempo de deslocamento deles, esse período é importante para garantir o conforto e o bem-estar dos animais. Os cavalos são treinados diariamente, com um dia de descanso por semana;, comentou Theresa.

Amor sobre sela

A procuradora federal e a melhor amazona de Brasília na categoria explica a admiração pelo esporte. ;Sempre fui apaixonada por cavalos. Comecei a equitação aos 14 anos. Pratiquei salto, adestramento, marcha e três tambores. Sempre me mantive nesse meio. O primeiro contato com a modalidade ocorreu no início deste ano, quando participei do Curso Completo de Equitação de Trabalho para iniciantes, realizado no Rancho Canabrava, em Sobradinho;, explicou Theresa.

Não foi só a amazona que se apegou cedo à montaria. Marcos começou na infância, mas parou por um bom tempo. ;Parei de montar durante meus estudos, mas retomei o hábito por volta dos 30 anos. Pratiquei cavalgadas e enduro. Com essas práticas, veio a vontade de obter mais conhecimentos de equitação. Fiz cursos e passei a adquirir cavalos de raça;, contou. ;Filiei-me à associação nacional como criador, registrando o Haras Herança. Em 2015, passei a entender a equitação de trabalho e percebi que poderia treinar e também apresentar meus cavalos;.

* Estagiário sob a supervisão de Fernando Brito