Lima ; É comum que atletas trilhem carreira de jornalista após a aposentadoria do esporte. Mas Carla Azevedo fez o caminho oposto. De uma entrevista como estudante de jornalismo ainda no primeiro semestre, surgiu o convite para experimentar o tênis de mesa. Nunca mais largou a raquete e a bolinha, apesar de ter cogitado abandoná-los há nove meses. A volta na decisão foi em função da conquista da vaga para disputar os Jogos Parapan-Americanos em Lima, após mais de uma década. No intervalo, porém, ela cobriu a última edição do evento, em Toronto-2015, como repórter.
;Jornalista está torcendo, fica feliz pelos competidores, mas ganhar como atleta é legal demais. Assim como perder como competidor é muito pior também, porque sabemos o quanto nos dedicamos;, compara.
Aos 38 anos, Carla é uma das veteranas do Brasil na competição. A brasiliense jogou o primeiro Parapan-Americano da carreira no Rio-2007, quando levou a medalha de prata por equipe. Nas duas edições seguintes, de Guadalajara-2011 e Tóquio-2015, não se classificou. Então, foi como jornalista para cobrir o último evento, no Canadá. Na capital peruana, ela volta à arena do tênis de mesa como esportista. ;Agora, estou me sentindo;, brinca.
Ontem, Carla venceu de virada a argentina Verônica Blanco por 3 sets a 2. O resultado classificou a brasiliense para as quartas de final, que serão disputadas hoje, às 14h, contra a mexicana Maria Sigala, da classe 3, uma acima da brasileira, que pertence à classe 2 (com menos mobilidade). As duas classes foram unidas no Parapan de Lima por falta de competidores, algo comum no esporte paralímpico. O semblante de Carla após a classificação era completamente diferente ao do dia anterior, quando enxugava discretamente as lágrimas durante a entrevista após a derrota para a norte-americana Pamela Fontaine, por 3 sets a 1.
;Cheguei arrasada daquele jogo. Saí triste mesmo, dormi mal e fiquei pensando que eu estava em desvantagem para enfrentar a argentina;, conta. Depois da estreia, Carla deixou a arena às 21h e dormiu à meia-noite. Às 5h, acordou para se aquecer e, às 9h, iniciou o duelo emocionante. ;Estou bem feliz, ainda tenho esperança de ir para Tóquio, curtindo tudo que posso do Parapan;, comemora. O torneio em Lima vale como classificatório para as Paralimpíadas, que serão sediadas pelo Japão no ano que vem.
* A repórter viajou a convite do Comitê Paralímpico Brasileiro
;Cheguei arrasada daquele jogo. Saí triste mesmo, dormi mal e fiquei pensando que eu estava em desvantagem para enfrentar a argentina. Agora, estou me sentindo;
Carla Azevedo, mesatenista paralímpica