Jornal Correio Braziliense

Superesportes

Entrevista Victória Albuquerque

Convocada para a vaga aberta devido à lesão da Rainha, brasiliense comenta a expectativa de estrear na Seleção





;Não dá para substituir Marta;


Um dia de estreias na Seleção Brasileira feminina de futebol. Enquanto a técnica Pia Sundhage comanda a equipe pela primeira vez, hoje, às 21h30, contra a Argentina, no Pacaembu, em partida válida pelo Torneio Internacional Uber, a meia-atacante corintiana Victória Albuquerque, 21 anos, também vive a expectativa de estrear com a camisa amarelinha do time principal. A brasiliense foi convocada de última hora para substituir a rainha Marta, seis vezes eleita melhor jogadora do mundo, que sofreu uma lesão na coxa.
Em 2018, Victória era a dona da camisa 10 da Seleção sub-20, foi campeã sul-americana e disputou a Copa do Mundo da categoria. Revelada pelo Minas/Icesp, venceu a segunda divisão nacional com o clube do DF. Na atual temporada, transferiu-se para o Corinthians e, em cinco meses, conquistou a titularidade. Com 14 gols em 27 jogos, é a vice-artilheira do time paulista, atrás apenas da parceira de Seleção Milene, com 23 tentos. Além disso, Victória é a líder em assistências do alvinegro na elite do Campeonato Brasileiro.


Como você recebeu a notícia da convocação para a Seleção Brasileira?
Foi bem impactante, antes do treino no CT do Corinthians. A comissão inteira sabia. O técnico Arthur Elias me chamou no canto e me deu a notícia. Fiquei muito feliz. Eu estava preparada, mas não esperava.

Você entra na vaga da Marta. A cobrança é maior por substituí-la?
Não dá para substituir Marta. Gostaria muito que ela estivesse aqui. Atuar na Seleção é uma responsabilidade muito grande, mas não há cobrança maior ou menor por ser convocada no lugar da Rainha. Todas são exigidas da mesma forma e eu espero suprir a vaga da melhor forma possível.

A técnica sueca Pia Sundhage foi bicampeã olímpica à frente dos Estados Unidos (2008 e 2012), além de vice-campeã mundial em 2011 e eleita a melhor treinadora do mundo em 2012. Como tem sido o trabalho com ela?
Ela me desejou bom trabalho, disse que foi um prazer me conhecer e pediu para eu relaxar, porque confessei que estava muito nervosa. Trabalhar com a Pia será, com certeza, uma experiência muito gostosa. Ela tem um olhar diferente, sabe o caminho da vitória e das conquistas. Espero entrar nesse caminho e que ela possa sempre contar comigo.

Pia disse que deseja aliar juventude e experiência nas Olimpíadas de Tóquio. Você acha o processo de renovação começou?
A convocação da Yayá (meia são-paulina, de 17 anos) mostra a importância de renovação com atletas mais jovens. Essas jogadoras são o futuro e espero que esse processo seja contínuo para que as novas gerações possam ganhar o espaço que merecem.

No ano passado, você integrava o grupo sub-20. Como será esse processo de mudança de categoria?
Será uma troca de experiências muito boa. Aprender com as atletas mais experientes é importante para mim também como pessoa. Conhecia algumas jogadoras e outras não, mas estou muito honrada de dividir o campo e o dia a dia com elas. Acho que esse processo será tranquilo. Eu fui muito bem-recebida e espero permanecer.

No elenco convocado, há parceiras do Corinthians ; Tamires, Erika e Millene. Isso contribui na adaptação e no entrosamento?
Ajuda muito. A Milene joga ao meu lado no ataque. As outras meninas, na defesa. Isso facilita o meu trabalho dentro de campo.

Como explicar um início de trajetória tão positivo no Corinthians?
A minha fase está sendo muito boa e vitoriosa. Fui ganhando espaço aos poucos, apresentando resultados bem grandiosos e importantes para mim. Eu quero que esse desempenho continue melhorando. Eu não esperava que fosse impactante assim, com o número de assistências e gols, mas pretendia ajudar o Corinthians da forma que fosse. Se está sendo assim, eu espero continuar contribuindo.

Em 2019, o cenário pós-Copa do Mundo foi positivo para o futebol feminino. Como você analisa essas mudanças para o futuro?
Passamos a receber uma atenção mais grandiosa após a Copa do Mundo. Espero que continue, com campeonatos de base e o investimento dos clubes. Tenho certeza de que o futebol feminino do Brasil será um dos mais valiosos e a nossa liga será uma das mais fortes do mundo.

*Estagiária sob a supervisão de Fernando Brito



;Trabalhar com a Pia será uma experiência muito gostosa. Ela tem um olhar diferente, sabe o caminho da vitória e das conquistas. Espero que ela possa sempre contar comigo;