Jornal Correio Braziliense

Superesportes

Campo dos sonhos

Sucesso do Flamengo de Jorge Jesus tira do baú esquadrões históricos. Em dia de clássico entre os times de maior torcida do país, comparamos o líder com o Corinthians da virada do século. Quem venceria o duelo?



A beleza do futebol do Flamengo tem mexido no baú de memórias do futebol brasileiro e deixado admiradores do passado e do presente no mínimo pensativos. Líder da Série A e finalista da Libertadores contra o River Plate no próximo dia 23, em Santiago, no Chile, a trupe comandada pelo português Jorge Jesus necessita de títulos para provar quenão é mais um time modinha. A caminhada rumo ao título nacional passa pelo sucesso diante do Corinthians, hoje, às 16h, no Maracanã. Na virada do século, o clube paulista teve um Timão campeão de (quase) tudo de 1998 a 2000 sob o comando de Vanderlei Luxemburgo e depois, Oswaldo de Oliveira.

Tricampeão brasileiro pelo Corinthians em 1990, 1998 e 1999; do Paulistão em 1999; do Mundial de Clubes da Fifa (2000) e da Supercopa do Brasil (1991), o ex-atacante Dinei alfinetou o Flamengo durante a semana. ;Nós tivemos uma seleção. O Luizão, o Edílson e o Vampeta foram campeões do mundo; o Marcelinho Carioca, o maior jogador do Corinthians; o Sylvinho esteve na Seleção Brasileira; tinha o Rincón, o Gamarra, o Dida. Eu era bom jogador. O nosso time era melhor, pois tinha muitos jogadores de Seleção;, cravou em entrevista ao UOL.

Há certo equilíbrio entre os dois times. No gol, por exemplo, vantagem para Dida no duelo na comparação com Diego Alves. Em comum, o fato de ambos serem pegadores de pênalti respeitados internacionalmente. Pesa a favor de Dida a presença em três edições da Copa do Mundo em 1998, 2002 e 2006, na última delas como titular. Além disso, ganhou duas edições da Liga dos Campeões da Europa como titular do Milan em 2003 e em 2007.

Nas laterais, um nome desafina no duelo dos sonhos. Índio, que passou pelo Gama no fim da carreira, era um ala esforçado. Bem diferente de Kléber e Sylvinho, que se revezavam na banda esquerda do Corinthians; e de Rafinha e Filipe Luís, titulares do Flamengo de Jorge Jesus.

A dupla de zaga do Corinthians contava com uma grife chamada Gamarra. Beque clássico, o paraguaio disputou a Copa de 1998 sem receber cartão amarelo. Rodrigo Caio é jovem. Ouro nos Jogos olímpicos do Rio-2016, ficou fora da lista final de Tite para a Copa de 2018. Parceiro de Gamarra naquele Timão da virada do século, Fábio Luciano tem mais currículo e bagagem do que Pablo Marí.

Do meio de campo para a frente, o jogo fica desequilibrado. Em forma, Vampeta e Rincón superam Willian Arão e Gérson. Marcelinho Carioca ; um dos maiores batedores de falta do futebol brasileiro ; e Ricardinho, respeitado devido à leitura tática impressionante dentro e fora de campo, superam Everton Ribeiro e Arrascaeta. No ataque, Bruno Henrique e Gabriel Barbosa são tão entrosados e goleadores quanto Edílson e Luízão, reservas de Ronaldinho Gaúcho, Rivaldo e Ronaldo na conquista do penta em 2002.

Corintiano fanático, Dinei aprecia o bom futebol. ;Estou torcendo para o Flamengo, para o Jorge Jesus ser campeão, porque ele está mostrando a mentalidade como era o futebol brasileiro, para frente. O Flamengo está jogando igual tanto dentro de casa como fora de casa. A gente, que gosta do bom futebol, tem que agradecer a esse cara. Ele está aqui há uns meses e está conseguindo mudar a mentalidade, todo mundo está gostando dele. Com ele, não tem essa coisa de descanso, é trabalhar, treinar e jogar;, elogia o talismã da Fiel.

Vida real

Do campos dos sonhos para a vida como ela é hoje. O clássico entre os times mais populares do país tem mais de 60 mil ingressos vendidos. Com a volta de Diego Alves, a principal dúvida é quanto ao substituto de Gabigol, artilheiro isolado do Brasileirão com 20 gols. O brasiliense Reinier e Vitinho disputam a posição. O goleiro se recupera de contusão. Se não jogar, a vaga será de Gabriel. O Corinthias não contará com Danilo Avelar, suspenso, e Vágner Love, lesionado.


;A gente tem que agradecer a esse cara (Jorge Jesus). Está mudando a mentalidade. Não tem descanso. É trabalhar, treinar e jogar;
Dinei, ídolo do Corinthians, em entrevista ao UOL


Ficha

17h

Maracanã (Rio de Janeiro)
Brasileirão 30; rodada
Transmissão Globo

Flamengo
Diego Alves; Rafinha, Rodrigo Caio, Pablo Marí e Filipe Luís; William Arão; Éverton Ribeiro, Gérson e De Arrascaeta; Reinier e Bruno Henrique. Técnico: Jorge Jesus

Corinthians
Cássio; Fágner, Manoel, Gil e Carlos Augusto; Ralf; Pedrinho, Ramiro, Júnior Urso e Mateus Vital; Boselli
Técnico: Fábio Carille

Árbitro: Jean Pierre Gonçalves Lima (RS)