Quando parecia não ter mais jeito de Clara atuar no torneio, a ajuda apareceu de forma surpreendente. Patrícia de Souza é advogada há 20 anos em Santa Catarina. Diretora da seleção de advogadas do estado, ela usa o time para participar de torneios e lutar pelos direitos das mulheres dentro e fora dos gramados.
;Quando vimos o vídeo da Clarinha, fomos correndo para tentar entender a situação. Não poderia ficar assim;, explicou a advogada, que está em Brasília, participando do Campeonato Brasileiro de futebol da categoria.
Após conversar com Renata Ribeiro, a jurista tentou um diálogo com os gerentes da Super Esporte 10. Foram três tentativas de Patrícia para acertar a participação da garota. No entanto, os representantes da empresa não abriram mão e mantiveram a decisão. ;Tivemos de entrar com a ação contra eles. O presidente foi muito machista e preconceituoso. Juntamos casos para exemplificar que a Clara tinha o direito de entrar em quadra;, argumentou Patrícia.
Com manifestação favorável do Ministério Público, uma juíza do estado deu ganho de causa para Clarinha. Com a decisão, os organizadores do campeonato tiveram de liberar a inscrição da goleira, sob pena de multa de R$ 20 mil em caso de descumprimento.
Com a repercussão do caso, Clara foi convidada pelos dirigentes da Ibercup, um dos mais prestigiados torneios internacionais infantis de futebol. Realizado em São Paulo, na mesma época do restritivo torneio em Santa Catarina, Clarinha partiu com tudo pago para jogar nas categorias sub-12 e sub-10. ;Eu fiquei muito feliz por participar do campeonato em São Paulo. Só não gostei de perder;, brincou a garota, que defendeu dois times: misto Adac e o feminino EuroSports. (JR)
*Estagiário sob a supervisão de Fernando Brito
R$ 20 mil
Valor da multa à empresa, caso mantivesse o veto à inscrição da goleira