São Paulo ; Aos 72 anos, Elias Ricardo Figueroa Brander tirou onda antes da entrevista. Ídolo do Internacional nos anos 1970, o ex-zagueiro recorreu a um trecho da música Garota de Ipanema, de Tom Jobim, para dizer por onde anda. ;Em Viña del Mar, a caminho do mar;, brincou, feliz da vida com a era dourada da seleção do Chile nos últimos cinco anos. Os atuais bicampeões da Copa América seguem na caça ao tri. A um jogo da terceira decisão consecutiva, La Roja enfrenta o Peru, amanhã, às 21h30, na Arena Grêmio, em Porto Alegre.
Na história da Copa América, somente a Argentina conquistou o torneio em três edições consecutivas. O Chile tenta igualar a sequência de 1945, 1946 e 1947. Elias Figueroa se rende ao desempenho da geração de Alexis Sánchez, Arturo Vidal e companhia, mas baixa a bola. No bate-papo com o Correio, Figueroa elege outra geração como a maior de todos os tempos. ;Insistem em esquecer, mas o melhor Chile de todos os tempos não ganhou título. É aquela que ficou em terceiro na Copa do Mundo (1962). Isso não diminuiu o que os meninos estão fazendo, é grandioso, mas aquele Chile ficou em terceiro lugar numa Copa;, frisa.
Em 1962, o Chile chegou às semifinais do Mundial, em casa, contra o Brasil, no Estádio Nacional, em Santiago. Foi eliminado pela trupe de Mané Garrincha por 4 x 2 e conquistou o terceiro lugar ao derrotar a extinta Iugoslávia por 1 x 0.
Apesar de colocar a atual geração do Chile no devido lugar na história do futebol do país, Elias Figueroa torce pelo tricampeonato da seleção. ;É um excelente time, bons jogadores. Eles se conhecem bem, jogam juntos faz tempo. O que mais impressiona é a capacidade de técnicos diferentes (Jorge Sampaoli, Juan Antonio Pizzi e Reinaldo Rueda) conseguirem juntar jogadores que atuam no exterior, em times variados, numa seleção competitiva. Sai um, entra outro, e não se vê muita diferença. Isso é resultado de uma geração acima da média;, elogia.
A era vitoriosa do Chile começou na Copa América de 2015. O país conquistou o título nos pênaltis contra a Argentina. Um ano depois, faturou o bi na edição centenária da competição. Em 2017, alcançou a finalíssima da Copa das Confederações na Rússia após desbancar Portugal, de Cristiano Ronaldo, e vendeu caro a derrota por 1 x 0 para a Alemanha.
Embora tenha ficado fora da última Copa, o Chile desembarcou forte no Brasil para a defesa do título da Copa América. É favorito contra o Peru. ;Espero que o espetáculo continue. Temos jogadores experientes. Falam muito de Sánchez e de Vidal, mas Medel é um senhor jogador. Aránguiz, que vocês no Brasil conhecem tão bem. Torço por uma final entre Brasil e Chile no Maracanã. Seria magnífico para vocês, para nós, para a Copa América;, opina.
Pentacampeão gaúcho com a camisa do Internacional, de 1971 a 1976, e bicampeão brasileiro em 1975 e 1976 pelo Colorado, Figueroa também colecionou títulos no Peñarol, no Palestino e no Colo-Colo. No entanto, ele admite que faltou um. ;Joguei por tanto tempo e não consegui ganhar a Copa América. Estreei com 20 anos, em 1967, quando o torneio ainda se chamava Campeonato Sul-Americano. Joguei contra Argentina e Uruguai naquela competição, e o Peñarol gostou de mim, contratou. É uma pena não ter conquistado a Copa América;, lamenta.
O ex-jogador amargou o vice-campeonato em 1979 ao perder o título para o Paraguai numa final disputada em três jogos. Os guaranis venceram a primeira em casa por 3 x 0, em Assunção; os chilenos deram o troco, em Santiago; e o Paraguai faturou a taça no placar agregado depois do empate por 0 x 0 no terceiro round, em Buenos Aires.